Sustos na enfermaria
FA aguda no plantão; Statement de Hipertensão Pulmonar; Marcadores de gravidade da IAo.
Fibrilação atrial: a destruidora de plantões tranquilos
Statement AHA
Imagine a situação: você está no plantão de enfermaria, acha que vai ser tudo tranquilo, até que te chamam para uma intercorrência.
O paciente está em FA.
Não há qualquer registro prévio deste achado, ele está internado por um outro motivo. O que fazer?
Para essas situações, a AHA lançou um interessante statement.
As principais orientações foram:
A FA aguda é definida como fibrilação detectada no cenário de tratamento agudo ou doença aguda, que pode ocorrer durante a hospitalização aguda por outra condição.
Está associada a alto risco de recorrência em longo prazo.
No manejo agudo, devemos dar atenção especial para os 3As:
Acute triggers - manejo dos desencadeadores agudos;
Atrial fibrillation rate/rhythm management) - gerenciamento da taxa/ritmo de fibrilação atrial
Anticoagulação.
A longo prazo, devemos abordar os 2Ms e 2As (haja sopa de letrinhas):
Monitoramento do ritmo cardíaco;
Modificação do estilo de vida e fatores de risco;
Atrial fibrillation rate/rhythm management) - gerenciamento da taxa/ritmo de fibrilação atrial
Anticoagulação.
A figura abaixo resume a abordagem proposta pela AHA:
Manejo da Hipertensão Pulmonar
Statement AHA
Seguindo a linha dos statements, a AHA lançou mais um. Dessa vez sobre um tema que se aproxima do lado sombrio da pneumologia: a hipertensão pulmonar (HP).
Direcionam a discussão para o manejo da HP no contexto de cirurgia não-cardíaca. Fizeram um texto para clínicos, cirurgiões, anestesistas e intensivistas. Sim, todo mundo foi contemplado.
O motivo para isso é simples: diversos estudos já demonstraram o quanto a HP compromete o prognóstico cirúrgico. Registro de 2004 a 2014 dos EUA observou um aumento em 43% do número de mortes, IAM e AVC no pós-operatório dos pacientes com essa condição.
Aprecie essa clássica figura que resume o ciclo mortal da hipertensão pulmonar e do comprometimento do VD:
Os principais pontos do artigo foram:
É importante reconhecer a gravidade dos pacientes e aplicar o escore de risco cirúrgico adequado para orientar a decisão cirúrgica.
Otimizar ao máximo o tratamento clínico antes da cirurgia.
Cuidados de UTI com monitorização adequada e uso correto de inotrópicos e vasopressores ou dilatadores são de extrema importância.
Lembre-se: o objetivo do tratamento não é simplesmente reduzir a pressão da artéria pulmonar, mas sim preservar a função do VD!
Como predizer desfechos na Insuficiência Aórtica?
Coorte
A pergunta do milhão de qualquer valvopatia é: quando intervir no paciente assintomático de forma que não seja cedo demais, nem que tenhamos perdido o timing de remodelamento do ventrículo?
Na insuficiência aórtica (IAo), na qual o remodelamento do VE é tão importante para a compensação cardíaca, essa pergunta é ainda mais valiosa.
Estudo publicado no JACC avaliou parâmetros na ressonância magnética cardíaca (RMC) para predizer desfechos adversos na IAo e indicar troca valvar precoce.
Já diria Sílvio Santos: “Posso perguntar?”
Vamos ao estudo:
Foram avaliados 458 pacientes com IAo moderada a grave e que tinham realizado RMC.
O desfecho primário foi composto por evolução com sintomas, FEVE < 50%, dilatação do VE com indicação de troca valvar e/ou morte.
Após um seguimento por 2,5 anos, observou-se que volume sistólico final indexado ≥ 43 ml/m² e/ou volume diastólico final indexado ≥ 109 ml/m² estiveram associados à ocorrência do desfecho primário.
Apesar de um estudo pequeno e com uma população específica, nos dá dicas do ponto de corte a partir do qual o VE começa a descompensar na IAo. Seriam, assim, potenciais indicadores para uma abordagem precoce da válvula?
Aguardamos estudos maiores e até com intervenção para estabelecermos esses valores.
Spoiler Alert!
Já está sabendo da DozeNews Prime? É a versão da news com resumos semanais atualizados de um tema da cardiologia: toda quarta-feira às 18h12.
E aí vai o spoiler: essa semana iremos discutir a viabilidade miocárdica - como diagnosticar e interpretar!
O caso de Lucas Leiva
Caiu na Mídia
Quem acompanha a mídia futebolística viu que, essa semana, o jogador do Grêmio e com passagens pela seleção brasileira e Liverpool, Lucas Leiva, aposentou-se do futebol aos 36 anos devido a uma “fibrose cicatricial do miocárdio”.
Bom, esse é o termo que os principais sites de notícia estão utilizando.
Se formos avaliar do ponto de vista epidemiológico, um quadro de miocardite prévio é a causa mais comum para justificar esse achado, e pode ser responsável por eventos arrítmicos em jovens e atletas.
A revista de cardiologia preventiva da ESC, em 2021, trouxe uma interessante revisão na qual detalha os motivos pelos quais atletas de elite têm uma predisposição a infecção virais e miocardite subsequente.
Além disso, aborda a apresentação clínica, métodos diagnósticos e manejo da miocardite e suas consequências em atletas.
Vale a leitura!
Imagem da Semana
Está ruim de trombo esse aí? Observe esses trombos intracavitários no ápice do VE identificados na ressonância magnética cardíaca após IAMcSST anterior extenso.
Lembrando que o DozeCast já tem episódio sobre o tema:
Fique por dentro
🫀 Parece que a Sarcoidose Cardíaca está em alta, hein? Foram 2 interessantes revisões sobre o tema só essa semana: da revista da ESC e do HEART.
🗣️ Aquela revisão para discussão longa na mesa do bar: qual o papel atual da angioplastia no tratamento da DAC crônica?
😮💨 Estudo europeu demonstrou a importância de um centro especializado em dispneia na investigação da IC FEP.
👸🏽 Olha aí a nossa rainha esquecida de novo: esse estudo demonstrou altas taxas de reinternação e óbito em 5 anos dos pacientes com insuficiência tricúspide grave.
☢️ Como e quando solicitar angiotomografia de coronárias no PS? Olha essa revisão do HEART sobre o tema.
🏃🏻 Para ficar atento: estudo publicado no JACC demonstrou que as principais etiologias para morte súbita em adolescentes foram cardiopatia arritmogênica, anomalias coronárias e commotio cordis.
😱 Não, ele não serve só para dar trombo! Olha esse estado-da-arte do JACC sobre as funções do apêndice atrial esquerdo.