Hoje, discutiremos um tema muito importante e que pode fazer toda a diferença no seu plantão: a maneira de encarar a bradicardia.
“Ah, mas e a atropina 1 mg que o ACLS me ensinou?”. Está certíssima e vai te salvar em várias situações.
Mas, acredite: para um plantão de cardio você terá que saber muito além disso.
A ideia aqui é ser capaz de identificar com mais precisão a localização e as causas da bradicardia e, consequentemente, realizar um tratamento mais adequado e efetivo.
Vamos lá?
Bradicardia na emergência
“Vai lá estudar bradicardia na emergência, vai ser tranquilo!”
No primeiro minuto você descobrirá que isso está longe de ser verdade. A literatura recente sobre o assunto não é robusta (até o UpToDate deixa a desejar 🥺) e a última diretriz sobre o tema é de 2018, do ACC.
Essa foi a principal referência para esse texto, junto com um compilado teórico, prático e de outras pequenas evidências.
Então, para sistematizar e facilitar o atendimento das bradiarritmias, vamos colocar em mente 3 pilares que sustentarão nossas tomadas de decisões:
Avaliação de estabilidade e sintomas;
Localização da arritmia;
Identificação da causa.
Lembrando que, para definirmos bradicardia, a frequência cardíaca (FC) tem de ser < 50 bpm.
Primeiro pilar: estabilidade e sintomas
Bom, quais sintomas posso ter com a queda da FC?
Sintomas
Para garantir que a bradicardia é sintomática, temos que confirmar que a FC é baixa (< 50 bpm) e que os sintomas são secundários a ela.
Exemplos de sintomas: dispneia, tontura, fraqueza, lipotimia, síncope, sonolência.
E qual a importância disso? Se o paciente for assintomático, não é uma emergência. Não precisa de nenhuma conduta de imediato.
Ahhh, mas e se for um BAVT? Mesmo se for um BAVT. Esse será um paciente que ficará internado, porém sem necessidade de terapia de emergência. Falaremos mais sobre isso lá na frente.
Estável ou Instável?
Se seguirmos o mnemônico dos 5Ds de instabilidade que comumente vemos por aí (diminuição da pressão, diminuição do nível de consciência, dor torácica, dispneia, desmaio), podemos estar sujeito ao erro.
E por quê? Porque a separação aqui entre sintomas e o que realmente está causando INSTABILIDADE é crucial para nossa tomada de decisão.
Instabilidade hemodinâmica é uma condição grave que pode evoluir iminentemente para parada cardiorrespiratória. Portanto, não é qualquer queda de PA, qualquer dispneia ou qualquer síncope que são sinônimos de instabilidade.
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