Controle precoce de ritmo de FA • Colocar sal na comida • Cuidados paliativos na IC
Aquela pitada a mais de sal provou que faz mal
Quando fazer controle precoce de ritmo de FA?
Artigo Original
Discutir Fibrilação Atrial (FA) na cardiologia é tipo discutir política em época de eleição: a gente não aguenta mais falar disso, mas quando menos esperamos lá estamos nós discutindo esse tema de novo.
(Desculpa pessoal da arritmia).
E a bola da vez é: benefício no controle precoce de ritmo. Um estudo publicado no JACC essa semana comparou a reversão a ritmo sinusal precoce em 3 grupos de pacientes:
Primeiro diagnóstico de FA (até 7 dias do diagnóstico);
FA paroxística;
FA persistente (< 12 meses).
Os pacientes foram seguidos por aproximadamente 5 anos, e foram avaliados desfechos de morte cardiovascular, hospitalização, insuficiência cardíaca e AVC.
No fim, o controle precoce do ritmo conseguiu reduzir desfecho primário nos 3 grupos avaliados.
O pulo do gato é: com as terapias atuais, cada vez temos mais evidências do benefício da reversão do ritmo nos pacientes com FA, diferente daquilo que sabemos pelos estudos mais antigos.
(Atenção, Luisa Mell, nenhum gato foi utilizado para a realização desse estudo).
Colocar um salzinho a mais no prato realmente faz mal?
Coorte
Imagine uma coorte britânica de 501.379 pacientes, seguidos por 9 anos, analisando a seguinte pergunta: o hábito de adicionar sal na comida está associado à morte prematura?
Parece óbvio, mas até então não tínhamos evidência do quão mal esse costume poderia ser para a saúde.
A pesquisa foi metodologicamente bem simples, com um questionário a ser respondido sobre o hábito de adicionar sal à comida (não incluindo o sal durante o preparo).
A “prova” de que o hábito esteve relacionado ao verdadeiro aumento de sal diário foi através da correlação linear com análise do sódio urinário.
E deu aquilo que temíamos: o hazard ratio de mortalidade prematura com a adição do sal variou de 1.02 para 2.28 (IC 95%, 1.66-2.90), a depender da frequência em que o hábito era realizado.
Então sim, aquele tio, que sempre diz que a comida está sem sal e se permite abrir outro saquinho, apresenta maior risco de morte antes dos 50 anos.
Atenção para possíveis fatores confundidores como outros hábitos não saudáveis associados às pessoas que tem esse costume de salgar o almoço ou jantar.
O próprio estudo identificou relação inversa entre colocar o sal e o consumo de frutas e vegetais.
Quando indicar cuidados paliativos para um paciente com IC avançada?
Artigo Original
Um estudo foi publicado recentemente no JACC para auxiliar em tal processo decisório.
Médicos de 5 continentes com experiência em cardiologia e cuidados paliativos classificaram 34 critérios baseados em doenças, 24 baseados em necessidades e 9 critérios baseados em tempo.
O consenso foi definido a priori como concordância ≥70%. Um critério foi codificado como maior se os especialistas endossassem que ele era adequado para justificar um encaminhamento aos cuidados paliativos.
Os membros do painel chegaram a um consenso sobre 25 critérios principais categorizados em 6 tópicos, conforme exposto na figura abaixo.
Então já podemos aplicar tais conceitos na prática clínica?
Ainda precisamos de validação adicional! Trata-se de um primeiro passo para a padronização do acesso aos cuidados paliativos nos ambientes de internação e/ou ambulatório.
Sou eu, Bola de Fogo. O calor está de matar.
Caiu na Mídia
Ouvimos dizer que no hemisfério norte as pessoas estão recitando todos os dias esses atemporais versos do funk Atoladinha.
Todos os dias estão sendo notificados no jornais novos recordes de temperatura nas principais cidades europeias e dos EUA.
A gente só ouve falar dos problemas cardíacos associados ao frio, mas alguns estudos já associaram aumento das temperaturas com eventos cardiovasculares, principalmente em países do Oriente Médio.
As principais consequências cardíacas ao calor incluem risco de arritmias e isquemia miocárdica pelo aumento da demanda de débito cardíaco para resfriar a temperatura corporal; além da resposta inflamatória sistêmica ao calor.
Imagem da Semana
Paciente do sexo masculino, 32 anos de idade, com miocardiopatia hipertrófica obstrutiva. Se já te mostramos nessa coluna os maiores átrios, segue um grande septo de 43mm com gradiente de 131 mmHg no repouso.
Fique por dentro
🫃 Preditores relacionados a progressão da FA paroxística para FA permanente foram identificados nesse estudo publicado no BMJ: remodelamento atrial, IM, circunferência abdominal, entre outros.
⛓ Mais uma semana e mais uma nova revisão falando sobre stents. Dessa vez state-of-the-art do JACC sobre reestenose intra-stent.
🦠 Ainda tentando desvendar os mistérios do COVID-19: estudo publicado no JACC avaliou a relação entre viscosidade sanguínea e mortalidade pelo vírus maldito.
📺 Aos amantes da Ressonância Magnética Cardíaca, cresce a utilidade do método no estudo das valvopatias: estudo traz a avaliação de desfechos nos pacientes com insuficiência aórtica e remodelamento do VE.
⛓ Estudo publicado no JACC avalia os fatores de risco preditores de complicações periprocedimento na angioplastia de artérias com oclusão crônica.
🧂 Orientações quando a restrição excessiva de sal estiveram associadas a piores desfechos nos pacientes com IC FEP.