É hora de evoluir?
Imagem intravascular, influência dos níveis de bicarbonato no ADVOR e atualização de hipercolesterolemia familiar da ESC
Todo Pokemon evolui?
Ensaio Clínico Randomizado
Com o avanço da ciência e a publicação de novos artigos, é necessário que sempre reavaliemos nossas condutas para que possamos evoluir segundo as melhores evidências.
Isso se aplica até aos hemodinamicistas! rsrs
Apresentado no congresso da ACC, o estudo RENOVATE-COMPLEX-PCI acabou de ser publicado no NEJM.
Ele reforça a importância do uso da imagem intracoronária (IVUS ou OCT) na angioplastia de lesões complexas.
O estudo:
Foram 1639 pacientes randomizados para angioplastia (ATC) guiada pela imagem vs guiada por angiografia no tratamento de lesões complexas.
Follow-up médio: 2,1 anos
Critérios de bom resultado da angioplastia:
Área luminal mínima:
Tronco de coronária esquerda (TCE) proximal: > 8 mm²
TCE distal: > 7 mm²
Vasos não-TCE: OCT > 4,5 m². IVUS > 5,5 mm²;
Expansão do stent: >80%
Lesão residual <10% do diâmetro de referência (angiograficamente).
Ao final o seguimento, o desfecho composto por morte de causa cardíaca, infarto do vaso tratado ou revascularização ocorreu em menor número no grupo da imagem (HR: 0,64; 95% IC: 0,45-0,89; p=0,008).
Lembre-se: não é a realização da imagem intracoronária que muda desfechos! Mas sim a otimização de resultados através de seu uso.
Mas, fica a lição aos hemodinamicistas da importância da adesão à imagem intracoronária no tratamento das lesões complexas, objetivando melhores resultados clínicos!
Acetazolamida na IC descompensada: os níveis de bicarbonato influenciam?
Ensaio Clínico Randomizado
⏳ Primeiro, vamos voltar um pouco no tempo.
Mais especificamente a Agosto de 2022, com o lançamento do estudo ADVOR no congresso da ESC daquele ano:
O ADVOR trial demonstrou benefício da adição de acetazolamida EV à furosemida no tratamento de pacientes com IC descompensada.
Onde está o detalhe dessa história?
A acetazolamida inibe a anidrase carbônica no túbulo proximal do néfron. Em resumo, o mecanismo diurético dessa droga ocorre por meio da excreção de Na e HCO3.
Assim, a dúvida que surgiu foi: será que os níveis séricos de HCO3 influenciam na resposta à acetazolamida?
Dessa forma, foi feita uma subanálise dos pacientes incluídos no ADVOR Trial que avaliou a resposta em diversas faixas de concentração de HCO3.
Para isso, foi feita a dosagem do HCO3 dos pacientes no momento do início do tratamento.
Observaram que, apesar da adição da acetazolamida ter sido benéfica em todos as faixas de HCO3, aqueles com bicarbonato mais elevado (≥ 27 mmol/L) apresentaram maior benefício.
Os valores elevados de HCO3 ocorreram em pacientes mais congestos e com pior resposta ao diurético, ou seja, com maior ativação neuro-hormonal.
Assim, a adição da acetazolamida nesse contexto, além do seu estímulo diurético, auxiliou a inibir a reabsorção excessiva de sódio do paciente com IC, consequente à ativação neuro-hormonal exacerbada.
Imersão presencial em cardiologia
Anúncio
Nos dias 18 e 19 de maio (sexta e sábado), no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, acontecerá o curso de cardiologia mais tradicional do país, em sua 81ª edição.
Serão dois dias focados em discussões de temas práticos, em formatos de mesa redonda, com os maiores especialistas do país - confira a programação aqui.
A Doze por Oito apoia o curso, com inclusive episódios do DozeCast com participantes para que vocês possam conhecer um pouco sobre alguns convidados.
Além disso, conseguimos um cupom de 15% de desconto: 12POR8. Basta aplicar o código no carrinho. Não perca tempo para se inscrever, pois as vagas são limitadas pela capacidade do anfiteatro.
Esperamos vocês lá! 🤓
Atualização sobre Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica (HoFH)
Na última semana fomos presenteados com uma importante atualização da European Atherosclerosis Society (EAS), publicado no EHJ, sobre hipercolesterolemia familiar homozigótica (HoFH).
Nosso time da Doze resumiu pra você o paper em 5 pontos principais:
Magnitude do problema: cerca de 30 mil pessoas em todo o mundo têm HoFH, mas < 5% são identificados.
Critérios atualizados para o diagnóstico de HoFH:
Clínicos:
Critérios de LDL-C: LDL-C não tratado > 400 mg/dL é sugestivo de HFHo, exigindo investigação adicional para confirmar o diagnóstico.
Critérios adicionais: xantomas cutâneos ou tendinosos antes dos 10 anos de idade e/ou níveis elevados de LDL-C não tratados consistentes com HF heterozigótica em ambos os pais.
Genéticos:
Confirmação genética de variantes bialélicas patogênicas/provavelmente patogênicas em diferentes cromossomos nos genes LDLR, APOB, PCSK9 ou LDLRAP1 ou ≥ 2 dessas variantes em diferentes loci.
Indicações de triagem de HoFH: sempre diante da suspeita clínica e/ou de doença cardiovascular aterosclerótica prematura. Os autores da atualização advogam, ainda, a triagem lipídica neonatal quando se sabe que ambos os pais têm hipercolesterolemia (com ou sem diagnóstico confirmado de HoFH).
Exames de imagem na HoFH: a aterosclerose subclínica pode estar presente nos territórios vasculares coronários, femorais e carotídeos. Portanto, quando disponíveis e acessíveis, sugere-se a investigação com exames de imagem.
Manejo clínico dos casos de HoFH:
Iniciar mudanças no estilo de vida, estatinas e ezetimiba a partir do diagnóstico;
Se LDL-C > 300 mg/dL, considere a aférese de lipoproteína (AL);
Se LDL-C > 115 mg/dL, considere novas terapias (Lomipatida; Evinacumab) se disponível e acessível;
Se AL ou novas terapias não estiverem disponíveis, considere transplante hepático.
Confira abaixo a bela figura resumo do paper!
Fim do terror?
Caiu na Mídia
Após quase de 3,5 anos de bota máscara, paramenta, isola que o teste veio positivo, intuba, prona… finalmente começamos a ter sinais oficiais de que o terror da pandemia passou:
A OMS declarou, em reunião realizada no dia 04/05/23, que a COVID-19 não se configura mais como emergência de saúde pública.
Ok, saiu do status de emergência para problema de saúde estabelecido e contínuo.
Mas já é um grande avanço!
Apesar da pouca mudança prática, ler uma notícia dessas é olhar para trás, ver todo o terror que enfrentamos e respirar aliviados.
Que possamos continuar valorizando a ciência, a vacinação e a luta diária de todos os profissionais da saúde.
E que não voltemos a cometer certos erros, e estejamos atentos para controlar novos surtos precocemente.
Por fim, deixamos esse espaço para lembrar com carinho de todos aqueles que perdemos durante a pandemia.
Imagem da Semana
Já usou a fluoroscopia para avaliar de prótese valvares? Veja esse exame de uma prótese valvar mecânica duplo-disco com trombose de um dos seus folhetos.
Fique por dentro
💊 Uso de betabloqueadores além de 1 ano após o IAM não demonstrou benefício em coorte de pacientes com função sistólica ventricular preservada.
⛓️ A abordagem da insuficiência tricúspide continua a ganhar força: seguimento de 1 ano após correção dessa valvopatia com o dispositivo PASCAL demonstrou bons resultados em qualidade de vida.
💻 O uso da angiotomografia de coronárias tem crescido no Reino Unido acompanhado da redução da solicitação de cateterismo e testes funcionais na investigação de DAC estável.
💹 A moda da vez é: avaliação do strain atrial. Esse estado-da-arte do JACC revisou o seu uso em pacientes com FEVE preservada.
🥇 Interessante revisão do HEART sobre o uso de terapias antitrombóticas em pacientes com DAC estável.
💊 Uso de betabloqueadores esteve associado à possíveis benefícios em pacientes com FEVE 40-50%, porém possíveis riscos naqueles com FEVE > 60%.