É Halloween na DozeNews
Diretamente do cemitério do 12x8 na hipertensão até um suspense no tratamento da IC
Filme de terror no tratamento da IC
Artigo de Revisão (JACC)
O tratamento da IC por vezes parece fazer parte do filme Psicose: tudo começa fácil e tranquilo (enquanto estamos prescrevendo as medicações), mas o perigo está à espreita e vai descompensá-lo na primeira oportunidade:
Orientações quanto ao estilo de vida e práticas no dia a dia são essenciais para protegê-lo.
Tudo vai muito além do tratamento medicamentoso, os ajustes começam na cozinha, passam pelo travesseiro e chegam até o estresse no trabalho (um verdadeiro seria killer rs).
Por isso, o JACC nos presentou com uma relevante revisão com algumas dicas do manejo do tratamento não medicamentoso da IC.
Vamos dar uma de Jack, o estripador, e avaliar por partes cada uma delas (ok, paramos com as piadas rs):
Vigilância na alimentação é essencial: a recomendação fica por conta das dietas DASH e mediterrânea, que associaram-se à redução da mortalidade e melhoria da função diastólica e da rigidez arterial em pacientes com hipertensão e IC com fração de ejeção preservada.
Já o controle do sódio, amplamente recomendado na prevenção de congestão, falhou em demonstrar benefício nos últimos ensaios randomizados (quem não lembra do SODIUM-HF?), devendo assim ser individualizada.
Exercício e reabilitação cardíaca: programas de reabilitação cardíaca são altamente recomendados para proporcionar estrutura e supervisão durante o treinamento de exercícios. Isso ajuda a promover atividade física e melhoria clínica em pacientes com IC, abordando também multimorbidades e aderência à medicação.
Sono: anormalidades respiratórias durante o sono são comuns em pacientes com IC e estão associadas à progressão dos sintomas, hospitalizações e mortalidade. O tratamento inclui CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) ou outras intervenções para melhorar a qualidade do sono e a oxigenação noturna.
Transtornos de humor: Depressão e ansiedade são comuns em pacientes com IC e estão associadas a piores resultados clínicos. Recomenda-se triagem e tratamento, que podem incluir terapia comportamental cognitiva (CBT) e exercícios, os quais têm mostrado melhora nos sintomas depressivos.
Se quiser se aprofundar, vale a pena dar uma olhada no artigo completo publicado no JACC!
E ainda deixamos a dica de um bom filme para o Halloween: o clássico Psicose!
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O Fantasma da Fibrilação Atrial: quando os sintomas enganam os desfechos?
Metanálise (Circulation)
Hoje, quando falamos de fibrilação atrial (FA) a conduta está amplamente voltada para melhora da qualidade de vida do paciente e redução de sintomas, seja por meio de estratégias de controle de ritmo ou da frequência.
Será que somente nesses casos devemos nos preocupar? Do ponto de vista de desfechos clínicos e eventos tromboembólicos, o paciente sintomático tem uma evolução desfavorável?
Esta é a pergunta de uma meta-análise publicada no EHJ desta semana. Vamos entender:
A revisão incluiu 36 estudos e 217.850 pacientes com o objetivo de avaliar a associação entre sintomas e ocorrência de desfechos duros em pacientes com FA.
Não houve diferença estatística em nenhum desfecho duro analisado entre o grupo de pacientes sintomáticos e assintomáticos:
Morte: HR 0.97, 95% CI 0.80–1.17
Morte cardiovascular: HR 1.04, 95% CI 0.72–1.49
Tromboembolismo: HR 1.06, 95% CI .87–1.28
Hospitalização: HR 1.34, 95% CI .89–2.02
AVC: HR 1.06, 95% CI .84–1.34
Infarto agudo do miocárdio: HR .98, 95% CI .70–1.36
Porém os pacientes sintomáticos apresentaram menor chance de progressão para FA permanente, maior uso de antiarrítmicos e foram mais submetidos a ablação.
Evolução para FA permanente: HR 0.70, 95% CI .54–.89)
Uso de antiarrítmicos: odds ratio [OR] 1.64, 95% CI 1.33–2.03
Realizado ablação: OR 1.47, 95% CI 1.06–2.05
Ou seja, a presença de sintomas não alterou o risco de desfechos maiores, estando pacientes assintomáticos mais propensos a evolução para FA permanente.
Esta metanálise embasa a importância do cuidado com a FA na prevenção de eventos independentemente da presença de sintomas. É interessante notar que a clínica pode motivar o cardiologista a tratar e evitar a progressão para FA permanente, submetendo mais os pacientes ao uso de antiarrítmicos e ablação. Já dizia minha avó: “há males que vem para o bem!”.
O louco da UTI: uso de beta-bloqueador no choque séptico?
Ensaio clínico randomizado
Se você trabalha em UTI já deve ter se deparado com a seguinte problemática:
Paciente com choque séptico, você já estabilizou da melhor forma possível (volume, vasopressores, ATB e todo aquele velho combo), no entanto ele mantém-se taquicárdico.
Enquanto uma FC de 80-94 bpm é considerada com um bom equilíbrio para a melhoria da função cardíaca e a preservação da hemodinâmica sistêmica; a FC que mantém-se ≥ 95 bpm está associada a pior prognóstico, com prejuízo à pré-carga e à perfusão coronariana.
Quem nunca teve o pensamento intrusivo: “e se eu fizesse um beta-bloqueador?”
Felizmente, uma voz de bom senso nos disse que não parece uma boa ideia rs (o risco maior aqui seria bagunçar toda a estabilidade hemodinâmica que tanto lutamos para atingir).
E se usássemos um beta-bloqueador de ação ultra-curta (ou seja, uma meia-vida de 4 minutos; mais curto até que a do esmolol de 9 minutos)?
Foi sob essa perspectiva que foi publicado o estudo multicêntricico Landi-SEP, que randomizou 196 pacientes com choque séptico e taquicardia persistente, para receber o landiolol ou placebo.
O desfecho primário composto foi a resposta da FC (ou seja, FC na faixa de 80-94 batimentos por minuto) e sua manutenção sem aumento nas necessidades de vasopressores nas primeiras 24 horas após o início do tratamento.
As expectativas foram devidamente atingidas: uma proporção significativamente maior de pacientes no grupo do landiolol atingiu esse endpoint (39,8% vs 23,5%; IC 95%: 3,4–28,8%; p=0,013).
No entanto, não houve diferenças estatisticamente significativas nos resultados secundários de eventos adversos entre os grupos.
Apesar de demonstrar a segurança do landiolol para controle da FC no choque séptico sem exigir aumento nos vasopressores, a falta de benefício clínico (em concordância com outros estudos sobre o tema) nos mostram que essa ainda não é uma terapia a ser indicada em todos os casos.
São necessárias, assim, investigações futuras para identificar fenótipos de pacientes que se beneficiam desse controle da FC e até qual o verdadeiro ponto de corte que devemos buscar.
RIP 12x8
Caiu na Mídia
As mudanças da última diretriz de HAS da ESC estão dando o que falar. Dessa vez, indo além do mundo da cardiologia.
Algumas páginas da mídia têm noticiado que a “Pressão “12 por 8” passa a ser considerada alta”. Será que é isso mesmo que diz a diretriz?
Muita calma nessa hora! Ainda não está na hora de fazermos o nosso rebranding rs.
Chama o VAR e vamos às alterações da diretriz:
Primeiro a classificação:
PA não-elevada: PAS < 120 mmHg e PAD < 70 mmHg;
PA elevada: PAS 120-139 mmHg e PAD 70-89 mmHg;
Hipertensão arterial sistêmica: PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg.
Então sim, uma pressão acima de 120x70 mmHg passa a ser considerada com elevada, mas ainda não significa que é hipertensão!
Essa sutil diferença fará uma bela diferença no tratamento (é isso que você precisará explicar ao seu paciente).
Quando tratar a PA elevada?
Em pacientes com doença cardiovascular estabelecida, DRC moderada/severa, lesão hipertensiva de órgão-alvo (LOA), DM ou hipercolesterolemia familiar;
Naqueles com risco cardiovascular pelo SCORE2 de 5-10% + modificadores de risco (escore de cálcio, história de doença hipertensiva gestacional, doenças auto-imunes, etnias de alto risco, placa carotídea etc);
Se SCORE2 ≥ 15%.
Lembrando: só vai começar anti-hipertensivos na PA elevada se após 3 meses de mudança do estilo de vida não houver o controle pressórico!
Nada de cair em manchetes sensacionalistas, hein?!
Por sorte nos adiantamos à mídia e publicamos, há algumas semanas, uma DozeNews Prime com o resumo de todas as novidades da diretriz e um post no Instagram com os principais fluxogramas.
Imagem da Semana
E essa cardiopatia hipertrófica obstrutiva com movimento de SAM da valva mitral vista à angiotomografia? Esse paciente estava em programação de realização de ablação do septo por radiofrequência.
Mais bonita que essa imagem, só a edição da DozeNews Prime na qual discutimos as nuances do tratamento da CMH.
Fique por dentro
🤧 Interessante estado-da-arte do JACC sobre a hipersensibilidade ao AAS na DAC.
💊 Para ficar atento: as consequências da descontinuação das medicações no tratamento da IC FER.
🧠 Mente sã, coração são. Resultados do PARAGON-HF demonstram pior prognóstico em pacientes com disfunção cognitiva.
🦠 Pós-COVID: AHA lança Statement sobre arritmias cardíacas e disautonomia.
📜 Revisão do The Lancet sobre o uso dos DOACs!
⏰ Hora de estudar a importância do sistema colinérgico autônomo na gênese de arritmias.
🚬 Pesquisadores ousados estão tentando mostrar benefício do cigarro eletrônico em pacientes submetidos a angioplastia!