Que tal se atualizar antes de ir para o bloquinho?
LDL < 20 mg/dL, foco no controle de ritmo na FA e cuidados com a TAVI. Tudo isso em ritmo de Carnaval.
Minha pequena Eva; meu pequeno LDL
Artigo Original
“Minha pequena Eva (Eva!), o nosso amor, na última astronave (Eva!)”
Seria o LDL a nossa pequena Eva? Uma coisa é certa: ele está ficando cada vez menor.
O Circulation trouxe uma subanálise do estudo FOURIER para apresentar qual o limite inferior para o LDL em pacientes com doença cardiovascular.
O estudo se intitulou FOURIER-OLE:
O estudo inicial randomizou 27.564 pacientes com DAC estável para uso do evolocumabe (um inibidor da PCSK9) vs placebo, com um acompanhamento médio de 2,2 anos.
Essa subanálise (FOURIER-OLE) foi uma extensão aberta do estudo: 6.635 pacientes foram transferidos para uso do evolocumabe, independentemente da alocação inicial do tratamento. Foram acompanhados por uma mediana adicional de 5 anos.
Ao final do seguimento, a obtenção de níveis mais baixos de LDL (até <20 mg/dL (<0,5 mmol/L)), foi associada a um menor risco de desfechos cardiovasculares sem preocupações significativas de segurança.
É impressão nossa ou esses níveis de LDL estão ficando cada vez menores? rs.
Vai sacudir, vai abalar
Consenso ESC
“Vai sacudir, vai abalar, quando o meu amor passar. Explode coração, é muita emoção no ar”.
O problema é que, às vezes, o coração está sacodindo e balançando como uma FA - e a gente não percebe.
E quando percebemos, já é tarde demais.
Por isso, a ESC lançou um consenso reforçando a triagem e o controle precoce do ritmo na FA.
Sobre esses 2 pontos, o artigo destaca:
Paciente ≥ 75 anos e/ou com fatores de risco para a arritmia se beneficiam de triagem da FA objetivando a detecção precoce para início do tratamento e prevenção de eventos.
Foco para o controle precoce do ritmo cardíaco.
A importância de tentar o retorno ao ritmo sinusal (seja com uso de drogas antiarrítmicas, ablação ou cardioversão elétrica) para melhora da qualidade de vida e redução de complicações cardiovasculares.
Realizar o controle do ritmo em conjunto da anticoagulação e do controle de comorbidades (bom e velho ABC » Anticoagulation + Better rhythm management + Cardiovascular risk management).
Lembrar que há situações em que a manutenção do ritmo sinusal não será possível 100% do tempo; e também contextos nos quais o benefício do controle do ritmo já nem existe mais (FAs de longa data, átrios gigantes, cardiopatias avançadas, fim de vida).
A tendência atual é: procurar a FA para iniciar o tratamento com controle de ritmo o mais rápido possível, antes do remodelamento cardíaco e a perpetuação da arritmia.
Você pensa que TAVI é brincadeira?
Artigo de revisão
“Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não!”
Da mesma forma que essa antiga marcha de carnaval fala que devemos ter cuidado com o álcool, também precisamos ficar alerta em algumas condutas na cardiologia.
Esse é o caso da TAVI.
Apesar de ser uma das evoluções no tratamento das valvopatias mais benéficas dos últimos anos, precisamos lembrar dos cuidados com sangramento antes, durante e após o implante da TAVI.
Por isso, o JACC lançou um interessante estado-da-arte para nos auxiliar. Aí vão as mensagens principais:
Antes da TAVI: Calcule o risco de sangramento e cheque discrasias sanguíneas. NÃO indique pré-tratamento com inibidor de P2Y12. Avalie a indicação individualmente.
Durante o procedimento da TAVI: preferência por via transfemoral + acesso alternativo radial.
Outros pontos: punção guiada por ultrassonografia, fechamento do apêndice atrial esquerdo em pacientes com FA e alto risco de sangramento, proteção contralateral em pacientes com anatomia complexa.
Após a TAVI: evidências robustas demonstram a segurança de monoterapia antiplaquetária. Caso haja indicação de anticoagulante, suspenda a antiagregação plaquetária.
Foi para o baile muito louca
Caiu na Mídia
Já diria a clássica música de Léo Santana: “misturou Tequila, Uisque e vodka. A mina vai embrazar. Vai dar PT, vai dar”.
Hit que tanto representou uma geração de jovens nas festas, parece que não inclui mais a geração Z.
Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo demonstrou que parte dos foliões estão trocando o álcool por drogas ilícitas (majoritariamente as anfetaminas), objetivando fugir dos efeitos colaterais e do alto teor calórico das bebidas.
Nessa mesma linha, relatório da ONU com jovens do EUA e Canadá demonstrou redução do consumo do álcool nesses países.
Apesar de conscientes dos malefícios do uso do álcool em grande quantidade, precisamos alertar para os riscos cardiovasculares de substâncias estimulantes, como as anfetaminas.
Vamos lembrar que essas drogas estão associadas ao risco de eventos cardiovasculares a curto (taquiarritmas, distúrbios hidroeletrólicos, eventos isquêmicos) e longo prazos.
Ou seja, não é trocando um mal por outro que vai ajudar. É necessário alertar nossos pacientes sobre os riscos de ambas as substâncias.
Imagem da Semana
Nesse clima carnavalesco, olhamos para essa artéria Circunflexa e só imaginamos as hemácias passando apertadinhas como se estivessem em um bloquinho rs.
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