Terapia combinada (estatina + ezetimiba) após angioplastia
Pitavastatina reduz desfechos no HIV e evidência de benefício sintomático de abrir oclusões crônicas
Como fica a prescrição da estatina após a angioplastia?
Coorte (JACC)
Sempre vale lembrar: de nada adiantar revascularizar uma lesão e não otimizar as medicações para controle da DAC a longo prazo.
A grande dúvida é saber qual as medicações ideais para esse tratamento.
O estudo RACING, publicado no JACC, comparou a prescrição de estatina de alta potência (rosuvastatina 20 mg/dia) ou estatina de moderada potência (rosuvastatina 10 mg/dia) + ezetimiba 10 mg/dia em pacientes após angioplastia (ATC) eletiva.
Foi um estudo observacional, que acompanhou 72050 pacientes (10794 no grupo da terapia combinada; e 61256 na monoterapia) para avaliar um desfecho primário composto por morte cardiovascular, IAM, revascularização, hospitalização por IC ou AVC.
Após 3 anos, os pacientes em uso da rosuvastatina + ezetimiba apresentaram menos eventos cardiovasculares que aqueles em uso apenas da rosuvastina (HR: 0,75; 95% IC: 0,70-0,79).
Esse achado pode ter sido consequência da menor taxa de descontinuação das medicações e menos evolução com diabetes no grupo da terapia combinada.
Assim, a associação de uma estatina de moderada potência com o ezetimibe parece ter melhorado a adesão medicamentosa dos pacientes após ATC, reduzindo desfechos cardiovasculares.
Uma ótima opção para otimizar a prescrição dos nossos pacientes após a revascularização!
O desafio das oclusões crônicas
Metanálise (JAMA)
Responda na ponta da língua: existe benefício em abrir uma oclusão coronariana crônica (CTO para os íntimos) ?
Se precisou pensar demais… o JAMA veio para te ajudar com essa meta-análise sobre a revascularização percutânea de lesões crônicas ocluídas.
Pesquisadores italianos realizaram a metanálise de 7 estudos prévios (entre randomizados e observacionais), como objetivo avaliar se o tratamento de CTOs reduziria frequência de angina.
Como objetivos secundários foram avaliadas a melhora da qualidade de vida e da limitação física aos esforços.
Resultados:
2500 pacientes
idade média: 61,2 (2,1) anos
Seguimento médio: 14,8 meses
Em procedimentos com sucesso, obteve-se
Redução da frequência de angina: “SAQ angina” (questionário de sintomas) com desvio médio de 12.9 pontos [95% CI, 7.1-19.8 pontos] e diferença média de 0.54 [95% CI, 0.21-0.92];
Menor limitação física: “SAQ” com desvio de 9.7 pontos [95% CI, 3.5-16.2 pontos] e diferença média de 0.42 [95% CI, 0.24-0.55];
Melhor qualidade de vida: “SAQ” com desvio médio de 14.9 pontos [95% CI, 7.7-22.5 pontos] e diferença média de 0.41 [95% CI, 0.25-0.61];
O estudo pode concluir que houve melhora sintomática de pacientes submetidos com sucesso de recanalização de uma CTO.
Ou seja, estes dados sustentam a conduta de recanalização da CTO para redução de sintomas em pacientes já com terapia médica otimizada.
Vale lembrar sempre de colocar o risco de um procedimento complexo na balança, o que não foi avaliado no estudo em questão.
Redução de risco cardiovascular no paciente com HIV
ECR (NEJM)
Desde a faculdade aprendemos que o risco cardiovascular é maior entre pacientes com infecção pelo HIV. Porém, são poucas as orientações sobre o que devemos fazer na sua prevenção primária.
Parece que o jogo virou! Foi publicado no NEJM um estudo que avaliou a prescrição de pitavastatina em pacientes com HIV e risco cardiovascular baixo a moderado.
Senta aí e confere os detalhes:
- População do estudo: foram incluídos 7769 pessoas vivendo com HIV em terapia antirretroviral (a maioria com carga viral abaixo da quantificação).
- Intervenção: pitavastatina 4 mg/dia.
- Controle: placebo.
- Outcomes (desfechos): um composto de morte cardiovascular, IAM, hospitalização por angina instável, AVC, AIT, isquemia arterial periférica, revascularização, ou morte por causa indeterminada.
- Tempo de seguimento: mediana de 5,1 anos (interrompido precocemente por demonstração de eficácia).
A pitavastatina reduziu significativamente o risco de eventos cardiovasculares adversos maiores, comparado ao placebo (HR de 0,65; IC de 95% - 0,48 a 0,90; p=0,002).
E quanto aos efeitos colaterais? Sintomas musculares ocorreram em 91 participantes (2,3%) no grupo pitavastatina e em 53 (1,4%) no grupo placebo; DM ocorreu em 206 participantes (5,3%) e em 155 (4,0%), respectivamente.
Parece que essa nova estratégia de prevenção primária pode ser uma grande aliada na redução do risco cardiovascular entre as pessoas com HIV. Mantenha-se atualizado e continue fazendo a diferença!
Mais um susto no esporte
Caiu na Mídia
Após discutirmos eventos cardiovasculares em atletas de futebol, essa semana o susto foi no basquete: o filho do astro Lebron James, Bronny James, de apenas 18 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante um treino nos EUA.
Felizmente, as medidas foram tomadas de forma eficiente, e Bronny já recebeu alta hospitalar após a investigação clínica.
Ainda temos poucas informações quanto a etiologia do evento, mas estudos prévios indicam como principais causas: cardiopatias (em destaque a cardiomiopatia hipertrófica), a origem anômala de coronárias e miocardite.
Ainda no mundo do basquete, Shareef O’Neal (também filho de uma lenda: Shaquille O'Neal) precisou ser submetido a uma cirurgia aos 18 anos para a correção de uma origem anômala de coronária, e hoje segue como atleta profissional.
Enquanto torcemos pela boa recuperação de Bronny, precisamos tirar 2 relevantes lições do evento:
A importância do rastreio cardiovascular em atletas.
É essencial o treinamento de RCP em academias e centros esportivos para atendimento rápido nesses casos.
Imagem da Semana
Pseudoaneurisma observado à ventriculografia em paciente após IAMcSST com oclusão da artéria DA.
Fique por dentro
⚡ Foi a vez da Inglaterra lançar seu guideline: nova diretriz do NICE (o instituto de saúde inglês) quanto ao manejo de arritmias atriais e ventriculares.
🤩 Quem não gosta de um boa artigo de revisão? Olha esse publicado no HEART sobre a anomalia de Ebstein em crianças e adultos.
🧠 Editorial do EHJ questiona: o risco de FA deve mitigar o fechamento de FOP em AVCs critptogênicos?
🔪 Pacientes com EAo assintomática devem passar por intervenção? Grande debate do EHJ nessa semana!
🧪 Proteína C Reativa é marcador de risco independente para evolução com IC em pacientes com diagnóstico de DAC.
🥈 Interessante revisão do JACC sobre mecanismos de evolução com aneurisma de aorta em pacientes com valva aórtica bicúspide.