Ingesta baixa de álcool não reduz risco CV
IA na prática médica e follow-up do aneurisma de aorta ascendente por 30 anos
Caçadores de Mitos: ingesta de álcool vs risco cardiovascular
Revisão Sistemática
Você é da época dos Caçadores de Mitos?
Um grupo de pesquisadores canadenses encarnou os famosos MythBusters para desvendar um mito da cardiologia: o consumo diário de baixa quantidade de álcool reduz mortalidade por todas as causas?
Para isso, identificaram 107 estudos de coorte sobre o assunto na base do PubMed e da Web of Science, entre janeiro de 1980 e julho de 2021.
Como nossos caçadores de mitos não são juvenis, realizaram estratégias metodológicas para contornar a influência de vieses e heterogeneidade dos estudos.
E a grande revelação? A meta-análise de todos os estudos incluídos não encontrou risco reduzido de mortalidade por todas as causas entre os consumidores ocasionais ou de baixo volume de álcool em comparação com os abstêmios ao longo da vida.
Adicionalmente, foi identificado um aumento significativo do risco entre aqueles que consumiam 45g ou mais de álcool por dia!
Infelizmente a notícia não é boa: aquela velha desculpa da "dose diária da saúde" já não pode mais ser usada.
Mas, se deseja enxergar o "copo meio cheio" (literalmente 🍷 rs), o consumo diário baixo a moderado de bebida alcoólica não foi associado a risco aumentado de morte por todas as causas (Zeca Pagodinho respira aliviado...).
Aneurisma da aorta ascendente: 30 anos depois
Coorte
30 anos merecem sempre ser comemorados!
Poderíamos estar falando da cantora Anitta, que celebrou o seu trigésimo aniversário com grande festa, na semana passada.
Na verdade, nos referimos ao estudo publicado no EHJ, no qual foram apresentados os resultados da experiência de 30 anos de seguimento de pacientes com aneurisma de aorta ascendente (AAA), da universidade de Yale.
O estudo:
964 pacientes com AAA não operados.
O seguimento médio foi de 7,9 anos (o mais prolongado de 34 anos).
O desfecho primário foi composto pela ocorrência de eventos aórticos adversos (AEE) - dissecção, ruptura e “morte por causa aórtica”.
Principais resultados:
Os principais fatores associados à ocorrência de AEE foram idade e tamanho do aneurisma.
Em relação ao tamanho, observaram um aumento do risco de AEE a partir de 5 cm de diâmetro do AAA.
0,2%/ano vs 1,4%/ano em pacientes com AAA de 4,5 cm e 5 cm, respectivamente.
O crescimento anual > 0,2 cm/ano foi raro.
Vale lembrar:
Apesar da indicação padrão de abordagem do AAA se > 5,5 cm em pacientes sem fatores de risco, a última diretriz da AHA reduziu esse corte para 5 cm em centros com experiência cirúrgica.
Esse estudo ratifica esse corte mais baixo, indicando maior risco de eventos para aqueles com o diâmetro > 5 cm.
Inteligência Artificial na prática clínica
Artigo de Revisão
Foto do papa fashion, proibição do ChatGPT na Itália, falas do Elon Musk sobre a ameaça da inteligência artificial (IA) à humanidade.
Não faltaram polêmicas envolvendo a IA nas últimas semanas.
A evolução e facilidade de acesso da população a essa ferramenta abriu os nossos olhos para a influência da IA no nosso dia a dia, incluindo na medicina.
Por isso, o NEJM publicou um artigo de revisão sobre o uso da IA na prática médica.
Os principais pontos apresentados pelo artigo incluem:
A evolução da capacidade de armazenamento dos computadores, que possibilitou o desenvolvimento de modelos avançados até os sistemas atuais de machine learning e deep learning, levando a análises e respostas cada vez mais complexas.
A importância da validação de uma ferramenta de IA, a partir da estruturação de protocolos de pesquisa que incluam resultados com significado clínico relevante para a prática clínica.
O potencial auxílio do ChatGPT na prática por meio do preenchimento de documentos, além da avaliação de diagnósticos diferenciais. Sem esquecer dos riscos do uso generalizado por indivíduos sem a formação adequada.
Em suma, a IA tem o potencial de trazer benefícios significativos para a prática médica, mas ainda há um longo caminho de aprendizado, validação e normatização para o seu uso de forma segura.
Crianças dislipidêmicas?
Caiu na Mídia
O jornal Folha de São Paulo trouxe, essa semana, uma matéria que destaca a alta prevalência de dislipidemia entre as crianças.
Baseou-se em uma metanálise da UFMG que incluiu mais de 62 mil crianças. Nela, 27,47% das crianças apresentavam colesterol total > 170 mg/dL, e 19,29% tinham LDL > 130 mg/dL.
Esse elevado número de crianças dislipidêmicas pode ter relação com a tendência atual de sedentarismo e consumo de alimentos hipergodurosos. No entanto, valores muitos elevados de LDL (> 160 mg/dL) devem nos fazer pensar em hipercolesterolemia familiar.
Para o tratamento, a primeira conduta sempre será mudança no estilo de vida, que pode ser tentada de forma isolada por, pelo menos, 6 meses.
A partir daí, a última diretriz brasileira orienta o tratamento com estatinas em crianças acima de 10 anos (acima de 7 anos em casos especiais) objetivando LDL < 135 mg/dL. Além disso, o ezetimiba pode ser utilizado a partir de 5 anos e a colestiramina pode ser prescrita para qualquer idade.
Imagem da Semana
Preste muito bem atenção nessa Descendente Anterior. No local de implante do stent precebemos a formação de pequenos aneurismas - causados pela toxicidade do stent Taxus (farmacológico de primeira geração), implantado em 2010.
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