Domingão noite e aqui estou para contar uma história para vocês, envolvendo o perigo de separarmos a teoria da prática.
Eu me lembro como se fosse ontem: 19h da noite e eu chegando em meu primeiro plantão de um hospital novo, um pronto-socorro enorme totalmente focado em doenças cardiovasculares.
Um local em que sempre sonhei em estar, porém me deparando com uma complexidade enorme de casos no qual a minha vida até então não tinha me preparado para lidar.
É claro, eu não deveria me preocupar com isso, pois estava lá com o objetivo de aprender no longo prazo.
Mas era nítida a falta de conteúdo teórico para esse plantão.
Algo que me desse todo o suporte que eu precisava para aproveitar ao máximo aquele momento, tanto pro meu aprendizado nas discussões, como para poder entregar o melhor para o meu paciente.
Algo que me desse a base para extrair o melhor de toda a situação (pacientes, recursos, preceptores) para conseguir aprender e exercer uma medicina mais precisa.
Preso em um looping de seguir condutas sem questionamentos, prescrever receitas de bolo e seguir pequenos resumos de aplicativos (o que faz a medicina parecer fácil), muitas vezes pensei que estava fazendo o correto, quando na verdade só descobri meus erros depois que sentei no escritório e estudei o conteúdo a fundo de fato.
O principal problema é que muitas vezes não percebemos a gravidade disso tudo.
Algo muito perigoso em uma crescente de processos médicos.
De acordo com pesquisa elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), junto a outras instituições, atualmente, o Brasil possui cerca de 570.000 processos, para um total de 560.000 médicos ativos.
Ou seja, a média de processos por médico é de praticamente 1. Entre 2021 e 2022, houve aumento de 19% de processos sobre saúde!
E a tendência, seguindo padrões norte-americanos, é de aumentar ainda mais.
É por esses motivos que nós, da Doze por Oito, como já demos alguns spoilers em edições anteriores, desenvolvemos o DozeCampus 🏛️, um portal de cardiologia com seu primeiro conteúdo sendo a Imersão em Emergências Cardiovasculares, um curso completo que gostaríamos de ter tido o acesso quando estávamos começando nos plantões de alta complexidade.
A Imersão em Emergências Cardiovasculares vai fornecer o que você precisa para conduzir seu plantão com segurança e subir o nível das suas discussões durante o processo de aprendizagem na prática.
Eu sou o Mateus Prata, sou médico cardiologista, com especialização em emergências cardiovasculares, onde me dediquei os últimos dois anos a uma vivência diária de emergências cardiovasculares de alta complexidade.
Inclusive, também concluí meu mestrado no tema, em síndrome coronariana aguda.
Junto comigo conto com mais 3 especialistas, professores e sócios-fundadores da Doze por Oito, e 1 professor neurologista convidado, todos extremamente capacitados para esse conteúdo.
Mas claro, nem sempre fomos seguros para conduzir casos complexos em pronto-socorro de cardiologia.
Me incomodava muito, por exemplo, entre vários tópicos das emergências cardiovasculares, o manejo da Angina Instável.
Certa vez atendi um paciente (o chamaremos ilustrativamente de João) hipertenso e tabagista ativo, relatando um quadro de, há 02 horas, ter apresentado dor torácica típica, em aperto, de forte intensidade, com irradiação e sudorese, que durou cerca de 30 minutos.
Sim, um quadro de livro: não havia como não se preocupar.
Porém ao chegar no Pronto-Socorro, já sem dor, o eletrocardiograma do “João” estava normal e as troponinas ultrassensíveis não curvaram os famosos 20%.
Eu realmente não sabia o que fazer.
Deveria internar esse paciente e solicitar algum exame?
Deveria dar alta e encaminhar para o ambulatório?
Calcular algum escore (como o HEART) realmente me ajudaria?
Mandaria para o CATE?
Optei por internar, sem saber se estava conduzindo da maneira correta e, ao chegar em casa, resolvi procurar por respostas.
Nessa procura por respostas do dia-a-dia tanto eu, quanto os outros professores aqui da Doze, compartilhávamos das mesmas angústias: uma incompatibilidade tremenda entre a literatura internacional e o que víamos acontecer na prática em diversos hospitais.
De maneira não incomum, nos deparávamos com frases como:
“No livro é uma coisa, a vida real é outra”
“Quem escreve as diretrizes não atende paciente”
“Emergência se aprende é na prática”
Será que realmente na prática, a teoria é outra? Será que estamos interpretando a teoria errado? Ou fazendo errado na prática?
O que eu deveria ter feito com o João, de acordo com a literatura? Será que eu realmente fiz O CERTO?
Vamos conversar mais sobre isso em 02 dias, até lá, quero seu palpite:
Voltamos na terça-feira, 11/04, 18 horas.