Nova bola de cristal na IC FEP
E ainda: como a angioTC pode auxiliar a angioplastia de lesões calcificadas?
Na edição de hoje:
🧮 Modelo preditor de morte ou hospitalização no paciente com IC FEP.
🤔 A angioTC pode ser um "guia" na angioplastia de lesões calcificadas?
🦠 Tratamento de infecção de dispositivo cardíaco implantável na "vida real".
Nova “bola de cristal” na ICFEP?
Modelo preditor (JAMA)
A jornada em direção à melhoria dos cuidados na ICFEP está tomando novos e empolgantes caminhos!
Além do desafio diagnóstico, os esforços agora estão igualmente concentrados em determinar quais pacientes apresentam maior risco de evolução desfavorável.
Em um artigo publicado no JAMA, pesquisadores propõem a criação de modelos preditivos inovadores, destinados a antever o risco de morte cardiovascular e morbidade em pacientes com ICFEP.
Esta abordagem, baseada na utilização de variáveis clínicas e laboratoriais rotineiramente coletadas, abre portas para intervenções mais precisas e individualizadas.
A pesquisa utilizou dados de 6263 participantes do estudo DELIVER para criar modelos para prever o risco de resultado composto de morte cardiovascular ou hospitalização por IC e os resultados individuais de morte cardiovascular e mortalidade por todas as causas. A validação desses modelos foi realizada com dados de outros dois ensaios significativos, PARAGON-HF e I-PRESERVE, envolvendo quase 9000 pacientes adicionais.
E quais foram as variáveis utilizadas nas predições?
O modelo final de previsão para o desfecho composto incluiu 11 variáveis: nível de NT-proBNP, hospitalização por IC nos últimos 6 meses, nível de creatinina, diabetes, região geográfica, duração da IC, tratamento com um inibidor do cotransportador de sódio-glicose tipo 2, doença pulmonar obstrutiva crônica, ataque isquêmico transitório/acidente vascular cerebral, qualquer internação por IC anterior e frequência cardíaca.
E como foi o desempenho da nova “bola de cristal”?
Os modelos desenvolvidos exibiram uma capacidade de discriminação superior quando comparados à avaliação do nível de NT-proBNP isoladamente.
A aplicabilidade clínica desses modelos é vasta! Eles oferecem aos clínicos uma ferramenta robusta para identificar pacientes de alto risco, permitindo intervenções mais direcionadas e, possivelmente, a otimização de estratégias terapêuticas.
Você também poderá fazer uso da “bola de cristal”! Os pesquisadores desenvolveram uma calculadora online, tornando a aplicação desses modelos prática e acessível no ambiente clínico!
Amigos, amigos… cálcio à parte
Artigo de revisão (JSCAI)
Sabemos que o cálcio é um dos grandes inimigos dos hemodinamicistas na hora de realizar uma angioplastia.
Placas calcificadas levam à redução da complacência vascular, atrapalham o posicionamento e dificultam a expansão do balão e do stent.
Apesar da possibilidade de usar métodos de imagem intravascular, em especial o OCT, para auxiliar na angioplastia de lesões calcificadas, alguns autores têm proposto a utilidade da angiotomografia de coronárias (angioTC) na identificação de calcificações que aumentem a dificuldade do procedimento, agindo como um “guia” para o hemodinamicista antes do procedimento.
Em outras palavras, avisar ao colega intervencionista o nível do problema que ele está se metendo rs.
Nesse contexto, foi publicado no Journal of the Society for Cardiovascular Angiography & Interventions (JSCAI) uma importantíssima revisão sobre o benefício da angioTC na programação da abordagem de lesões calcificadas.
Algumas características na angioTC que indicam maior risco de subexpansão do stent incluem:
arco de acometimento do cálcio na parede > 180°;
espessura do cálcio > 5 mm;
comprimento > 5 mm.
Além disso, a densidade da placa calcificada em Unidades Hounsfield está associada a sua “dureza”, ou seja, resistência à fratura. Sugere-se que quanto maior esse valor, maior a indicação de realizar procedimentos para modificar a placa, como litotripsia e aterectomia rotacional, orbital ou por laser.
A reconstrução das lesões em 3D por meio da angioTC também pode ser de grande valia no planejamento do procedimento e na definição da ancoragem do stent.
Assim, em um artigo escrito por hemodinamicistas, fica claro que a angioplastia percutânea guiada por tomografia computadorizada oferece, de forma única, a oportunidade para um planejamento procedimental abrangente, incorporando a caracterização da placa calcificada.
Quem sabe essa abordagem torne-se uma prática mais comum em um futuro próximo?
O aporte teórico que você precisa para o plantão
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Até breve!
Infecções de dispositivos cardíacos: como é na vida real?
Análise retrospectiva (EHJ)
Esqueça o metaverso, análises computacionais, realidade virtual aumentada… Hoje o assunto é o mundo real suíço (talvez não tão real assim para nós, meros brasileiros rs).
O EHJ traz, em primeira mão, um estudo que avaliou o manejo de pacientes com dispositivos cardíacos (cardiodesfibrilador implantável associado ou não a ressincronizador - CDI+/-R) com infecção de corrente sanguínea.
Como será que estes pacientes estão sendo tratados e qual seu destino?
Foi um estudo unicêntrico que incluiu 515 pacientes com CDI+/-R implantados entre 2012 e 2022:
Fez uma análise comparativa dos pacientes com internações com hemoculturas positivas (HMC +) e diagnóstico de infecção de corrente sanguínea (ICS) em relação aos pacientes com implante de dispositivos no mesmo período.
Vamos aos resultados:
Foram 47 episódios de ICS em 36 pacientes, sendo que 92% permaneceram internados em unidade não-cardiológica;
53% não realizaram nenhuma imagem cardíaca e 85% deles realizaram período curto de antibioticoterapia;
Apenas 4 pacientes realizaram antibioticoterapia estendida e 3 pacientes foram submetidos à extração do dispositivo;
A mortalidade dos pacientes com ICS foi 6,7x maior, conferindo 50% de mortalidade em 4 anos (HR 6.7, 95% IC 3,9–11,2; P < ,001).
Achava que a grama do vizinho era mais verde que a sua? Parece que até mesmo na Suíça a realidade não é um mar de rosas…
Esse estudo denota a gravidade de pacientes com dispositivos que apresentam bacteremia. Assunto para os clínicos de todo país que tratam este paciente longe dos serviços de referência em cardiologia.
Valorize o quadro clínico, questione a infecção do dispositivo e chame seu infectologista do coração para discutir a melhor alternativa para o seu paciente.
Quer um resumo de como conduzir as infecções em dispositivos implantáveis baseado em evidências? Temos uma DozeNews Prime inteirinha sobre esse tema para você! ⬇
Arnold Schwarzenegger um passo mais próximo de se tornar uma máquina
Caiu na Mídia
E não somos nós que estamos falando isso rs.
A frase do título foi dita pelo próprio ex-governador da Califórnia, no seu podcast “Arnold’s Pump Club” após o implante de um marca-passo definitivo.
No episódio do podcast, Arnold conta sobre o diagnóstico de valva aórtica bicúspide há muitos anos e da importância do seguimento próximo e tratamento adequados.
Por causa dessa condição congênita, o ator já passou por diversas outras abordagens cardíacas:
Em 1997, ele realizou uma cirurgia de Ross, que consiste na colocação de uma valva pulmonar na posição aórtica e implante de uma prótese na posição pulmonar.
Na ocasião, optou-se pelo procedimento como uma alternativa mais durável que a valva biológica, e sem a necessidade de anticoagulação das mecânicas.
Apenas em 2018, Arnold precisou realizar um nova troca valvar pulmonar (a ideia inicial, na época, era realizar a abordagem de forma transcutânea - um valve-in-valve pulmonar - mas optou-se pela cirurgia aberta).
Em 2020, foi a vez de realizar a troca da valva aórtica, dessa vez de forma percutânea.
O mais legal é o fato de Arnold utilizar o seu podcast (com mais de 775.000 inscritos, segundo ele mesmo), para estimular os ouvintes, especialmente aqueles do mundo do esporte, a fazer um seguimento adequado com o cardiologista e a não ter medo de se submeter aos procedimentos médicos recomendados.
Ele tem potencial para convidado no próximo DozeCast, o que acham? rs.
Imagem da Semana
Essa bela imagem de cateterismo de um sinal da ordenha é para lembrar a você que:
A DozeNews Prime de ponte miocárdica está sensacional! Oportunidade única para aprender sobre a estratificação de risco e manejo dos trajetos intramiocárdicos.
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