Os DOACS vencem y vencem
E mais: 1001 utilidades para as estatinas; de onde vem a estenose aórtica?
Vitória dos DOACs
Revisão sistemática
Após algumas derrotas em 2022, os DOACs vêm recuperando a sua moral nesse início de 2023.
O grupo COMBINE AF publicou, esta semana, no JAMA, uma metanálise que avalia o uso dos DOACs versus a varfarina em todo o espectro da disfunção renal, em pacientes com FA.
O estudo:
Foram 71.683 pacientes com idade média de 70,6 anos e ClCr médio de 75,5ml/min (foram excluídos pacientes com ClCr<25 ml/min).
Tempo de seguimento médio: 23,1 meses
Os DOACs em dose habitual mostraram-se superiores à varfarina em relação ao risco de sangramento em SNC, risco de embolismo e risco de morte, com aumento do benefício conforme cai o ClCr.
Em relação a desfechos de sangramentos maiores, não houve diferença.
Além disso, a dose reduzida do DOAC em comparação à habitual não conferiu menor risco de sangramento e associou-se a mais mortes e eventos embólicos.
Não é mole não derrubar um DOAC (dizem que apenas um tal de INVICTUS conseguiu recentemente rs). A mensagem desta publicação é muito clara e de grande importância clínica: os DOACs são a melhor opção em pacientes com FA não valvar em pacientes com ClCr superior a 25ml/h.
Estatinas: 1001 utilidades
Coorte
Você é da época da propaganda do Bombril: 1001 utilidades?
Na cardiologia, o nosso Bombril é a estatina.
Um estudo, apresentado no congresso europeu de arritmias (EHRA), demonstrou possível benefício dessa droga em pacientes com fibrilação atrial (FA) na prevenção de eventos isquêmicos cerebrais.
Foram mais de 50 mil pacientes com diagnóstico novo de FA, dos quais 11.866 faziam uso regular de estatina.
Após um seguimento médio de 5 anos, aqueles faziam uso do fármaco apresentaram 17% menos episódios de embolia sistêmica ou cerebral (HR 0,83. 95%CI 0,79-0,89); 7% menos eventos hemorrágicos (HR 0,93. 95%CI 0,89-0,98) e 15% menos AIT (HR 0,85; 95% CI 0,80–0,90).
Tudo isso independente do uso regular de anticoagulantes.
E mais, o benefício foi ainda maior com o uso prolongado das estatinas.
Vamos aguardar o estudo oficial para mais detalhes, porém já nos indica ser mais um, entre os vários, benefícios das estatinas.
De onde vem a estenose aórtica?
Artigo de Revisão
Afinal, o que favorece o desenvolvimento de estenose aórtica (EAo) por degeneração?
Intuitivamente você deve ter pensado: "Essa é fácil! A calcificação!"
Calma, a pergunta é mais profunda: o que contribui pra que alguém apresente tal degeneração por calcificação?
Nesta semana um belo artigo foi publicado no EHJ trazendo luz ao problema.
No estudo, contribuintes genéticos foram integrados a dados funcionais, de expressão e de fenótipo cruzado para identificar mecanismos de EAo.
Muito confuso? Calma que a gente explica!
Após uma ampla avaliação genômica, além de ter sido criado um escore de risco genético, um estudo de associação de fenômenos permitiu a identificação de associação da EAo com doença arterial coronariana, valores elevados de apolipoproteína B e triglicerídeos.
E lembra da antiga discussão sobre a potencial participação da lipoproteína(a) no desenvolvimento de EA? Pois é! Tal relação de causalidade foi replicada neste estudo, que também reforçou a relação direta entre níveis elevados de índice de massa corporal e EA por degeneração.
Voltando à pergunta inicial, o que favorece o desenvolvimento de estenose aórtica (EA) por degeneração? Agora já podemos responder mais objetivamente, conforme conclusão dos autores da pesquisa:
"Dislipidemia, inflamação, calcificação e adiposidade desempenham papéis importantes na etiologia da EA, implicando novos tratamentos e estratégias de prevenção."
Vai um cigarrinho para interromper o tabagismo?
Caiu na Mídia
Foi divulgado nas mídias inglesas que 1 milhão de fumantes na Inglaterra receberão um kit gratuito de vape.
Essa medida faz parte de um projeto do governo no combate ao tabagismo.
Isso aí, vamos combater o tabagismo com mais tabagismo rs.
O receio óbvio é de que essa facilidade ao acesso dos e-cigarettes possa levar ao aumento do seu uso pelos jovens; e também que dissemine uma nova onda de vício no país, só que dessa pelos dispositivos eletrônicos.
Para evitar esses resultados, o governo pretende lançar medidas que dificultem o acesso dos menores de 18 anos aos e-cigarettes. Além disso, o objetivo é disseminar a mensagem do risco também do cigarro eletrônico e entregar os kits com mensagens positivas e orientações para interrupção do tabagismo.
Vamos concordar que é uma medida um tanto polêmica rs. Apesar de alguns estudos terem demonstrado o benefício dos e-cigarettes para cessar o tabagismo, outros alertam para o risco de um novo vício, além dos efeitos deletérios à saúde no longo prazo.
Imagem da Semana
Bela imagem de cateterismo demonstrando a calcificação no pericárdio em uma pericardite constritiva. O coração parece nem conseguir se mexer em meio a tanto cálcio.
Próxima semana, traremos a imagem das curvas de pressões ventriculares no cateterismo direito 👀, aguardem!
Fique por dentro
🙅🏽♀️ Statement da AHA sobre risco cardiovascular em mulheres.
🏥 Estudo publicado no JACC sugere que o uso de AINEs por pacientes diabéticos pode aumentar o risco de hospitalização por IC.
💊 Tratamento de hipertensão individualizado? Estudo randomizado demonstrou heterogeneidade na resposta a 4 classes de anti-hipertensivos em diferentes indivíduos.
🩸 Endotelina: sua importância e alteração com a dapagliflozina na ICFEr.
🧠 AVC em pacientes anticoagulados por a FA: resultados indicam maior recorrência de AVC e mortalidade nessa população.