Tenecteplase para AVCi • Tempo sentado e mortalidade cardiovascular • Tecido adiposo e prevenção
Hora de começar a ler a DozeNews de pé
Tenecteplase aprovada para AVCi
Ensaio Clínico Randomizado
Alteplase, seus dias glória no AVC isquêmico estão contados.
Durante muitos anos, a utilização de outros trombolíticos no AVC, como a Tenecteplase, era reservada para casos específicos, pelo seu baixo nível de evidência (recomendação IIb).
Até que, nessa semana, tivemos a publicação de um grande estudo canadense de não-inferioridade da tenecteplase em comparação à alteplase no AVC isquêmico.
Foi um ensaio clínico multicêntrico, aberto, controlado e analisado pelo princípio da intenção de tratar, que randomizou (1:1) 1.600 pacientes entre receber:
Tenecteplase (0,25mg/kg em bolus);
Alteplase (0,9mg/kg -10% em bolus e o restante em 1h).
O resultado foi favorável para a tenecteplase: 36,9% dos pacientes obtiveram sucesso na trombólise (pela escala Rankin modificada) versus 34,8% no grupo da alteplase, diferença significativa na definição prévia de não-inferioridade.
A partir de hoje, podemos dizer que a tenecteplase se transformou em uma alternativa plausível à alteplase no AVCi em janela.
Será que veremos mudanças nas próximas diretrizes?
Tempo sentado e sua relação com eventos cardiovasculares
Coorte
Espero que não esteja sentado para ler essa! rsrs
Foi publicado, no JAMA, um estudo que associou o tempo sentado ao longo do dia com risco de eventos cardiovasculares e mortalidade.
Foi realizado uma coorte de 100 mil pacientes (a mesma do estudo PURE que comentamos na edição passada), considerando:
Período: 2003-2021
Seguimento: 11 anos
Idade: 35-70 anos (média: 50 anos)
Distribuição entre países: baixo, médio e alto poder socioeconômico.
Tempo sentado avaliado pelo: "International Physical Activity Questionnaire"
A amostra foi separada em dois grupos: < 4 horas por dia versus ≥ 8 horas por dia. O estudo teve como objetivo avaliar desfechos clínicos como: mortalidade por todas as causas e eventos cardiovasculares.
E deu a lógica: o grupo menos sedentário teve menos eventos.
O grupo ≥ 8 horas sentado por dia esteve associado a maiores taxas de:
Desfecho composto: RR 1,19 (95% CI 1,11-1,28; P < 0,001)
Mortalidade por todas as causas: RR 1,20 (95% CI 1,10-1,31; P < 0,001)
Eventos Cardiovasculares: RR 1,21 (95% CI 1,10-1,34; P < 0,001)
O estudo reforça um conceito que já conhecemos: o poder de qualquer atividade física em reduzir nosso risco cardiovascular!
Está aí mais um motivo para sair da cadeira e mexer o esqueleto.
Tecido adiposo e o risco de IC
Coorte
“Quem vê cara não vê coração”. Será que isso vale para quem “vê gordura”?
Estudo Health ABC (Health, Aging and Body Composition) avaliou as associações de gordura intramuscular e intermuscular com incidência de Insuficiência Cardíaca (IC).
Foi uma população de 2.399 participantes composta por idosos entre 70 e 79 anos de idade, sem IC.
Tomografia computadorizada da coxa foi utilizada para classificar os pacientes quanto ao acúmulo de gordura intra e intermuscular.
E os resultados? Após acompanhamento médio de 12,2 anos, observou-se que maior gordura intramuscular, mas não intermuscular, foi associada a maior risco de IC (HR: 1,30 [IC 95%: 1,03-1,64]).
A associação foi observada em relação ao subtipo de IC com fração de ejeção reduzida, não sendo encontrada associação com o subtipo IC com fração de ejeção preservada.
Para os amantes da medicina preventiva, mais um belo estudo demonstrando a importância de concentrar os esforços na luta contra a síndrome metabólica!
Alerta aos corujinhas
Caiu na mídia
“Só mais um episódio e vou dormir”. Resultado: são 4h da manhã e você acabou os novos episódios de Stranger Things.
Se você também passou por isso, saiba: talvez esteja aumentando o seu risco cardiovascular.
Matéria publicada na Folha de São Paulo propõe que o melhor horário para dormir seja entre 22h-23h.
A notícia baseou-se em estudo inglês no qual o horário de sono de mais de 88000 indivíduos foi registrado por meio de aparelho de pulso por 7 dias.
Aqueles que dormiam entre 22h-23h apresentaram menos eventos cardiovasculares durante o seguimento de quase 6 anos, mesmo após ajustado para a qualidade do sono e outros fatores de risco.
Não foram propostas muitas justificativas para o achado no estudo.
Além disso, há fatores confundidores difíceis de serem ajustados - todos temos a impressão que aquela pessoa que se alimenta bem e faz atividade física consegue ter um horário de sono muito mais certinho.
Mesmo assim, prometemos nos controlar melhor da próxima vez que sair temporada nova da série favorita rs 🤞🏼.
Imagem da semana
Trago-lhes uma das arritmias mais temidas pelos arritmologistas e cardiologistas em geral. Paciente de 32 anos, sem comorbidades conhecidas prévias. Apresenta-se com uma fibrilação atrial pré-excitada no eletrocardiograma (QRS largo, irregular e frequência cardíaca muito elevada). O diagnóstico não é fácil e requer o eletrocardiograma basal do paciente para confirmar a presença de pré-excitação. Ah, e cuidado com adenosina nesses casos! rsrs
Fique por dentro
🍭 Saiu uma análise do Emperor-Preserved (trial que demonstrou benefício da empagliflozina na ICFEP), demonstrando que o benefício da droga independe da presença de diabetes mellitus.
💧 Revisão no European Heart Journal sobre epidmemiologia e manejo do choque de ventrículo direito.
⚡️ FA no pós operatório esteve associado a uma maior incidência de primodescompensação de IC. Editorial da mesma edição do EHJ discute evidências atuais da FA pós-operatória e perspectivas futuras.
😵 Quedas pontuais na PAS durante MAPA de 24h estiveram associadas à síncope reflexa.
🤖 Plataforma de Inteligência Artificial reduziu em 22% o tempo para o laudo de tomografias de tórax pelo radiologista.
🧮 Validada calculadora de risco para cardiomiopatia arritmogênica de VD.
⛓ Nova subanálise do ISCHEMIA que compara benefício na qualidade de vida entre tratamento clínico vs. invasivo conforme a função renal. Resultado sugere: quem tem rins bons controla melhor os sintomas com tratamento invasivo!
📐 Novos resultados quanto à margem de segurança do valve-in-valve mitral com sedação mínima. Venha conhecer a abordagem minimalista!
⚡️ Publicado revisão na JACC sobre as síndromes arritmogênicas. Mergulha fundo nas novas recomendações de investigação após uma morte súbita abortada.
🫀 Empagliflozina associada à terapia diurética aumentou débito urinário, sem piora de função renal, na IC aguda.