Dieta Mediterrânea • RM e pressões de enchimento • DAPA e queda de PA
A dieta favorita se firma no topo
Dieta mediterrânea: esquecida pela mídia, mas ainda a queridinha dos cardiologistas
Ensaio Clínico Randomizado
Segunda-feira, dia oficial de correr atrás do balde! Já vamos começar falando de dieta.
A famosa dieta mediterrânea (rica em vegetais, legumes, frutas, cereais, azeite e peixe - e que permite aquela 1 taça de vinho por dia) ganhou força nos últimos anos, principalmente em indivíduos de alto risco cardiovascular.
Até o momento, porém, não existia um ensaio clínico randomizado, de alto rigor metodológico e de longa duração.
O The Lancet publicou, essa semana, o estudo espanhol CORDIOPREV, que acompanhou mil pacientes com doença coronariana estabelecida durante 7 anos, randomizados para receber a dieta mediterrânea ou uma dieta com baixo percentual de gordura.
Vitória para o vinho (digo, para a dieta mediterrânea!). Após 7 anos, houve redução do risco em 27% de desenvolver eventos cardiovasculares (IAM, revascularização, AVC, doença arterial periférica e morte cardiovascular) com essa dieta.
As principais vantagens do estudo foram observadas pelo rigor metodológico:
Randomizado;
Apesar de estarmos falando de dieta como intervenção, tanto os médicos que avaliaram desfechos quanto os analistas eram cegos quanto ao tipo de alimentação do paciente;
Tempo longo de acompanhamento.
Limitações:
Ainda não podemos extrapolar para prevenção primária;
Adesão à dieta mediterrânea foi alta (já estão acostumados a essa dieta na Espanha - será que na realidade brasileira seria possível?).
Ressonância Magnética de olho em novos horizontes?
Artigo científico
Tan! Tan, Tan, Tan!Tan, Tan, Tan! Tan, Tan, TAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAN! Solta a música de Rocky Balboa aí porque hoje tem briga.
A Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) está querendo entrar em espaço sagrado do ecocardiograma - a medição de pressões?
Estudo publicado no EHJ avaliou 835 pacientes em investigação de insuficiência cardíaca. Todos foram submetidos a: Cateterismo cardíaco direito, RMC e ecocardiograma transtorácico, sendo o primeiro o método de referência. O seguimento foi de 4 anos e o desfecho primário mortalidade por todas as causas.
Os resultados foram bem interessantes:
A RMC foi superior ao ECO em classificar os pacientes quanto à identificação do paciente com pressões diastólicas aumentadas ou normais (76% vs. 25%).
71% dos pacientes que não tiveram alterações no ECO, foram reclassificados após realização de RMC.
A RMC esteve associada com maior mortalidade, quando alterada.
Calma, senhores. Ainda não é hora de abandonar o nosso amigo ECO, companheiro de guerra há muito tempo, e muito mais disponível. Parece haver um espaço para a RMC no esclarecimentos dos casos de suspeita de IC FEP que o ECO não consegue fechar e que teriam que ir para teste de esforço ou estudo invasivo.
Efeitos da Dapagliflozina independem da pressão arterial
É do Brasil!
Em ano de Copa, cada gol deve ser comemorado.
Essa semana tivemos na CIRCULATION uma subanálise do estudo DECLARE-TIMI 58, que contou com a co-autoria de pesquisadores brasileiros e o grupo TIMI (sim, do Braunwald).
Nele, a perspectiva foi avaliar a eficácia e segurança da Dapaglifozina, estratificada pela pressão arterial basal dos pacientes portadores de diabetes tipo 2.
Bom, a partir do registro de 17 mil pacientes do estudo DECLARE, foram divididos de acordo com a pressão arterial sistólica (< 120, 120-129, 130-139, 140-159 e ≥ 160 mmHg).
Houve uma queda média de 2,4 mmHg após 4 anos, acompanhado de redução em desfechos primários de maneira similar entre os grupos, sem aumento significativo de eventos adversos.
Com isso, podemos implicar que os inibidores de SGLT-2 podem transcender seus benefícios de maneira independente da pressão arterial, trazendo benefícios desde os normotensos até hipertensos graves.
Assim, não devemos restringir a prescrição deste fármaco, quando bem indicada!
A Epidemia dos Opioides
Caiu na TV
Você já deve ter ouvido falar da série multipremiada Euphoria (HBO). Ou até da polêmica Dopesick (Star+).
O que essas séries têm em comum? Abordam o uso abusivo de opioides - epidemia que mata, todos os anos, cerca de 100.000 pessoas nos Estados Unidos.
E onde que a Cardiologia entra nessa história? Estudo publicado no Circulation, demonstrou que 16% dos pacientes submetidos a implante de dispositivos eletrônicos (marca-passos, CDIs) necessitavam da prescrição de opioides. Desses, ⅓ recebiam doses consideradas de risco para evolução com uso abusivo dessas medicações.
A lição que fica é: mão na consciência antes de prescrever opioides de forma indiscriminada.
E fica a dica de boas séries (DozeNews também é cultura).
Imagem da semana
Uma ‘linda’ (linda para quem né? 👀) ponte miocárdica na artéria descendente anterior de um paciente de 15 anos com miocardiopatia hipertrófica e angina típica.
Fique por dentro
💗 Síndrome do Coração Feliz? Pois é! Parece que não é só de eventos tristes que fazem o Takotsubo famoso! Ou Síndrome do Coração Partido, para os românticos. Estudo de prevalência recém publicado avaliou a característica dos indivíduos que tiveram Takotsubo após um evento positivo. Ou seja, segure a emoção quando chega a DozeNews!
🤖 Inteligência Artificial para otimizar diagnóstico de síndrome coronariana aguda? Startup brasileira (NEOMED) garante tempo médio de 2 minutos e 51 segundos para análise de eletrocardiogramas - com checagem de cardiologista. Se liga no primeiro autor do artigo: o diretor médico da startup é também cofundador da DOZE!
🗣 Discussão no Cardiovascular Research sobre o SMART-MI, artigo que testou o uso dos dispositivos de monitorização implantáveis pós IAM para identificar os pacientes que poderiam se beneficiar de CDI.
⚡️ Já pensou em realizar ablação de TV no momento do implante do CDI? Esse ECR de 180 pacientes demonstrou redução do desfecho composto (principalmente de terapias do CDI) nos pacientes que realizaram a ablação.
🧠 Sempre bate aquela dúvida sobre o que fazer quanto às lesões carotídeas pós AVCi? Pois então, além da Doze por Oito ter um podcast abordando o tema, recentemente foi publicado o CAPIAS trial que avaliou pacientes vítimas de AVC e com lesões carotídeas importantes ipsilaterais. Tratá-las precocemente está relacionado a menos eventos neurológicos futuros!
🫀 Na edição da semana da Circulation saiu editorial comparando as diretrizes recentes de IC da ESC e AHA, com suas principais diferenças. Confere lá!
💉 Vacinas salvam vidas! Se liga no estudo que avaliou o benefício da vacina para COVID-19 nos transplantados cardíacos.