Pericardite Aguda
Ainda não está seguro quanto ao diagnóstico e tratamento dessa condição?
Autora: Maria Júlia Souto (cardiologista e fellow em imagem cardiovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia)
Da série: “parece fácil, mas pode complicar a sua vida no plantão…”, dessa vez vamos discutir a Pericardite Aguda.
Definitivamente não é todo plantão que você fará esse diagnóstico, mas estima-se que 5% das admissões na unidade de emergência por dor torácica são por essa condição.
Até que não é tão raro assim, concorda?
Por isso, você que está na vida de PS cardiológico ou de visitas em enfermaria, precisa ficar bem ligado para não deixar passar essa diagnóstico e conduzir da forma correta.
📜 São poucas as atualizações sobre pericardite publicadas nos últimos anos. Dessa forma, para essa DozeNews Prime utilizamos principalmente uma completa revisão publicada no JACC (2020) e as recomendações da diretriz europeia (2015).
Principais etiologias
Quando falamos de pericardite aguda, nos referimos a uma condição que pode ser uma manifestação cardíaca isolada ou fazer parte de uma doença sistêmica (autoimune ou até neoplásica).
Assim, muito além de somente fazer o diagnóstico da pericardite precisamos estar atentos para a sua etiologia, que podemos dividir em alguns grupos:
🦠 Infecciosa - nos países desenvolvidos, os vírus são os principais agentes (muitas vezes após síndrome gripais ou gastrointestinais).
Como muitas vezes não são identificados diretamente, a pericardite presumidamente viral acaba ficando como “pericardite idiopática”. Um ótimo exemplo é uma grande coorte francesa com quase 1000 pacientes com pericardite, dos quais 55% ficaram com esse diagnóstico.
Já no grupo das bactérias, a mais comum é o Mycobacterium tuberculosis (principal causa de pericardite nos países em desenvolvimento), e muito mais raramente outros agentes como Coxiella burnetii e a Borrelia burgdorferi.
Vale marcar os raros casos de pericardite fúngica (Histoplasma - mais comum em imunossuprimidos) e por parasitas (Echinococcus e Toxoplasmas).
🛡️Autoimune - é hora de resgatar o contato daquele colega da clínica que seguiu na reumatologia rs. Nos pacientes com outros achados sistêmicos, precisamos pensar em etiologias como LES, artrite reumatoide, sarcoidose etc.
🦀 Neoplásica - aqui comumente está associada a implantes secundários metastáticos (principalmente de neoplasias de pulmão, mama e linfomas). Muito raramente pode ser primário do pericárdio (com destaque ao mesotelioma).
❗ Não esqueça! Quem leu a Prime de Cardiotoxicidade sabe bem da associação do tratamento quimioterápico (principalmente inibidores de checkpoint) e a radioterapia com a evolução com pericardite.
🔎 Outros - após injúria cardíaca, uso de medicações (LES like - procainamida, hidralazina, metildopa) e associação a condições como a amiloidose.
👀 Olho no detalhe:
A síndrome pós-injúria cardíaca ocorre algumas semanas a meses após um evento cardíaco ou procedimento.
Classicamente era composta pela pericardite pós-infarto, tanto a precoce ou epistenocárdica (até 2 semanas do evento) como a tardia ou síndrome de Dressler (2-12 semanas do evento). No entanto, com a evolução do tratamento com a angioplastia primária, esses eventos têm se tornado cada vez mais raros (1,7% e < 0,1% dos infartos, respectivamente).
Assim, outras formas de injúria cardíaca têm ganhado importância como cirurgia cardíaca, implante de dispositivos, ablação, TAVI ou muito raramente após angioplastia.
Diagnóstico
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a DozeNews - Cardiologia pela Doze por Oito para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.