Exames de imagem na endocardite • Depressão e atividade física • Testosterona e risco CV • Cigarro eletrônico em pauta
Inimigos dos Vapes
Uma semana com foco especial na endocardite
Artigo de revisão
Nossa primeira desilusão amorosa na Cardiologia: quando nos falam que o diagnóstico de endocardite infecciosa é simples pelos critérios de Duke.
Ciente das nossas frustrações, o JACC trouxe, essa semana, uma revisão State-Of-The-Art sobre o uso dos exames imagens na condução dos casos de endocardite e de infecção de dispositivos, com destaque para a angiotomografia e o FDG-PET/CT.
Calma, o ecocardiograma (transtorácico e transesofágico) permanece como o exame de primeira linha.
Porém, o foco do artigo passa a ser extrair os melhores benefícios dos métodos de imagens alternativos.
Recomenda a angiotomografia nos casos de:
Eco transesofágico inconclusivo e suspeita clínica;
Avaliação de lesões perivalvares;
Avaliação das coronárias antes de cirurgia, se indicada.
Sobre a FDG-PET/CT, sugere nas seguintes ocasiões:
Afastar diagnósticos diferenciais;
Suspeita de embolia séptica;
Identificação do foco primário da infecção;
Avaliar o acometimento de dispostivos.
A mensagem foi clara: esses métodos estão bem validados para auxiliar no manejo de casos duvidosos, principalmente na avaliação de complicações e de acometimento de dispositivos (com atenção aos de assistência ventricular, cada vez mais frequentes nos EUA).
Depressão e atividade física
Metanálise
Já ouviu aquela velha desculpa dos sedentários de que se caminhar fizesse bem, o carteiro seria imortal?
Sobre o carteiro eu não sei, mas uma coisa é certa: cada vez mais essa desculpa cai por terra e o time da "mente sã, corpo são" ganha força!
De acordo com uma revisão sistemática e metanálise publicada no JAMA Psychiatry, mesmo pequenas quantidades de atividade física estão associadas a um risco substancialmente diminuído de depressão entre adultos.
Os pesquisadores estimaram que se todos os adultos seguissem as recomendações atuais de atividade física – o equivalente a 2,5 horas de caminhada rápida por semana – 11,5% dos casos de depressão poderiam ser evitados.
A análise incluiu 15 estudos de coorte com um total de 191130 participantes. Em comparação com adultos inativos, as pessoas que fizeram metade da quantidade recomendada de atividade física tiveram um risco 18% menor de depressão, enquanto aqueles que fizeram a quantidade recomendada de atividade física tiveram um risco 25% menor.
Viu aí Pedrinho? Vale a pena acordar cedo pra ir pro campeonato!
Suplementação de testosterona e os riscos cardiovasculares
Ensaio Clínico
Não, esse artigo não é para o seu colega que suplementa testosterona achando que vai aumentar o peso do supino na academia.
Os benefícios da reposição desse hormônio já são bem estabelecidos nos casos de hipogonadismo.
No entanto, já foram demonstrados diversos efeitos adversos, como nódulos hepáticos, agressividade, piora de acne.
Do ponto de vista cardiovascular, há evidências de maior acúmulo de placa aterosclerótica na suplementação por 1 ano.
Por isso, estudo publicado no The Lancet, avaliou desfechos de mortalidade geral, cardiovascular e cerebrovascular em pacientes com hipogonadismo submetidos a suplementação exógena de testosterona por, no mínimo, 3 meses.
Após seguimento médio de 9,5 meses, não houve diferença em relação ao grupo controle.
Assim, evidenciou segurança cardiovascular no uso da testosterona a curto prazo. Ainda ficam dúvidas quando ao seu feito em seguimentos prolongados.
Epidemia de nicotina entre os jovens
Caiu na Mídia
Aquele que surgiu como uma alternativa para auxiliar na interrupção do tabagismo, hoje concretiza-se como um novo vício, principalmente entre os jovens - o vaping.
Nova reportagem do Fantástico, conduzida por Dráuzio Varella, alerta sobre o crescimento do vício do uso de cigarros eletrônicos e os seus riscos.
Em resumo, se você acha inofensivo fumar pen drive vamos citar alguns dos seus malefícios já estabelecidos:
EVALI - lesão pulmonar associada ao uso do e-cigarette ou vaping.
Aterôgenese e disfunção endotelial pela presença de metais pesados;
Arritmias e remodelamento cardíaco pela nicotina (se presente);
Estresse oxidativo pelos compostos de carbono.
Se você conhece alguém que faz uso desse dispositivo, oriente-o. Não vamos deixar epidemia crescer.
Imagem da semana
Nosso nome é equilíbrio. Se na semana passada vimos câmaras direitas gigantes, contemplem esse modesto átrio esquerdo de 1,8 L observado à Ressonância Magnética Cardíaca.
Fique por dentro
⛓ Estudo randomizado no JAMA (EMERGE trial) comparou cinecoronariografia de emergência versus tardia após PCR extra-hospitalar sem supra de ST e não demonstrou diferença entre as estratégias.
🎙 Editorial do Circulation reforça as evidências relacionadas à ablação de FA nos pacientes com IC. Ah, e essa semana teve uma brilhante discussão sobre controle de ritmo ou frequência no DozeCast, checa lá!
🤰 História de pré-eclâmpsia durante a gestação se comportou como um fator de risco independente para aterosclerose futura, nesse artigo do JACC.
🔊 Alterações microestruturais vistas pelo ecocardiograma podem fornecer informações adicionais que ajudam a identificar pacientes com IC que estão sob risco de pior evolução. Segue o link do artigo da BMJ para saber mais detalhes.
🫁 Nova técnica que constitui em realizar septostomia em pacientes com HP importante, desde que livre de prótese, através de técnicas de radiofrequência e balonamento, tem seus primeiros relatos publicados no BMJ.
🚴♂️ Será que é seguro liberar nossos pacientes para atividade física com histórico de cirurgia na Aorta? Estudo recente no JAMA mostrou que pacientes aderentes a atividades de baixa intensidade não tiveram maior risco de complicações futuras!
🔊 Estudo com avaliação de ecocardiogramas em coorte de IC sugere o uso do Strain Longitudinal Global para estratificação de pacientes em estágio A (apenas fatores de risco) para estágio B.
🍰 Grande registro correlaciona diabetes tipos 1 e 2 com uma maior incidência de estenose valvar degenerativa.
💉 Na onda da endocardite, o European Heart Journal trouxe um editorial reforçando a importância das culturas de sangue no diagnóstico e manejo da endocardite.