O paradigma isquemia x aterosclerose
Qual a forma correta de avaliar a doença coronária?
Autora: Maria Júlia Souto (cardiologista e especialista em imagem cardiovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Anos e anos de avanços médicos. Quantas novas medicações vimos surgir nos últimos tempos? Inibidores potentes, angioplastias cada vez mais seguras, unidades coronarianas de ponta, protocolos baseados em evidência. E ainda assim... a doença arterial coronariana segue firme como uma das maiores causas de morte no mundo.
Só podemos estar fazendo algo errado… Será que estamos olhando para o lugar certo?
A medicina cardiovascular sempre foi construída sobre um conceito-chave: isquemia como sinônimo de gravidade. Angina? É isquemia. Tem isquemia? Tem que tratar. E o tratamento, em geral, foca em restaurar o fluxo — com remédio, stent ou ponte.
Mas essa lógica está sendo desafiada.
Estudos de imagem mostram que a maioria dos infartos ocorre em placas que não causam isquemia. A própria angina pode surgir sem nenhuma obstrução visível, como nas disfunções microvasculares ou no vasoespasmo. E, por outro lado, muitas obstruções severas nunca causam sintomas nem eventos.
📚 A Lancet Commission propõe uma mudança radical: talvez o problema não esteja na isquemia. Está na aterosclerose. A verdadeira doença não é a obstrução, mas o acúmulo crônico, silencioso e sistêmico de placas instáveis.
É hora de mudar o foco.
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