Autora: Maria Júlia Souto (cardiologista e fellow de imagem cardiovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia)
Vai, confesse: você revirou os olhos ao ler esse título, não foi?
Sabemos bem que são poucos os cardiologistas que gostam de estudar endocardite infecciosa (EI).
“Infecção, antibiótico, culturas? Deixa essa história com os infectologistas e eu fico aqui com as minhas arritmias, coronárias, cardiomiopatias” rs.
Por outro lado, o mínimo que você precisa saber, como cardiologista, é diagnosticar uma infecção no CORAÇÃO.
Para facilitar a sua vida, preparamos essa DozeNews Prime, na qual iremos abordar todas as nuances no diagnóstico da EI sob a evidência dos novos critérios de Duke, publicados esse mês.
O novos critérios de Duke
Os queridos Critérios de Duke foram inicialmente propostos em 1994, e alterados em 2000. A partir de então passaram a ser conhecidos como critérios de Duke Modificados.
Em 2023, a sociedade americana de infectologia (IDSA) atualizou, mais uma vez, esses critérios.
🧐 Reflexão: como devemos chamar essa modificação nos critérios de Duke modificados?
Apesar dessa leve confusão com a nomenclatura, vamos ver como eles ficaram:
E o diagnóstico:
🎯 Endocardite definitiva:
Pode ser pelo critério patológico - identificação de microorganismos em amostra de material com vegetação no contexto de sinais clínicos de endocardite ativa (prótese valvar ou válvula nativa; dispositivo intracardíaco; êmbolo arterial; enxerto de aorta ascendente com envolvimento da válvula).
Ou pelos critérios clínicos - 2 critérios maiores; 1 maior e 3 menores; ou 5 menores.
🔎 Endocardite possível: quando há apenas 1 critério maior e 1 menor; ou 3 critérios menores.
❌ Endocardite descartada: quando não se encaixa como possível ou definitiva; se há outra causa para os sintomas; na ausência da recorrência dos sintomas com ≤ 4 dias de tratamento; se não encontrou endocardite na peça cirúrgica em antibioticoterapia ≤ 4 dias.
A nossa proposta, a partir de agora, é estruturar uma sequência de avaliação para facilitar a identificação dos critérios presentes no Duke, e, assim, o diagnóstico. O objetivo é iniciar o tratamento direcionado o mais precocemente possível.
Avaliação inicial
O diagnóstico da EI parece muito fácil quando lemos os critérios de Duke. No entanto, são os casos de “endocardite possível”, aqueles que não fecham todas as culturas ou aqueles que têm achados inespecíficos em imagem, que tornam a nossa decisão difícil:
Devo “condenar” o meu paciente ao diagnóstico de EI e deixá-lo “preso” tratando essa infecção por 4-6 semanas?
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