Dissecção de aorta em tempos frios • Adesão medicamentosa no ISCHEMIA • Controle de ritmo na FA (de novo) • Retirada percutânea de tumor cardíaco
Esfriou e dissecou
Queda de temperatura associada à incidência de dissecção
Artigo Original
Cobertas e Netflix não são suficientes para combater os males trazidos com o frio 🥶 .
Diante da importância da identificação de fatores de risco de doenças graves para a saúde pública, uma grande coorte chinesa publicada no The Lancet incluiu 40.270 casos de dissecção de aorta e buscou avaliar a relação entre a incidência da doença e alterações da temperatura.
E o resultado demonstrou uma associação robusta: um risco maior de dissecção de aorta de 1,027 para cada 1ºC de queda na temperatura.
Ao todo, 23,13% de todos os casos de dissecção de aorta estudados na China puderam ser atribuídas às baixas temperaturas.
O estudo ainda sugere que a associação não esteve presente em regiões com políticas relacionadas a uso de aquecedores. Os motivos fisiopatológicos para os achados ainda não estão claros.
Vale lembrar que, há algumas semanas, colocamos aqui um estudo que demonstrou piores desfechos da dissecção quando atendida nos finais de semana. Estes últimos dias foram de risco para paulistas rs.
Adesão medicamentosa no estudo ISCHEMIA
Artigo original
Se já é difícil garantir adesão medicamentosa nos ensaios clínicos, imagine na "real life"!
Nossos curiosos amigos do estudo ISCHEMIA tentaram compreender melhor a associação da não adesão com os resultados do estado de saúde.
Os pesquisadores compararam os resultados do estado geral de saúde dos participantes com doença coronária crônica (DCC) aderentes vs não aderentes à terapia medicamentosa baseada nos guidelines.
A hipótese era simples: pacientes não aderentes teriam melhores resultados se randomizados para tratamento invasivo.
E o que encontraram? Entre 4.480 participantes randomizados, 1.245 (27,8%) não eram aderentes no início do estudo - imagine o seu paciente do ambulatório lotado!
Em análises ajustadas, a não adesão foi igualmente associada a piores resultados tanto no tratamento conservador como invasivo em 12 meses!
É, Dozers... Precisamos urgentemente de estratégias para melhorar a adesão medicamentosa se desejamos otimizar nossos resultados na DCC, independente da estratégia de tratamento!
Taí uma missão que pode unir de vez hemodinamicistas, cirurgiões e clínicos!
Fibrilação Atrial (FA) de novo
Artigo original
Sim, vamos falar de FA de novo. E se reclamar falamos mais rs.
Não é culpa nossa que o estudo EAST-AFNET4 está rendendo mais subestudos que o Mr Catra rendeu de filhos.
Relembrando: esse trial, publicado em 2020 no NEJM, demonstrou redução de desfechos com a estratégia de controle precoce de ritmo em pacientes com FA recente.
E o subestudo da vez? Publicado no Circulation, avaliou se esse benefício pode ser demonstrado em pacientes com poucas ou muitas comorbidades, de acordo com o escore CHA2DS2-VASc.
Foram 1093 pacientes com CHA2DS2-VASc ≥ 4 e 1696 pacientes com CHA2DS2-VASc < 4. Observaram benefício na estratégia de controle de ritmo apenas naqueles com escore elevado.
Ou seja, parece que nos pacientes com muitas comorbidades, a estratégia de controle de ritmo precoce na FA deve ser considerada seriamente.
Já naqueles com menos riscos, não está tão claro o benefício.
Se você ainda aguentar falar sobre FA e quiser saber mais sobre o tema (tem doido pra tudo né?) , recomendados o episódio #37 do DozeCast.
A cardiologia se supera a cada dia
Caiu na Mídia
Um grupo de cardiologistas da Universidade de Washington retirou um tumor cardíaco benigno na hemodinâmica.
Sim, utilizaram um cateter com uma ponta como se fosse um saquinho e conseguiram pescar o tumor e retirá-lo em cerca de 30 minutos. Segue a imagem da equipe com o tal cateter:
Ou seja, os hemodinamicistas fecham FOP, já corrigem valvopatias e agora retiram tumores!!
É, vamos ter que aturá-los.
Que belo avanço para a cardiologia e uma ótima expectativa para o tratamento dos tumores cardíacos benignos, em um futuro próximo.
E fica o agradecimento aos colegas do @mandaprocate que nos mandaram a notícia!
Imagem da Semana
Já que estamos falando de dissecção de aorta, segue essa linda janela ecocardiográfica demonstrando IAo provavelmente importante, em VE não dilatado (provável IAo aguda), perda da junção sinotubular e linha de dissecção (confirmada em angioTC), com derrames pleural e pericárdico.
Fique por dentro
🤕 Não só de mortalidade cardiovascular deve se preocupar um cardiologista. A AHA publicou um statement sobre a relevância dos sintomas na doença cardiovascular: do diagnóstico à qualidade de vida.
⛓ Acesso transradial na ICP reduziu custos em registro nacional do Japão.
🦠 Coorte publicada no JAMA identifica principais fatores de risco associados ao tromboembolismo venoso em pacientes com COVID-19.
🩸 Deficiência de ferro também associada a piores desfechos na IC em subanálise do DAPA-HF. Efeito da dapagliflozina se manteve.
⚡️ Oclusão do apêndice atrial ou anticoagulação na FA? É isso que essa revisão do Annals of Internal Medicine procurou definir.
💷 Estudo publicado no JACC avaliou a associação entre as condições socioeconômicas e a hipertensão arterial em países em desenvolvimento.