Menos de 10% de brasileiros usam estatina na prevenção secundária
E nova medicação via oral para obesidade foi publicada no NEJM
Mais um futuro aliado contra a obesidade!
Ensaio Clínico Randomizado (NEJM)
Passada a corrida das vacinas para COVID, agora a disputa é entre terapias medicamentosas para a obesidade!
Na última semana um novo competidor ganhou destaque no NEJM: o Orforglipron.
Pesquisadores avaliaram a eficácia e segurança do Orforglipron, um agonista do receptor de peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) não peptídico, como terapia oral diária para redução de peso em adultos com obesidade.
Confira o desenho do estudo:
•👥 P (População): adultos com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma condição coexistente relacionada ao peso, sem diabetes.
•💊 I (Intervenção): Orforglipron em uma das quatro doses (12, 24, 36 ou 45 mg) ou placebo uma vez ao dia.
•⚖️ C (Comparação): placebo.
•🎯 O (Outcome): mudança percentual em relação ao peso corporal basal avaliada na semana 26 (ponto final primário) e na semana 36 (ponto final secundário).
•⌛ T (Tempo): 36 semanas.
E os resultados?
O Orforglipron foi associado à redução de peso em adultos com obesidade ou sobrepeso, com uma redução de pelo menos 8.6 a 12.6% (a depender da dose) na semana 26 em comparação à 2% no grupo placebo.
Na semana 36, a medicação reduziu de 9,4% a 14,7% em comparação com 2.3% dos que receberam placebo.
Adicionalmente, houve melhora em todas as medidas cardiometabólicas e relacionadas ao peso.
Os eventos adversos mais comuns relatados foram gastrointestinais, ocorrendo principalmente durante o escalonamento da dose e levaram à interrupção do Orforglipron em 10% a 17% dos participantes em todas as doses.
Estamos observando o surgimento de cada vez mais opções para combater um dos maiores inimigos cardiometabólicos da atualidade.
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Pesquisa
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O baixo uso de estatina na atenção primária
Estudo observacional (The Lancet)
Uma publicação de grande impacto sobre a realidade brasileira.
Pesquisadores de Santa Catarina e São Paulo analisaram um banco de dados de 2.133.900 indivíduos cobertos pela Estratégia de Saúde da Família, do Ministério da Saúde.
Os agentes de saúde realizaram, entre maio de 2017 e setembro de 2021, coleta de diversos dados relacionados à atenção primária. Entre eles, a prescrição e a aderência medicamentosa ganharam destaque.
O propósito do estudo, publicado no The Lancet, era avaliar o uso de estatina em pacientes com indicação por prevenção secundária.
E o resultado não foi satisfatório para a saúde pública do país.
Dos pacientes interrogados, 35.103 (1.6%) já tinham tido evento cardiovascular prévio, seja IAM (33%) ou AVC (74%), com indicação de uso de estatina de alta potência.
Desses, apenas 6.7% estavam em uso de estatinas, enquanto apenas 0.6% usando estatina de alta potência.
Foram identificadas algumas variáveis que aumentavam a chance do paciente ter a estatina na sua prescrição:
> 60 anos de idade;
Região Sul;
IAM prévio;
Insuficiência Cardíaca;
Diabetes;
Dislipidemia;
DRC;
Uso de anti-hipertensivos.
Na discussão sobre a baixa aderência da população brasileira estudada, os autores fazem um paralelo com estudos prévios, onde uso das estatinas na prevenção secundária variou conforme o nível socioeconômico do país.
Esse foi o maior registro de mundo real sobre o uso de estatinas na atenção primária.
🚨 O alerta para otimizarmos o tratamento dos nossos pacientes mais necessitados está cada vez mais aceso e aponta as melhorias que devem ser implementadas no nosso sistema de saúde.
A educação médica tem um papel fundamental para melhora do uso de estatina no Brasil. Que os agentes de saúde tenham acesso a DozeNews 🙏🏼. Faça a sua parte e divulga nossa news por aí. rs.
Novo escore para predição de fibrilação atrial
Coorte (EHJ)
Um bom clínico jamais larga suas ferramentas diagnósticas de confiança.
E agora você tem mais um escore para julgar ser útil ou não na sua rotina: o HARMS²-AF para predição de ocorrência de fibrilação atrial.
O estudo teve como objetivo realizar a validação externa do escore, nas coortes de Framingham (EUA) e na população britânica através de dados do UKBiobank.
Foram coletados dados de 314.280 participantes, onde a incidência de FA foi de 5.7% e o tempo médio para desenvolver FA, de 7.6 anos.
Os principais fatores associados à FA na coorte foram: HAS, idade, IMC, sexo masculino, tabagismo, apneia do sono, ingestão de álcool .
DM2 e atividade física não tiveram associação com a ocorrência de FA.
O escore teve a acurácia de predizer FA com uma área sob a curva de 0.782 no UKBiobank e de 0.757 no grupo Framingham.
A acurácia é moderada, mas apresentou desempenho superior a alguns modelos anteriores, como Framingham-AF (AUC 0.568) e ARIC (AUC 0.713) (ambos P < 0.001), e semelhante ao CHARGE-AF (AUC 0.754, P = 0.73).
O interessante do estudo: quanto maior a pontuação, maior o risco de desenvolver FA. Pacientes com escore entre 5 e 9 pontos apresentaram HR de 12.79 e entre 10 e 14 pontos, HR de 38.70!
Ou seja, mais importante que o cálculo do escore em si, é se atentar aos fatores de risco incluídos no escore. Abordá-los no consultório pode reduzir a chance do nosso paciente vir a apresentar FA.
Caiu na Mídia
Hipertensão tá na Globo
Já bem estabelecida como o principal fator de risco cardiovascular, a hipertensão arterial sistêmica ganhou destaque em reportagem da Globo, que virou manchete da página inicial do site por algumas horas.
Os dados, extraídos do DataSUS, destacam o aumento da mortalidade atribuída à hipertensão nos últimos 10 anos, de 23.233 mortes em 2021, para 39.964 em 2021.
E esses números, dozers, podem ser na realidade ainda maiores, pois esses são quantos colocaram HAS como diagnóstico de base na Declaração de Óbito. Fica a reflexão da importância do seu preenchimento adequado.
Se observarmos o gráfico montado pelo jornal, percebemos um pico de aumento da mortalidade atribuída à HAS nos anos 2020 e 2021.
Talvez não saberemos diferenciar se realmente tivemos um aumento considerável dessa mortalidade (72%) ou se houve alguma mudança de comportamento no preenchimento da D.O. pelos médicos.
De qualquer forma, considerando a HAS um fator de risco modificável e com possibilidade de tratamento, essa reportagem pode servir como auxílio para a melhora da aderência dos nossos pacientes.
Imagem da Semana
A imagem da semana é um cateterismo cardíaco pediátrico, com uma importante coarctação de aorta causando suboclusão.
Fique por dentro
✅ FDA aprovou uso da colchicina em dose baixa na prevenção secundária de eventos cardiovasculares.
🧪 Troponina US em pacientes com apresentação precoce de SCA: limiar de detecção é seguro, percentil 99th talvez não.
🔍 Registro sueco de 20 anos de acompanhamento de diabéticos reforça impacto cardiovascular da doença.
💊 Revisão sistemática publicada no JACC demonstrou consistência do benefício dos inibidores da SGLT2 em diferentes combinações de comorbidades, incluindo IC, DM e DRC.
🫡 Um escore de risco para eventos aterotrombóticos direcionado para pacientes com DM2? Sim, é possível! Veja essa publicação do JACC!
🫁 Finalmente lembraram dos cardiopediatras rs. O JACC publicou um interessante estado-da-arte sobre as complicações pulmonares nos pacientes pós-Fontan.
📝 Interessante revisão publicada no HEART sobre as pontes miocárdicas.