Outra diretriz nova?
Diretriz AHA
Provas de residência, fellow, TEC, fim de ano chegando com tudo. De brinde, as sociedades de Cardiologia decidiram lançar uma diretriz nova por semana.
Se na semana passada falamos da diretriz de doença de Chagas da SBC, essa semana a AHA lançou uma
levediretriz de doenças da aorta.
Querem nos enlouquecer??
Enquanto nossa sanidade mental ainda existe, marcamos os pontos diferenciais dessa nova diretriz:
Reduziram o ponto de corte de abordagem do aneurisma de aorta torácica, sem história familiar ou outros fatores de risco, de 5,5 cm para 5 cm (em centros com cirurgiões experientes e em pacientes selecionados).
Investigação familiar: guiam quando realizar testes genéticos nos aneurismas de aorta e orientam realização de ecocardiograma em todos os familiares de 1º grau nos casos de valva aórtica bicúspide.
Como ficou o screening do Aneurisma de aorta abdominal com ultrassonografia:
Homens ≥ 65 anos com história de tabagismo;
Considerar também em mulheres ≥ 65 anos com história de tabagismo;
Homens e mulheres ≥ 65 anos com história familiar.
Discutem a importância da abordagem endovascular nas síndromes aórticas agudas Stanford B.
Suspender iECA / BRA com a progressão da doença renal? Não mais.
Ensaio Clínico Randomizado
O medo de usar iECA e BRA na lesão renal está cada vez menor.
Era bem comum a ideia de que suspender iECA e BRA em pacientes com ClCr < 30 retardaria a progressão da lesão renal.
Até que, nessa semana, o NEJM lança o STOP-ACEi trial, revelando que não é bem assim.
O estudo, multicêntrico, realizado no Reino Unido, randomizou mais de 400 pacientes com DRC avançada (TFG < 30) entre suspender iECA / BRA ou manter as medicações.
O desfecho primário foi a Taxa de Filtração Glomerular dos dois grupos ao final de 3 anos.
Ao fim do seguimento, a TFG média foi de 12,6 no grupo que interrompeu as medicações e 13,3 no grupo que manteve, sem diferença estatística entre os grupos.
Um dos desfechos secundários analisados foi a evolução para DRC terminal ou necessidade de diálise, que, inclusive, foram mais prevalentes no grupo que descontinuou a droga (62% vs 56% em quem manteve), porém sem significância estatística.
Conclusão: interromper as medicações não esteve associado com melhora na TFG.
Ou seja, nossos pacientes com IC agradecem 🤩
Desbravando os mistérios do fenótipo de ICFEP relacionado à obesidade
Artigo Original
Obesidade e ICFEP. Duas patologias cada vez mais frequentes, muito associadas, e com sintomas semelhantes.
Então fica a dúvida: quem é quem?
Em estudo publicado no The Lancet, pesquisadores chineses buscaram compreender melhor o fenótipo de ICFEP relacionada à obesidade comparando:
Pacientes com ICFEP - com obesidade vs peso adequado;
Pacientes com obesidade sem ICFEP;
Grupo controle (sem obesidade ou ICFEP).
Quais foram os principais achados?
1. Pacientes com ICFEP + obesidade eram mais jovens e apresentavam maior inflamação, menos fibrilação atrial, mais remodelamento grave do VE e disfunção cardíaca.
2. Os principais parâmetros para identificar a ICFEP nessa população foram os de deformidade miocárdica (global longitudinal strain - GLS e eGLSR) obtidos com a ressonância magnética cardíaca.
Ainda é um estudo de análise preliminar, com 280 participantes.
Mas, já ficam evidentes alguns achados que podem indicar maior gravidade nos pacientes com essa associação.
Além disso, demonstra a importância do uso racional das ferramentas diagnósticas para identificarmos adequadamente os pacientes com o fenótipo de ICFEP relacionada à obesidade.
O Venvanse chegou na Faria Lima
Caiu na Mídia
O jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre o uso de medicações para déficit de atenção com o objetivo de melhorar o desempenho no trabalho.
Dentre elas, o dimesilato de lisdexanfetamina, o famoso Venvanse.
Convenhamos que não é lá grande novidade. Todos conhecemos alguém que já tenha relatado o uso dessa substância.
Mas sabemos quais os seus riscos para a saúde cardiovascular?
Uma interessante revisão publicada no JACC em 2020 investigou seus efeitos no coração. Observaram que o estímulo exagerado ao sistema adrenérgico traz riscos de toxicidade cardíaca, incluindo:
Aumento da FC e da PA no repouso;
Potencial arritmogênico;
Risco de eventos agudos como síndrome de Takotsubo e IAM.
Cardiopatia associada ao uso de anfetaminas.
Cientes do popular uso abusivo dessas substâncias estimulantes, lembre-se de questionar sobre o seu uso no ambiente de emergência e orientar os pacientes ambulatoriais sobre os riscos dessas medicações.
Imagem da Semana
Aproveitando o tema das doenças de aorta, vejam essa Dissecção de Aorta Stanford A com acometimento toracoabdominal. E o pior: acometimento da porção proximal do Troco da Coronária Esquerda (seta vermelha).
Fique por dentro
🫀 Estudo publicado no JACC projetou os principais fatores de risco e protetores para a ocorrência de PCR após IAMcSST.
💨 Será que todos os moradores de São Paulo têm risco maior de infarto? Esse grande estudo publicado no JACC associou a exposição a poluentes no ar e a ocorrência de espasmo coronário e MINOCA.
🧈 Inclisiran se demonstrou eficaz não só para rezudir LDLc, como também impacto positivo nos MACE.
🩸 Sem diferença nos riscos e benefícios dos DOACs em relação a varfarina de acordo com IMC.
🔪 Finalmente vamos superar a safena? Essa revisão traz o benefício e formas para a realização de cirurgia de revascularização miocárdica sem uso do enxerto de veia safena.
🧈 Uso da atorvastatina e o alcance de metas de LDL ajudou a melhorar o FFR coronário e reduzir o volume da placa aterosclerótica.
🩸 ENNOBLE-ATE Trial demonstrou segurança e eficácia no uso da apixabana em crianças para a prevenção de tromboembolismo venoso.
📺 Qual o benefício do uso da Angiotomografia na avaliação de atletas de alta performance? Bela revisão publicada no EHJ Cardiovascular Imaging.