Panela velha é a que faz comida boa?
Estudo Randomizado
A hidroclorotiazida (HCTZ) é simples, poucos efeitos colaterais, fácil de encontrar. Perfeitinha, né?
Mas, na hora que a HAS começa a apertar e as medicações já não conseguem dar conta, a primeira coisa que fazemos é trocar a pobre da HCTZ pela clortalidona.
Sabemos que há evidências da maior potência da clortalidona no controle da PA. Mas, no quesito eventos cardiovasculares, a clortalidona vence essa briga?
Foi isso que o Diuretic Comparison Project (DCP-Trial) procurou saber.
O estudo randomizou 13.523 pacientes hipertensos acima de 65 anos, que recebiam HCTZ 25-50 mg/dia, entre manter a medicação ou trocá-la por clortalidona 12,5-25 mg/dia.
O desfecho primário foi composto por IAM não-fatal, AVC, hospitalização por IC, revascularização de urgência e morte não-relacionada a câncer.
Após um seguimento médio de 2,4 anos, não houve diferença significativa na ocorrência do desfecho primário entre os grupos (10,4% no grupo da clortalidona vs 10% da HCTZ; p=0,45), nem em nenhum dos eventos separadamente.
Esse estudo não invalida a substituição da HCTZ pela clortalidona para controle da PA em hipertensos resistentes.
Realizado com poucos hipertensos resistentes (média de PAS 139 mmHg e número médio de medicações 2,6), o trial demonstra apenas que, quando falamos de eventos cardiovasculares, a boa e velha HCTZ ainda dá para o gasto.
IVUS associado à infravermelho para detecção de placas vulneráveis
Coorte
Revisão de imagens é o que há de mais novo e promissor para tomada de decisões. Não… Não estamos falando de VAR, mas de imagem intracoronária!
O estudo PROSPECT II avaliou, por meio de NIRS-IVUS (IVUS associado à ondas próximas do infravermelho), a presença de placas ateroscleróticas de alto risco após SCA e sua associação com diabetes e eventos cardiovasculares.
Foi um estudo prospectivo que incluiu 898 pacientes após SCA, com 3,7 anos de duração.
E o que foi definido como placa de alto risco? Uma carga de placa >70% e carga de core lipídico indexado ≥ 324,7 🧈😯
Resultados:
12,1% da amostra eram diabéticos;
Os diabéticos apresentaram maior ocorrência de MACE [20,1% vs 13,5%, OR 1,94 (95% CI, 1,14–3,30)], porém não apresentaram mais placas vulneráveis [OR 1,21 (95% CI, 0,86–1,69)] do que os não diabéticos.
Diabéticos tiveram mais IAMs tanto relacionados à lesão tratada previamente como de outros vasos:
IAM relacionada a lesão tratada previamente: 4.3% vs 1.1% [OR 3,78 (95% CI, 1,12–12,77)];
Outros vasos: 9,3% versus 3,8% [OR 2,74 (95% CI, 1,25–6,04)];
Apesar do maior número de eventos em pacientes com DM2 (e muito maior em insulino-dependentes), as placas vulneráveis relacionadas ao DM2 não foram identificadas pela imagem de multimodalidade utilizada (NIRS-IVUS).
Enfim, ainda não está muito claro como identificar, em pacientes diabéticos, as lesões com potencial de instabilidade no futuro.
A saúde mental dos cardiologistas
Estudo transversal
E aí, colega cardiologista, como anda a saúde mental?
No final de 2022, tivemos uma publicação no JACC que investigou a prevalência e o impacto de distúrbios mentais em cardiologistas.
A pesquisa foi realizada em 2019 e incluiu quase 6.000 cardiologistas por todo o mundo.
A cada 4 cardiologistas, 1 reportou algum tipo de transtorno mental, sendo a nossa querida América do Sul a região onde observaram a maior prevalência.
Quase metade desses cardiologistas atribuíram o transtorno à sensação de pouca valorização e baixa compensação financeira.
Os principais fatores de risco associados à piora da saúde mental foram:
Assédio emocional;
Discriminação;
Divórcio;
Idade < 55 anos.
Entre as muitas metas que estabelecemos no início de ano, priorizar a saúde mental está cada vez mais relevante.
O maior.
Caiu na Mídia
Como falar de coração sem falar de esporte? E como falar de esporte sem falar de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé?
Um dos maiores esportistas da história. O homem que mudou o futebol, o jogador que interrompeu uma guerra, as duas sílabas que qualquer um do mundo conhece há mais de 50 anos.
Como brasileiros, nós só temos a agradecer.
Descanse em paz, rei 👑.
Imagem da Semana

Olha essa belezinha de endomiocardiofibrose com comprometimento biventricular vista à Ressonância Magnética Cardíaca. Observe o ápice dos dois ventrículos bem espesso e em 3 camadas: miocárdio normal, seguido de realce tardio subendocárdico espesso, associado a defeito de perfusão importante (muitas vezes com trombo sobrejacente).
Fique por dentro
👶 Conduta expectante foi não-inferior ao tratamento precoce com ibuprofeno em prematuros extremos com Persistência do Canal Arterial.
☢️ Escore de cálcio como "triagem" nos pacientes com dor torácica? Estudo com mais de 10 mil pacientes demonstrou que o escore de cálcio 0 foi capaz de excluir DAC obstrutiva em mais de 98% dos casos (porém caiu para 89% nos pacientes < 45 anos).
✍🏼 Belo estado da arte publicado no JACC sobre a Insuficiência Mitral Funcional de etiologia atrial.
💊 Carga de placa elevada e sinais de vulnerabilidade à angiotomografia de coronárias são preditores de má resposta ao tratamento com estatinas.
🔎 Um marcador para identificar e quantificar DAC? É isso que propõe estudo publicado no The Lancet com quase 100.000 pacientes.
🧮 MIDA-Q: escore para predição de morte em pacientes com prolapso de válvula mitral!
👣 Passos são vida! Metanálise identificou que um maior número de passos por dia esteve associado à menor incidência de doença cardiovasculares.
🐀 ADAMTS-7 esteve associada à doença ateroesclerótica e já iniciaram testes de possível vacina com roedores! 2023 chegou!