A testosterona é segura?
Cuidado com a segurança da reposição de testosterona! E mais: beta-bloqueador na DA crônica; investigação de arritmias com a RMC
É uma cilada, Bino!
Ensaio Clínico Randomizado
Reposição de testosterona é segura? Calma, que você pode cair em uma cilada!
Na última semana, foi publicado um estudo no NEJM que certamente vai mexer com as redes sociais!
Infelizmente, não é pelo fato de ser disruptivo, mas sim pelo potencial de uso indevido de seus resultados pela “turma da performance”.
Um ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, de não inferioridade, avaliou a segurança cardiovascular da terapia de reposição de testosterona em homens de meia-idade e idosos com hipogonadismo.
Preste bem atenção no grupo de inclusão: 5246 homens de 45 a 80 anos de idade que tinham:
doença cardiovascular pré-existente ou alto risco;
sintomas de hipogonadismo com níveis de testosterona em jejum de menos de 300 ng/dL.
Foram randomizados para receber gel de testosterona transdérmico diário a 1,62% (dose ajustada para manter os níveis de testosterona entre 350 e 750 ng/dL) ou gel placebo.
O desfecho clínico avaliado foi composto por morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio não fatal ou AVC não fatal.
Ao final, a terapia de reposição de testosterona foi não inferior ao placebo em relação à incidência de eventos cardíacos adversos em homens com hipogonadismo e doença cardiovascular pré-existente ou alto risco.
Ou seja, em um grupo de alto risco cardiovascular mas com indicação de reposição de testosterona essa medicação foi segura.
Agora, é nossa missão contribuir para que esse conhecimento seja aplicado de forma correta, respeitando a população e cenário clínico estudados, sem extrapolação que possa conferir riscos aos pacientes!
Só tem tu, vai tu mesmo
Coorte
Valorize o que você tem.
Não, esse não é o momento auto-ajuda do DozeNews rsrs.
Essa parece ter sido a motivação de estudo canadense publicado esta semana no JACC: na ausência de grandes novidades para tratamento de DAC, vamos estudar se o que temos pode ajudar!
Será que o bom e velho beta-bloqueador pode reduzir desfecho composto de morte, IAM e hospitalização por IC em pacientes diagnosticados com DAC?
O estudo:
Foram 28.039 pacientes, acompanhados de 2009 a 2019, com DAC obstrutiva sem história de insuficiência cardíaca ou IAM prévio.
Houve redução do desfecho composto por morte, IAM e hospitalização por IC (HR: 0,92; 95% IC: 0,86-0,98; P = 0,006) com o uso de beta-bloqueadores.
No entanto, essa redução foi à custa de redução dos eventos isquêmicos (HR: 0,87; 95% IC: 0,77-0,99; P = 0,031), sem significância nos demais desfechos.
Veja a imagem que resume o artigo:
É, amigos… Um resultado discreto, porém significativo para a contribuição do querido beta-bloqueador na redução de IAM do seu paciente com DAC, mesmo na ausência de disfunção ventricular e eventos prévios. Já pense em colocar em seu arsenal!
Um “Watson” na investigação das taquicardias
Coorte
Quem já leu ou assistiu alguma das aventuras do detetive Sherlock Holmes sabe da importância do Dr. John Watson no auxílio dentro das investigações.
E se, na cardiologia, nós tivéssemos um “Watson” que nos ajudasse na investigação do paciente com taquicardia ventricular (TV)?
Um estudo publicado no JACC: Cardiovascular Imagem avaliou a utilidade da ressonância magnética cardíaca (RMC) no estudo de pacientes com TV.
Acompanharam 642 pacientes com taquiarritmias (345 com histórico de TV não-sustentada (TVNS) e 247 de TV submetidos a RMC e posteriormente seguidos por 4,4 anos.
Avaliaram desfecho composto por morte, ocorrência de TV ou fibrilação ventricular ou hospitalização por IC.
Pacientes com histórico de TV tiveram mais alterações estruturais que aqueles com TVNS (41% vs 27%; p < 0,001); e aqueles com anormalidades na RMC tiveram maior ocorrência do desfecho primário em ambos os grupos.
Assim, a realização de uma RMC em pacientes com histórico de arritmias complexas pode auxiliar no diagnóstico de alterações cardíacas e na predição de risco.
Adoçante: mocinho ou vilão?
Caiu na Mídia
Em maio, a OMS publicou uma nova diretriz na qual contraindicou o uso de adoçantes não-açúcares com o objetivo de perda de gordura (não se aplica a pacientes diabéticos).
Esse recomendação logo virou notícia na mídia, e, essa semana, o JAMA publicou um interessante editorial sobre o tema.
O argumento utilizado é de que adoçantes como aspartame, sucralose, sacarina e estévia estão associados a aumento do risco de DM2 e mortalidade.
A evidência vem de estudos de coorte que sugerem que o uso a longo prazo (em torno de 10 anos) desses adoçantes esteve associado ao aumento do risco de obesidade, DM2, doenças cardiovasculares e morte por qualquer causa.
Apenas a sacarina apresentou certa associação com o risco de câncer de bexiga em pequenos estudos.
Assim, se a sugestão é evitar açúcar e também os adoçantes não-açúcares, a OMS orienta a redução do consumo de alimentos doces de forma geral, com início, preferencialmente, na infância e adolescência.
Ou seja, melhor começar a tomar o cafézinho puro rs.
Imagem da Semana
Ressonância magnética cardíaca de paciente com Amiloidose Cardíaca. Observe achados característicos que sugerem essa etiologia: hipertrofia biventricular e do septo interatrial, distúrbio do relaxamento ventricular.
👀 Dica Dozer:
Na DozeNews Prime da semana passada discutimos o diagnóstico diferencial da hipertrofia ventricular. Inscreva-se agora, e receba semanalmente um resumo de um tema da cardiologia e tenha acesso a todos já publicados!
Fique por dentro
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