IVUS vs FFR • IAM em zona rural • Endocardite por drogas injetáveis • Chá reduz mortalidade
O duelo dos métodos dos hemodinamicistas
FFR versus IVUS
Ensaio Clínico Randomizado
Qual seria melhor maneira de indicar angioplastia em lesões moderadas (estenose de 40 a 70% na angiografia): FFR (reserva de fluxo fracionada) ou IVUS (ultrassom intravascular)?
Esse foi o foco do estudo FLAVOUR publicado no NEJM.
Foi um estudo prospectivo, aberto e multicêntrico (18 centros coreanos e chineses), que randomizou 1.682 pacientes entre angioplastia guiada por FFR ou guiada por IVUS.
O desfecho primário (morte, IAM e vaso-alvo revascularizado) aconteceu em 8,1% dos pacientes guiados por FFR e 8,5% dos guiados por IVUS, sem diferença entre eles. O mesmo aconteceu com todos os desfechos secundários analisados.
É importante ressaltar que inicialmente os pesquisadores projetaram o estudo pensando na superioridade do FFR em relação ao IVUS, mas acabaram mudando para um estudo de não inferioridade na tortuosa estrada dos grandes trials…
Os pesquisadores justificaram a mudança uma vez que estudos de angioplastia guiado por IVUS demonstraram melhora de prognóstico (“que medo!”) e que a não inferioridade seria relevante uma vez que o FFR reduziria a implantação de stents e custos.
E, realmente, grupo guiado por FFR utilizou menos stents, acarretando menor custo e uso de DAPT pelos pacientes deste grupo.
Infartar na zona rural é mais perigoso?
Coorte
Tempo é músculo. Premissa básica da cardiologia.
Isso quer dizer que ter um IAM em um local mais distante é igual a piores desfechos? Foi isso que um grande estudo dos EUA procurou saber.
Coorte com mais de 70 mil pacientes envolvendo quase 700 centros norte-americanos, questionou: existem diferenças em desfechos de pacientes que apresentam IAMCSST em zonas rurais quando comparados aos casos de zonas urbanas?
Eles observaram que os pacientes com IAM na zona rural tinham:
Menor chance de ser submetidos a angioplastia primária (73,2% vs 85,1%; p < 0,001), e quando acontecia era após tempo mais longo.
Maior taxa de tratamento com fibrinolítico (19,7% vs 2,7%; p < 0,001).
Mas no fim, o principal: não houve diferença em mortalidade.
Ou seja, é esperado que em locais mais distantes haja maior dificuldade para angioplastia primária, mas a fibrinólise segura bem a onda, sendo opção bem aceita nessas situações.
Tratando a endocardite por uso de drogas injetáveis
Scientific Statement
NÃÃÃO!! Sabemos que não há coisa mais chata que estudar tratamento de endocardite infecciosa (EI) - deixa essa história de antibiótico para os infectos.
Desculpem-nos, mas a EI em usuários de drogas injetáveis é uma condição cada vez mais comum na prática clínica, não dá para não saber.
Por isso, a AHA lançou um statement (ou seja, uma mini diretriz, sem níveis de recomendação) sobre esse tema para nos ajudar.
O documento traz orientações quanto ao manejo da adição de drogas e do tratamento antimicrobiano e cirúrgico. Focaremos nesses últimos que são os pontos que mais trazem dúvida na prática clínica.
Tratamento antimicrobiano - lembre-se do S. aureus, responsável por quase 85% dos casos de EI no lado direito.
A orientação é de tratamento por 6 semanas.
Reconhecem, porém, a dificuldade encontrada, em muitos casos, do tratamento EV completo. Assim, fornecem orientações quanto à transição para VO (conforme proposto no estudo POET).
Tratamento cirúrgico - as indicações são semelhantes à EI habitual:
Sintomas de IC;
Bloqueio atrioventricular;
Bacteremia persistente;
Abscesso anular ou aórtico;
Fenômenos embólicos;
Vegetações móveis > 10 mm.
Chazinho, dona Helena?
Caiu na Mídia
Se o café é motivo para brigas fervorosas quanto aos benefícios ou malefícios, com o bom e velho cházinho inglês a história é outra.
Parece que o consumo de 2 xícaras de chá preto por dia é capaz de reduzir morte por todas as causas.
Esse dado foi demonstrado em grande coorte britânica com quase 500 mil pacientes de 40-69 anos.
Após mais de 11 anos de seguimento, observaram que aqueles que bebiam pelo menos 2 xícaras de chá por dia apresentaram menor mortalidade por todas as causas. Essa redução de risco também foi observada para mortalidade por causas cardiovasculares, AVC e IAM.
Fica a pergunta: se for verdade mesmo essa história, então os ingleses deveriam ter a melhor sobrevida do planeta, não é mesmo?
Imagem da Semana

Aneurismas coronarianos em paciente de 16 anos, com diagnóstico de Doença de Kawasaki, evidenciados nessa belíssima reconstrução em 3D de uma angiotomografia de coronárias.
Fique por dentro
🔥 Aquela história de que pacientes com doenças inflamatórias apresentam maior risco cardiovascular parece ser verdade. Estudo retrospectivo da Lancet associou maior risco de doenças cardiovascular aos 446.449 pacientes com doenças autoimunes com poder aditivo a cada doença em comparação com mais de 2 milhões de pacientes controles.
🤷🏼♀️ Saiu uma grande revisão do JACC sobre doença coronária isquêmica em mulheres jovens.
⚡️ Nova diretriz da SBC sobre interpretação e descrição de achados eletrocardiográficos. Fica a dica de ótimo material de consulta na hora de liberar um laudo.
❤️🩹 A American Heart Association (AHA) lançou statement atualizando definição de dor torácica e infarto agudo do miocárdio.
⛓ “Radial First!” A conduta de priorizar o exame por via radial já é rotina em vários serviços de hemodinâmica e agora com essa publicação da AHA fica realmente difícil defender a realização do cateterismo via femoral… A via radial reduziu mortalidade dos pacientes submetidos ao CATE.
🤷🏼♀️ Não é só nas eleições brasileiras que as mulheres estão sob os holofotes! Infelizmente as mulheres que sofrem IAMCSST recebem uma assistência menos fundamentada nos guidelines de acordo com estudo realizado em 4 grandes centros europeus e públicado na EHJ.
☠️ Aumento do risco de morte cardiovascular com consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.
📊 Os inibidores de SGLT2 realmente caíram nas graças dos cardiologistas. Uma metanálise avaliando pacientes com IC com FEVE preservada e reduzida confirma a redução de morte cardiovascular e primeira internação por IC no grupo dos novos queridinhos da cardiologia.
🫀 Estudo publicado no JACC conseguiu identificar formas precoces de amiloidose transtirretina em 5% dos pacientes previamente submetidos a essa cirurgia de correção de síndrome do túnel do carpo bilateral.