Trombo no VE • Escore de cálcio • GRACE 3.0 • Setembro amarelo
O que deixa um cardiologista triste?
Trombo no VE - o que fazer?
Scientific Statement
Como deixar um cardiologista frustrado: lidar com temas com pouca evidência científica. Trombo em VE é um desses.
E olhe que a gente tentou deixar o negócio mais simples no espetacular episódio #43 do DozeCast (sem clubismo).
Ciente das dificuldades (especialmente dos gringos que não têm o DozeCast para salvá-los rsrs), a AHA tentou compilar as 8 principais dúvidas sobre o tópico:
Situação mais comum de trombo em VE: cardiopatia isquêmica.
Maior risco: primeiros 3 meses após IAM (principalmente anterior extenso).
Maior risco de tromboembolismo: trombos protusos e móveis.
Melhor momento para detecção do trombo: 1 -2 semanas após um IAM.
Opções caso não encontre o trombo pelo ecocardiograma convencional: ecocardiograma com contraste ou a ressonância magnética cardíaca.
Anticoagulação profilática existe? Não há, hoje, recomendação formal.
Qual anticoagulante oral utilizar? Antagonista da Vitamina K (AVK) ou DOAC são equivalentes.
Trombo persistente (> 3 meses de anticoagulação):
Se DOAC (e bem aderente, né?): trocar para AVK.
Se AVK fora da faixa por > 70% do tempo: trocar para DOAC.
Se AVK adequado: heparina de baixo peso molecular.
Se trombo laminar e calcificado: razoável discutir suspensão ou manutenção prolongada de acordo com risco hemorrágico e preferência do paciente.
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A Era do Escore de Cálcio
State-of-the-art
Apoiadores e antis preparai-vos!
Tragam os seus argumentos, pois o JACC: Cardiovascular Imaging preparou uma grande revisão com as indicações atuais do uso do Escore de Cálcio (EC) ao redor do mundo.
E não foi pouca coisa. Jogaram no mesmo balaio as evidências das diretrizes americana, canadense, europeia, britânica, australiana e neo-zelandesa, japonesa e chinesa!
No fim, até que concordaram mais que discordaram:
Principal população para indicar o método: > 40 anos, com risco intermediário e assintomático.
Nesse grupo, EC = 0 baixa o risco cardiovascular e EC > 100 aumenta, auxiliando, assim, na indicação do uso de estatina.
Há discordâncias quanto ao início do AAS para profilaxia primária guiado pelo escore de cálcio.
Também não há consenso como guia nas metas do tratamento anti-hipertensivo.
GRACE 3.0: melhor acurácia prognóstica para SCASSST no sexo feminino
Coorte
Finalmente uma ferramenta para driblar a tradicional subestimativa de risco da SCA sem SST no sexo feminino.
Pesquisadores utilizaram modelos de machine learning para montar a versão 3.0 do famoso GRACE , a partir de dados de 386.591 pacientes do Reino Unido.
A validação externa do escore GRACE 3.0 foi feita em 20.727 pacientes da Suíça.
E quais diferenças foram encontradas entre o modelo tradicional e o 3.0?
Como sabemos, o GRACE 2.0 discriminou bem o risco de óbito hospitalar para o sexo masculino, mas mal para o feminino.
Já o GRACE 3.0 foi um bom preditor para ambos os sexos:
AUC de 0,91 (IC 95% 0,89–0,92) em pacientes do sexo masculino;
AUC de 0,87 (IC 95% 0,84–0,89 ) em pacientes do sexo feminino.
E ainda, o GRACE 3.0 levou a uma reclassificação clinicamente relevante de pacientes do sexo feminino para o grupo de alto risco, o que faz com que uma proporção maior de mulheres sejam submetidas à estratégia invasiva precoce.
É, queridos Dozers, as mulheres estão em alta nas terras da rainha (digo, do rei agora)!
80º Curso Intensivo de Cardiologia
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Na semana que vem acontecerá um dos cursos mais tradicionais de cardiologia do país: o curso intensivo de cardiologia do Instituto Dante Pazzanese, em sua 80ª edição.
Aqui você encontra toda a programação do evento, contando com participação dos dozers Diandro Mota, Rapha Rossi e Victor Bemfica.
Seu brilhantismo vem de um evento 100% presencial (apostando em uma experiência única de aprendizado e networking), reunindo os maiores nomes de cardiologia do país para discussão de casos clínicos.
E o melhor, o preço é bem acessível.
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Setembro Amarelo
Caiu na Mídia
O mês de setembro é um arco-íris inteiro. É setembro verde para conscientizar sobre doação de órgãos, vermelho da saúde cardiovascular, roxo da fibrose cística, tem até dourado (dourado é cor?) do câncer infatojuvenil.
Vamos falar daquele que muitas vezes nós, cardiologistas, mais esquecemos: o amarelo.
Na semana que vimos o grande cineasta francês Jean-Luc Godard falecer após um suicídio assistido, nós te perguntamos: você se preocupa com a saúde mental do seu paciente cardiopata?
Você sabia que doenças cardiovasculares estão associadas a quadros depressivos? Uma grande coorte dinamarquesa observou um aumento importante no risco de suicídio nos primeiros 6 meses após o diagnóstico de IC (HR: 2,38; 95%IC: 2,04–2,79).
E não é exclusividade dos europeus. Estudo tailandês com mais de 5000 pacientes encontrou resultados semelhantes. Além de revisões menores brasileiras que apresentam esses riscos na nossa população.
Ou seja, sempre que diagnosticar e iniciar o tratamento cardíaco do seu paciente, lembre-se da parte essencial da consulta: a conversa. Se sinais de depressão ou outros transtornos psiquiátricos, o encaminhamento a um especialista em saúde mental é essencial.
Imagem da Semana

Paciente jovem com disfunção ventricukar grave aguda em pós-op de colecistectomia complicada com peritonite. Troponina explodiu e esse foi o resultado do cateterismo: coronárias sem lesões obstrutivas, acinesia dos segmentos basais do VE e hipercinesia apical (Síndrome de Takotsubo).
Fique por dentro
📊 Como utilizar os escores de risco cardiovascular para auxiliar o manejo do IAM sem supra? Essa semana saiu grande revisão do BMJ sobre o tema.
⏳ Parece que o tempo de exposição à hipertensão, ou seja, a PA cumulativa, foi um melhor preditor de eventos cardiovasculares que medidas da PA isoladas em diabéticos.
🧈 Sabia que 13% dos pacientes incluídos no ISCHEMIA na verdade não tinham lesões obstrutivas? Eram na sua maioria mulheres, mais jovens e com menos isquemia, conforme apresentado em estudo publicado no JACC Cardiovascular Imaging.
📺 A angiotomografia de coronárias se mostrou mais segura do que a realização do escore de cálcio isoladamente na investigação de DAC em pacientes em profissões de alto risco.
💊 Saiu no NEJM o artigo apresentando na ESC sobre a polipílula, reduzindo desfechos na prevenção secundária!
🫃 Sedentarismo associado à IC FEP? É o que propõe essa revisão publicada no JACC.
🧪 Ajuste de troponina de acordo com sexo e idade? Ganha-se especificidade mas perde-se sensibilidade em pacientes > 75 anos.