HAS-BLED aposentado
E mais: barraco brasileiro no The Lancet; avaliação mais refinada do Killip; e subanálise do estudo FAME 3
Novo Escore DOAC: Um game changer na Avaliação de Risco de Sangramento em FA?
Subanálise (Circulation)
Desde a chegada de Lionel Messi ao Inter Miami que não vemos um game changer dessa magnitude.
O novo escore DOAC vem para deixar as antigas ferramentas de avaliação de risco de sangramento em FA para trás!
Olha só essa novidade: um estudo publicado no Circulation trouxe à tona o Escore DOAC, focado na análise do risco de sangramento em pacientes com FA em uso de DOAC.
A pesquisa fez uma análise profunda do ensaio RE-LY, envolvendo pacientes de 44 países.
Com um modelo robusto, o Escore DOAC foi testado, aprovado e validado em registros como o GARFIELD-AF e coortes externas.
E os resultados? Surpreendentes! O Escore DOAC se mostrou muito mais afiado que o HAS-BLED na previsão de risco de sangramento maior.
Ele considera diversas variáveis clínicas, como idade, clearance de creatinina e histórico de AVC, entregando uma avaliação super precisa.
Vamos aos números:
Aumento de 48,7% no sangramento maior no RE-LY com cada ponto adicional no Escore DOAC.
Escore DOAC bateu o HAS-BLED com estatística C de 0,73 versus 0,60 no RE-LY.
Conclusão:
Para os Dozers de olho no futuro e na segurança dos pacientes, o Escore DOAC é a ferramenta que estava faltando!
Killip 1,5?
Coorte (HEART Journal)
Faz 84 anos… Digo, 56 anos!
Sim, essa é a idade da classificação de Killip, que utilizamos até hoje para estratificar o risco clínico no IAM, e que exige, basicamente, um bom exame físico no ambiente de emergência.
Após tantos anos, será que refinar um pouco essa avaliação por meio da avalição de congestão pulmonar pelo POCUS tem benefício na predição de eventos em pacientes com IAMcSST?
Para tirar a dúvida, foi publicado no HEART Journal um estudo multicêntrico que incluiu 312 pacientes com IAMcSST, avaliados por meio de US Point of Care (POCUS) dentro das primeiras 24h após a angioplastia primária.
A identificação de congestão pulmonar pelo método ultrassonográfico em pacientes a princípio considerados como Killip I, esteve associado com maior risco de ocorrência do desfecho primário (IC, choque cardiogênico ou morte durante a internação).
Assim, adicionar o POCUS na avaliação do paciente com IAMcSST na emergência tem grande utilidade na reclassificação do seu risco de eventos.
Chovendo no molhado?
Ensaio Clínico Randomizado (Circulation)
O estudo FAME 3 apresentou seus (não muito surpreendentes) resultados de 3 anos.
Lembrando que o objetivo do estudo foi determinar a não-inferioridade de pacientes com DAC triarterial submetidos a angioplastia indicada por FFR (ATC-FFR) em comparação a cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM).
No primeiro de ano de seguimento, os resultados foram um: “e não foi daquela vez, Marcio…”: a ATC-FFR não atingiu não-inferioridade.
Vamos aos novos resultados publicados, essa semana, no Circulation:
Foi um estudo multicêntrico que randomizou 1500 pacientes para
ATC-FFR vs CRM, cujos resultados foram:
Morte, AVC e IAM: sem diferença (12% versus 9,2%; hazard ratio [HR], 1,3 [95% CI, 0,98–1,83]; P=0,07).
Morte: sem diferença (4,1% versus 3,9%; HR, 1,0 [95% CI, 0,6–1,7]; P=0,88)
AVC: sem diferença (1,6% versus 2%; HR, 0., [95% CI, 0,4–1,7]; P=0,56).
IAM: ocorreu com maior frequência no grupo ATC-PCI (7% versus 4,2%; HR, 1,7 [95% CI, 1,1–2,7]; P=0,02).
Ambos os grupos apresentaram resultados similares, porém os submetidos a ATC-FFR sofreram com mais IAMs durante os 3 anos.
Resultados que nos soam mais comum um “chover no molhado”, mas ao mesmo tempo reforçam a importância da individualização do tratamento dos pacientes com DAC multiarterial.
Não há fórmula mágica! Seguimos…
Lavação de roupa suja brasileira no The Lancet!
Caiu na Mídia
O brasileiro não tem mesmo 1 minuto de paz…
E não estamos falando da decepção do Chico ter traído a Luísa Sonza.
A confusão da vez é a “lavação de roupa suja” da política nacional em plena revista The Lancet.
Vamos explicar:
Tudo começa com uma artigo publicado pelo professor do Departamento de Administração da Fundação Getúlio Vargas, Adriano Massuda, em março, no qual avalia a situação, que considera caótica, do sistema único de saúde do nosso país naquele momento:
Quase 700 mil mortes pelo COVID-19, e a perda de antigas conquistas dos SUS nos últimos anos (como a redução da taxa de vacinações contra a pólio e o aumento da taxa de mortalidade materna).
As acusações foram rebatidas em texto escrito pelos ex-ministros do governo Bolsonaro, Raphael Parente e Marcelo Queiroga, publicado essa semana.
Os autores criticam fortemente o texto original e até a própria revista. Condenam a publicação do artigo, que consideram de cunho político, no The Lancet, e ainda chamam de “fake news” parte das informações fornecidas no primeiro texto.
É vergonha em rede internacional rs.
Para não nos envolvermos em discussões políticas, vamos deixar aberta a interpretação de cada um sobre quem está certo nessa história, após a leitura dos artigos.
Imagem da Semana
Reconstrução em 3D de angiotomografia de coronárias evidenciando um longo tronco de coronária esquerda (TCE) que se origina junto à coronária direita no seio coronário direito.
Fique por dentro
🧠 Terapia hipolipemiante agressiva com estatinas não esteve associado à risco de demência e AVC hemorrágico após revisão literária em statment da AHA.
🧪 Elevação da troponina T após cirurgia cardíaca esteve associada a maior mortalidade em 30 dias, reforçando os riscos da injúria miocárdica peri-operatória. Discutimos a importância do IAM tipo 2 nessa edição da prime e em um Dozecast.
🧘🏽♀️ Interessante revisão do JACC sobre a prevenção da aterosclerose coronária, só que com a peculiaridade de pacientes sem os fatores de risco habituais.
🐭 Para os ratos de UTI rs: revisão do NEJM sobre a prevenção de infecções de corrente sanguínea associadas a cateteres centrais.
😮💨 COAPT da vida real: o seguimento de 1 ano de pacientes com insuficiência mitral secundária submetidos ao Mitra Clip após os resultados do COAPT, demonstrou melhora na qualidade de vida e redução de hospitalizações.
🤰🏻 Rastreio de hipertensão gestacional passa a ser recomendado para todas as gestantes, segundo as novas recomendações do USPSTF.