Autor: Marcos Meniconi (cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese; hemodinamicista e especialista em cardiologia intervencionista pelo InCor)
Antes de tudo, já deixo o alerta: essa edição da DozeNews Prime não vai falar de todo o tratamento da cardiomiopatia hipertrófica (CMH).
Ahhh… então não serve pra nada?
Calma, jovem padawan, confia na gente!
A CMH é uma doença complexa, que exige um clínico afiado pra lidar com os três cavaleiros do apocalipse: insuficiência cardíaca (geralmente diastólica), fibrilação atrial com risco embólico e morte súbita. Já abordamos o manejo geral da CMH na nossa edição anterior com base na última diretriz – vale demais o clique!
Mas hoje, o foco é outro: vamos direto pra parte da CMH obstrutiva, aquela em que o gradiente de pico na via de saída do VE (VSVE) ultrapassa 30 mmHg.
❗️Lembrando: o ponto de corte para chamar de “obstrutiva” é ≥ 30 mmHg, mas a obstrução costuma causar sintomas mesmo acima de 50 mmHg.
Para uma Prime que começou com uma ressalva, já temos ao menos uma informação importante rs.
O fenótipo obstrutivo da CMH tem prognóstico pior e maior chance de evolução pra doença avançada e desfechos graves. Enquanto a forma não obstrutiva progride para CF III/IV em cerca de 1,6% ao ano, a forma obstrutiva em repouso pode chegar a 7,4% ao ano — e cerca de 1 em cada 3 pacientes é altamente sintomático!
Ou seja: o buraco é mais embaixo — e o tratamento precisa ser mais agressivo.
Mesmo sabendo que a MCH é causada por desorganização dos miócitos, a obstrução da via de saída piora tudo: aumenta o estresse na parede do VE, pressiona a diástole, promove fibrose, reduz o débito cardíaco e desencadeia sintomas como angina, síncope e intolerância ao esforço.
Até que surja uma droga mágica que reduza a hipertrofia sem gerar fibrose ou disfunção... a intervenção mecânica continua sendo essencial no manejo da CMH obstrutiva — com impacto em sintomas e prognóstico.
Na sequência, a gente entra de cabeça nos detalhes: medicações, quando insistir no clínico e quando partir pro “mão na massa” com abordagem invasiva.
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