Ressaca pós-Carnaval
Cura ressaca com: reestenose intra-stent, riscos do sono irregular e avaliação da EAo low flow low gradient
Começando o ano com reestenose Intra-stent
Ensaio Clínico Randomizado
Todo Carnaval tem o seu fim.
Levante a cabeça e deixa essa ressaca moral de lado. Você é um vencedor. Deixe tudo para trás e olhe todas as oportunidades que hão de surgir para você este ano.
Momento coach Doze por Oito rsrs.
Ao contrário desse pós-Carnaval, quando falamos em reestenose intrastent (ReInSt) a tendência é: não deixe nada para trás ✋🏼.
Ou seja, abrir o vaso reestenosado parece ser o melhor caminho. Veja esse estudo:
Resultado de 10 anos do estudo ISAR-DESIRE 3 confirma resultado satisfatório e seguro do tratamento com balão farmacológico na ReInSt.
Foram 402 pacientes (500 lesões ReInSt) randomizados para técnica de angioplastia:
Balão convencional (BC);
Balão farmacológico (BF);
Stent farmacológico de 1ª geração (Paclitaxel) (SF);
Desfecho primário (morte cardíaca, revascularização do vaso, IAM relacionado ao vaso tratado e trombose da lesão): superioridade do BF e SF em relação ao BC. Não houve diferença entre o tratamento com BF e SF.
Nova revascularização do vaso: novamente sem diferença entre BF e SF, os quais foram superiores ao grupo BC.
Ficou claro o benefício do tratamento da reestenose intra-stent com o BF ou com SF quando comparados ao balão convencional, no seguimento a longo prazo.
Além disso, o uso do balão farmacológico se mostrou promissor, principalmente em cenários como: pequenos vasos (< 3mm), bifurcações, doença difusa e pacientes com alto risco de sangramento.
Um detalhe: os stents utilizados foram de primeira geração (hastes maiores e com Paclitaxel), e os balões também diferem entre si. Assim, não podemos generalizar os resultados apresentados no EHJ. Mesmo assim, este estudo pode ser um marco no tratamento da ReInSt.
A cada plantão, um prego no caixão
Coorte
É isso que diz um velho ditado popular.
E você aí pensando: “meu caixão já deve estar 100% lacrado rs”.
Pior que essa história parece ser verdade (com um certo exagero, óbvio rs).
Um subestudo do MESA (Estudo Multiétnico da Aterosclerose) avaliou a associação entre a duração do sono e a regularidade do seu horário com a aterosclerose subclínica.
Mais de 2000 participantes, com idade média de 68 anos, realizaram actigrafia de pulso de 7 dias para avaliação da duração do sono, e foram submetidos a avaliações de escore de cálcio coronariano, presença de placa carotídea, espessura medio-intimal carotídea e índice tornozelo-braquial.
A regularidade do sono foi quantificada pelo desvio padrão (DP) de cada participante nos 7 dias da actigrafia.
Vamos aos resultados:
Em comparação com participantes com durações de sono mais regulares (DP ≤ 60 minutos), participantes com maior irregularidade na duração do sono (DP > 120 minutos) tinham maior probabilidade de ter uma carga elevada de cálcio na artéria coronária e índice tornozelo-braquial anormal.
Em comparação com participantes com horários de sono mais regulares (DP ≤ 30 minutos), os participantes com horários de sono irregulares (DP > 90 minutos) tinham maior probabilidade de ter uma carga elevada de cálcio na artéria coronária.
Detalhe importante: as associações persistiram após ajuste para fatores de risco de cardiovasculares, duração média do sono, apneia obstrutiva do sono e fragmentação do sono.
Tá vendo aí, Dozer? A irregularidade do sono precisa ser devidamente avaliada em nossos pacientes (e na gente também)!
A hora do pesadelo
Coorte
Acabamos de falar sobre o sono, então agora vamos discutir aquilo que traz pesadelos a qualquer um que esteja começando a estudar as valvopatias: a classificação de Estenose Aórtica (EAo).
Vamos só relembrar uma coisinha rápida:
EAo grave = Área valvar (AV) < 1 cm² (< 0,6 cm²/m²) + Gradiente médio da via de saída (GM) > 40 mmHg (D1).
No entanto ainda temos o contexto do low flow low gradient = AV < 1 cm² + GM < 40 mmHg.
Pode ser em um contexto de disfunção do VE (D2);
Ou com fração de ejeção do VE (FEVE) preservada, no entanto com cavidade e volume sistólico pequenos (D3).
Em meio a esse grande carnaval (opa, semana errada), um estudo publicado no JACC tentou entender qual é o contexto de pior prognóstico: área valvar ou gradiente.
Grande coorte com 2582 pacientes de centros terciários da França e Bélgica com EAo pelo menos moderada e FEVE > 50%.
Fora divididos em 3 grupos:
EAo grave de alto gradiente (D1);
EAo grave com baixo gradiente e FEVE normal (D3);
EAo moderada (AV > 1 cm²).
Após um seguimento de 5 anos, a taxa de sobrevida foi maior nos pacientes com EAo Moderada, seguidos por aqueles com baixo gradiente e piores naqueles com alto gradiente (58,9% vs 47% vs 41,2%, p < 0,001).
Quando comparados somente os grupos com AV < 1 cm², aqueles com baixo gradiente tiveram melhor prognóstico (45% vs 33%, p < 0,001).
A hipótese criada a partir desses estudo é que: em pacientes com EAo e FEVE preservada, quanto menor a AV pior o prognóstico, e também quanto maior o gradiente maior a mortalidade).
Pacientes com FEVE preservada, EAo grave e gradiente baixo parecem ser uma fase intermediária no continuum da patologia.
O poder do TikTok
Caiu na Mídia
Vocês acham que o TikTok tem influenciado apenas na forma de dancinhas virais?
Pois é, estávamos enganados: a influência dessa rede social chegou no consumo de medicamentos.
Uma trend que viralizou no ano passado nos Estados Unidos, estimula o uso do Ozempic (semaglutida) para perda de peso.
O impacto foi tão grande, que o antidiabético esgotou nos principais fornecedores norte-americanos.
Conforme esperado, a moda chegou ao Brasil.
Uma matéria publicada no jornal O Globo alerta sobre o risco de escassez da medicação nas principais farmácias em decorrência da divulgação indiscriminada nas redes sociais.
O problema é que esses consumidores não têm noção da utilidade desse análogo da GLP1 para diversos pacientes que de fato precisam, como diabéticos, obesos e cardiopatas; e não apenas como uma alternativa para perda rápida de peso.
Além disso, desconhecem as doses adequadas e os possíveis efeitos colaterais.
Não é tudo que vemos por aí nas redes sociais que podemos seguir. (A não ser que seja na página da Doze por Oito rs).
E é nossa função alertar os nossos pacientes sobre possíveis riscos.
Imagem da Semana
Olha essa origem anômala de coronária direita do seio coronariano esquerdo (seta vermelha), coladinha com o TCE!
Você sabe reconhecer algum fator de risco para repercussão hemodinâmica dessa origem anômala? Não? Aí vai uma dica: episódio #69 do DozeCast!
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