Revascularização precoce • estágios do choque cardiogênico • qual o melhor escore de ICFEP
Uma vitória para os críticos do ISCHEMIA?
Revascularização precoce nos pacientes com isquemia
Coorte
Desde a publicação do ISCHEMIA trial, os cardiologistas vivem um grande: “só acredito vendo; eu vendo: não acredito”.
Ou seja, muitos ainda questionam se essa ausência de benefício da revascularização precoce em pacientes com isquemia moderada a grave, pode ser refletida na vida real e para todos os pacientes.
Por isso, foi publicada, no JACC, uma grande coorte que procurou avaliar se o tratamento com revascularização guiado por isquemia teria benefício em redução de mortalidade em pacientes com função ventricular (FEVE) preservada vs reduzida.
Foi um estudo observacional com mais de 40.000 pacientes com isquemia positiva na cintilografia (SPECT), acompanhados por 11 anos.
A revascularização precoce demonstrou benefício nas seguintes situações:
Pacientes com FEVE ≥ 45%: benefício se isquemia ≥ 15% (HR: 0,70;
95% IC: 0,52-0,95 ).
Pacientes com FEVE < 45%: benefício se isquemia entre 10-14% (HR: 0,67; 95% IC: 0,49-0,91) ou ≥ 15% (HR: 0,55; 95% IC: 0,38-0,80).
Ué, foi diferente do ISCHEMIA?
Observe 2 detalhes que divergem os dois estudos (entre muitos outros - vide o editorial):
Esse estudo é observacional, enquanto o ISCHEMIA foi um ensaio clínico, no qual a terapia medicamentosa era bem melhor controlada. A figura central, demonstra a diferença em resultados nos estudos observacionais vs randomizados.
A seleção muito mais criteriosa dos pacientes em um ensaio clínico.
O que podemos trazer para a prática clínica: a vida real é muito diferente da realidade nos trials. Saiba a evidência e individualize para o seu paciente.
Nova classificação de estágios do choque cardiogênico
Coorte retrospectiva
Mais uma informação para colocarmos nos cabeçalhos das evoluções médicas: uma classificação em estágios de A a E para o choque cardiogênico.
A nova classificação utiliza parâmetros clínicos e laboratoriais para definir a gravidade do choque cardiogênico e pode ser resumida da seguinte maneira:
A: estável hemodinamicamente.
B: hipotensão (PAS < 90) ou má perfusão (lactato > 2 mmol/L, TGO > 200).
C: hipotensão e hipoperfusão.
D: falha na estabilização inicial. Má perfusão com lactato > 5. Pode haver necessidade de dispositivos.
E: choque refratário / extremo. Hipotensão com PAS < 60 ou má perfusão com lactato > 10 ou pH < 7,2.
O registro que validou a classificação, publicado no JACC da semana passada, conseguiu associar os estágios ao aumento de mortalidade, podendo ser uma ferramenta importante para avaliação prognóstica.
Será que os algoritmos H2FPEF e HFA-PEFF são tão bons (ou até melhores) que a medida invasiva de pressões para diagnosticar IC FEP?
Tipo de artigo
O diagnóstico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) em pacientes com queixa principal de dispneia é desafiador.
Várias abordagens foram propostas, mas não são bem validadas em relação ao padrão-ouro invasivo de uma pressão capilar pulmonar elevada (PCWP) durante o exercício.
Para trazer luz ao problema, um estudo retrospectivo de caso-controle avaliou a acurácia dos escores H2FPEF e HFA-PEFF comparados à avaliação invasiva.
Foram incluídos 736 pacientes com dispneia de 6 centros nos EUA, Holanda, Dinamarca e Austrália de março de 2016 a outubro de 2020.
O resultado: ambos os escores apresentaram bom desempenho no diagnóstico de IC FEP, sendo o H2FPEF com melhor acurácia.
Ficou perdido com esses escores? Ouça o episódio #17 do DozeCast com o passo-a-passo do diagnóstico da IC FEP 🎙️.
A perda do Cromossomo Y e o risco de eventos cardiovasculares
Caiu na mídia
Por que a expectativa de vida dos homens é menor que das mulheres?
“Homens são irresponsáveis e se matam por bobagem todos os dias”;
“É o efeito protetor do estrogênio”;
“Mulheres são perfeitas e merecem viver mais” .
Apesar de todas as respostas igualmente plausíveis (rsrs), um estudo recente publicado na Science e divulgado pelo NY Times, associou a perda do cromossomo Y e doenças cardiovasculares.
Também não sabíamos que era possível perder o cromossomo Y.
Aparentemente algumas células do sangue perdem o cromossomo Y com o passar do tempo - e afeta 40% dos homens acima dos 70 anos.
No estudo, os ratos machos sem o cromossomo Y nas células sanguíneas tiveram fibrose excessiva no coração, pulmões e olhos, e, consequentemente, mais IC e mortalidade.
Fica aí uma hipótese interessante para a menor sobrevida dos homens. Agora falta só entender como o cromossomo Y é perdido e como resolver.
Imagem da Semana
Reconstrução em 3D de Angiotomografia que apresenta aneurisma gigante de aorta ascendente com 90 mm de diâmetro. Observe, ainda, a relação com a raiz da aorta e o ventrículo esquerdo de dimensões preservadas. Ficaram um “nada” perto do vaso aneurismático.
Fique por dentro
🚬 Exposição dos adolescentes à conteúdos relacionados ao tabaco nas redes sociais pode estar aumentando o tabagismo.
🫀 Revisão da Circulation sobre indicação e suspensão de dispositivos de assistência circulatória no choque cardiogênico.
⚠️ Infarto em jovens (entre 20 e 49 anos) está associado a um risco aumentado de PCR.
📓 Gosta de história? Este artigo revê toda a trajetória dos stents, desde o primeiros stents metálicos até os farmacológicos de última geração.
💊 Metanálise brasileira comparou ablação versus drogas antiarrítmicas no controle de ritmo da FA, com benefício para a estratégia invasiva.