Diretriz nova de DAC: quais as polêmicas da vez?
E mais: terapia gênica para HAS e novo tratamento da hipertensão pulmonar por TEP crônico
Ela chegou: a nova diretriz de DAC!
Guideline ACC/AHA
O assunto da semana (só não mais que a Barbie rs) foi a publicação da nova diretriz americana de doença arterial coronária crônica (DAC).
E, como sempre, aquele ânimo inicial (quais as novas orientações e polêmicas??) é rapidamente substituído pela velha sensação de preguiça ao se deparar com aquelas 123 páginas!
Para sua sorte, a DozeNews existe para te guiar nas principais novidades quanto ao diagnóstico e tratamento da DAC na nova diretriz rs.
Diagnóstico:
A diretriz destaca bastante a importância da otimização terapêutica, antes mesmo de pensar em testes diagnósticos.
Caso haja mudança nos sintomas ou na capacidade funcional, que persistem mesmo com a terapia otimizada, a realização de exames funcionais com imagem ou a angiotomografia de coronárias são classe I como guias para decisão terapêutica.
A estratificação de risco com a cineangiocoronariografia é classe III exceto se:
disfunção sistólica do VE;
insuficiência cardíaca;
dor torácica refratária à terapia otimizada;
teste não invasivo que sugira uma lesão > 50% no TCE.
Tratamento:
Destaque para medidas não farmacológicas como alimentação saudável e exercício físico;
O uso de beta-bloqueadores por longa data não é obrigatório, exceto se IAM recente, FEVE < 50% e/ou outra indicação para o seu uso. Como anti-anginosos tanto os beta-bloqueadores como os BCC entram como primeira linha.
Inibidores da SGLT2 (as gliflozina, sempre elas rs) ganharam seu espaço também na DAC:
Classe I - pacientes diabéticos e/ou com FEVE ≤ 40%;
Classe II - em pacientes com FEVE > 40%.
Possibilidade de encurtar o tempo de DAPT em situações específicas.
E-cigarettes não são boa alternativa para cessação do tabagismo.
Um novo mundo no tratamento da hipertensão pulmonar
Consenso ESC
Poucos tratamentos passaram por um salto tão grande nas recomendações quanto a angioplastia pulmonar com balão para pacientes com hipertensão pulmonar com TEP crônico (HPTEC).
Sim, lembra quando falávamos de angioplastias coronarianas com balão? 🎈
O tratamento do TEP crônico pode ser realizado dessa forma. E a sua recomendação subiu de IIb para I no último consenso publicado pela sociedade europeia.
Principal indicação: pacientes com HPTEC com classe funcional NYHA ≥ 2. A angioplastia trata vasos mais distais que a tromboendarterectomia, sendo opção terapêutica para alguns pacientes com contraindicação a cirurgia.
Registros e estudos observacionais demonstram importante melhora da resistência vascular pulmonar, pressão arterial pulmonar e dos sintomas com essa terapia. Ainda faltam dados para saber se há benefício de mortalidade.
Fica a dica de leitura desse documento, para compreensão dos pacientes candidatos à angioplastia com balão e qual o manejo de possíveis complicações relacionadas ao procedimento.
Terapia gênica como nova opção para controle da hipertensão arterial
Estudo clínico de fase 1 (NEJM)
O Zilebesiran é um agente de terapia de interferência em RNA que inibe a síntese de angiotensinogênio (proteína hepática que participa do famoso sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA)).
Com publicação no NEJM, a medicação teve bons resultados em estudo de fase 1 (aquele que testa a segurança da droga).
O estudo randomizou cerca de 100 pacientes com hipertensão arterial, para receberem doses subcutâneas crescentes da medicação (de 10 a 800mg) ou placebo, em um período de 24 semanas.
O resultado foi a comprovação de queda dos níveis séricos de angiotensinogênio, com queda de > 10 mmHg da PAS e > 5 mmHg da PAD na dose de 200mg.
Também foi identificado uma relação dose-dependente na queda da PA.
🚨 Foi observada uma incidência de aproximadamente 5% de infecções no local de punção, porém sem identificação de hipotensão, hipercalemia ou piora de função renal.
Resumo da ópera: podemos ter, futuramente, mais uma opção terapêutica para controle do principal fator de risco cardiovascular.
Mas, pés no chão! O estudo é ainda de fase 1 e com amostra pequena, portanto a real eficácia e incidência de efeitos adversos ainda precisa ser estudada em grandes ensaios clínicos.
Amor que não se med
Caiu na Mídia
"Por que você decidiu fazer medicina?".
Tenho certeza que você, médico, já escutou essa pergunta um milhão de vezes.
Um pesquisa do MedScape procurou responder essa pergunta: os médicos escolhem a sua especialidade por amor ou por dinheiro?
Observou-se que múltiplos fatores influenciam na escolha da medicina como formação, e, posteriormente, na decisão da especialidade, que incluem desde o interesse pessoal e o estímulo intelectual pelo tema, até a expectativa de estabilidade financeira e oportunidades futuras.
Por fim, a forma que melhor encontraram para definir a escolha da especialidade foi: optar por uma área que consiga ver-se trabalhando satisfeito em 40 anos.
Imagem da Semana
Ressonância magnética cardíaca de paciente com Anomalia de Ebstein. Observe o acolamento da cúspide septal da tricúspide em posição apical.
Fique por dentro
🧲 A ressonância magnética cardíaca mostrou-se um bom preditor de desfechos em pacientes com MINOCA, quando realizada precocemente.
🧏🏼♀️ Metanálise publicada no JAMA demonstrou melhora da qualidade de vida em pacientes submetidos a angioplastia de oclusões crônicas.
🚭 Vapes em pauta: AHA Statement sobre as consequências cardiopulmonares dos E-cigarettes.
🧲 Novidades no tratamento da amiloidose: o mapa T1 nativo avaliado por meio da ressonância magnética cardíaca pode ser utilizado para acompanhar resposta ao tratamento em pacientes com amiloidose AL.
🤨 Surpreendendo um total de 0 pessoas: pacientes randomizados para revascularização completa no estudo ISCHEMIA apresentaram melhores desfechos em status de saúde, ou seja, melhora da angina, qualidade de vida e funcionalidade.
🧪 Rule-out ultra rápido de SCA com copeptina extrahospitalar e troponina US intra-hospitalar apresentado no EHJ.