Tratamento da Valvopatia Mitral • IC em jovens • Terapia fármaco-invasiva no IAMcSST
Dia de jogo (de novo). Deu sorte semana passada, então sugiro ler hoje também
Novos horizontes no tratamento da valvopatia mitral
Artigo Original
Há algumas edições, concordamos que a valva mitral é a mais complicada das estruturas cardíacas.
A variedade de opções para o tratamento da valvopatia mitral é de deixar qualquer um louco.
O MITRAL trial avaliou os desfechos de pacientes submetidos ao implante percutâneo de prótese mitral - valve-in-valve vs valve-in-MAC vs valve-in-ring.
Objetivo: avaliar desfechos de intervenção percutânea mitral em 2 anos.
População: pacientes com disfunção mitral devido a calcificação com intervenção prévia e alto risco cirúrgico.
Intervenção: prótese balão expansível
31 pacientes com calcificação anular → valve-in-MAC (ViMAC)
30 pacientes com anuloplastia mitral → valve-in-ring (ViR)
30 pacientes com disfunção de prótese biológica → valve-in-valve (ViV)
Resultados:
Todos os grupos tiveram melhora de classe funcional e qualidade de vida. A maioria dos pacientes mantiveram NYHA I-II ao final de 2 anos de seguimento com gradientes baixos: 66,7% (ViMAC), 65% (ViR) e 85% (ViV).
O ViV parece ser o mais promissor, tendo apresentado os melhores resultados clínicos e também a menor mortalidade (apenas 6,2%) no seguimento em 2 anos.
Terapia fármaco-invasiva no IAMcSST
Artigo Original
O European Heart Journal publicou um interessante estudo australiano que comparou estratégias no tratamento de IAMcSST.
Os australianos falharam em eliminar a Argentina da copa, mas ainda gostamos deles.
Desenho do estudo:
Estudo retrospectivo de 2003 a 2014;
Objetivou comparar o desfecho tardio de pacientes com IAMcSST submetidos a terapia fármaco-invasiva (trombólise + PCI programada ou de resgate) ou intervenção coronária percutânea primária.
Resultado principal:
Terapia fármaco-invasiva reduziu mortalidade em comparação com PCI tardia (> 120 min do contato médico).
Mais um estudo que mostra que se for inviável realizar a PCI primária em menos de 2 horas, prescreva trombolítico sem medo!!
Aproveitamos para homenagear o Prof. Dr. Antonio Carlos Carvalho da EPM-UNIFESP que, há muitos anos, acreditou no potencial da estratégia fármaco-invasiva e estabeleceu uma rede para tratamento do IAMcSST na zona Sul de SP.
Entendendo a IC nos jovens
Coorte
Se na Copa do Mundo os franceses estão mandando bem, pelo menos na Cardiologia eles são nossos aliados.
Grande coorte publicada no EHJ objetivou entender melhor o perfil da IC em adultos jovens (18 a 50 anos).
Dados do banco de saúde nacional, de 2013 a 2018, trouxeram algumas observações interessantes:
De um total de 1.486.877 pacientes hospitalizados por IC no país, 4,7% apresentavam idade entre 18 e 50 anos;
Durante o período do estudo, a incidência geral de IC tendeu a diminuir na população geral, mas aumentou significativamente em adultos jovens (p < 0,001), sobretudo entre os homens entre 36 e 50 anos.;
Nesses homens jovens, a doença isquêmica do coração (DIC) foi a causa de IC mais frequentemente relatada.
Pacientes jovens com IC apresentaram altas taxas de fatores de risco tradicionais de DIC, incluindo obesidade, tabagismo, hipertensão, dislipidemia ou diabetes.
Pois é, os fatores de risco tradicionais de DIC vem causando estragos nos corações dos jovens franceses...
Será que o menino Mbappé vai trazer um alento para os corações franceses e um tormento para os brasileiros? Esperamos que não.
Vai um salzinho aí?
Caiu na Mídia
Todo mundo tem aquele amigo que coloca sal extra na comida parecendo que quer tomar o Mar Morto inteiro.
Se você é o amigo, fique alerta:
O Medscape publicou, essa semana, uma matéria sobre a relação entre a adição de sal na dieta e eventos cardiovasculares.
Baseou-se em grande coorte inglesa, publicada no JACC, na qual 176.570 adultos foram acompanhados por 11,8 anos.
Os participantes do estudo respondiam um questionário que perguntava: “você adiciona sal na sua comida (além do utilizado para cozinhar)?”
Nunca ou raramente;
Às vezes;
Normalmente;
Sempre.
No fim, aqueles que responderam nunca ou raramente tiveram menores taxas de eventos cardiovasculares, DAC e IC quando comparados ao que responderam sempre (23%, 26% e 37% menos, respectivamente).
E mais, quando combinado baixa adição de sal + dieta DASH, o risco de eventos foi ainda menor.
Pegue leve no sal na pipoca durante o jogo!
Imagem da Semana
Essa angioplastia de artéria renal com implante de stent só não é tão linda quanto o segundo gol do Pombo no primeiro jogo do Brasil.
Vem, férias, sua linda
Comunicado
É, meus amigos, nós também somos filhos de Cristo.
A DozeNews vai aproveitar a morosidade científica de fim de ano, para dar uma pausa por 3 rápidas semaninhas.
Não morram de saudades!
Já anotem na agenda a nossa programação:
No dia 02/01/23 estaremos de volta com tudo o que rolou no tempo que estivemos off.
E, no dia 09/01/2023 , teremos uma edição especial com a retrospectiva de tudo o que teve de melhor em 2022!
Até 2023!
Fique por dentro
🫀 Já pensou pré-planejar uma revascularização com a realização de uma Angiotomografia de Coronárias? É isso que propõe esse statement publicado na Eurointervention.
🎥 Confira, em 20 minutos, como avaliar o VD com POCUS! Belo vídeo do NEJM sobre o tema.
🇩🇰 O Danish Registry ataca novamente: DM 2 associado a BAVT!
⏳ Fibrilação Atrial: duração por mais de 1 hora ou permanência > 0,1% associado a maior procura por serviços de saúde!
👫 Intervenção valvar tricuspídea: sem diferença entre homens e mulheres e prognóstico de curto prazo.
💉 TAVI transfemoral: volume de procedimentos parece não influenciar mortalidade associada ao procedimento.
🍔 Lp(a) novamente associada a maior risco CV. Desta vez, em jovens!
👶🏼 Interessante revisão do JACC sobre o manejo de IC em pacientes adultos com cardiopatias congênitas.