European Heart Journal na cola da Doze
Revisão de OAAE, Diretriz SBC de saúde cardiovascular e metanálise brasileira de trombo no VE
A saúde cardiovascular na menopausa e climatério
Diretriz SBC
“Melhor idade” para quem, né?
A verdade é que o passar dos anos nunca é fácil. Ainda mais no que diz respeito à saúde cardiovascular nas mulheres.
A etapa da menopausa e climatério traz desafios na prevenção e manejo do risco de eventos cardíacos como nenhuma outra.
E sim, muitas vezes damos pouco valor a essa fase durante as consultas das nossas pacientes.
Foi para reforçar a sua importância e nos orientar melhor, que a SBC publicou, essa semana, uma inédita e essencial diretriz sobre a saúde cardiovascular no climatério e menopausa.
Vamos aos principais pontos:
Hormônios e Saúde Cardiovascular: A deficiência de estrogênio durante a menopausa pode contribuir significativamente para a disfunção cardiovascular.
O hipoestrogenismo leva a alteração no armazenamento e na distribuição de gordura corporal feminina, com aumento da adiposidade central (forma androide) e do risco cardiovascular.
Fatores de Risco Cardiovascular: Identifica e discute a gestão de fatores de risco tradicionais como hipertensão, diabetes, e tabagismo, bem como emergentes como estresse crônico e condições socioeconômicas.
Outras Condições: Também aborda a relação entre menopausa e outras condições como osteoporose e disfunções tireoidianas, destacando a necessidade de um manejo integrado.
Terapia Hormonal: As diretrizes recomendam terapia hormonal para mulheres sem contraindicações específicas, focando na melhoria da qualidade de vida e na redução de sintomas menopausais, com uma discussão detalhada sobre os tipos, doses e vias de administração.
A terapia hormonal da menopausa deve ser iniciada na “janela de oportunidade”, isso é, nos primeiros 10 anos após o início da menopausa e/ou antes dos 60 anos de idade. Contrariamente, iniciar a terapia hormonal da menopausa com mais de 60 anos de idade ou mais de 10 anos após a menopausa pode elevar o risco absoluto de doença coronariana, tromboembolismo venoso e acidente vascular cerebral.
Não há indicação de iniciar a terapia hormonal da menopausa com o objetivo de prevenção primária cardiovascular nos múltiplos cenários.
Ainda destaca que a suplementação da testosterona em mulheres não
deve ser indicada para melhora do risco cardiovascular.
Essa diretriz é um passo crucial para melhorar o cuidado cardiovascular das mulheres no climatério e na menopausa, oferecendo uma base sólida para tratamentos e intervenções mais eficazes e personalizados.
✅ Para você que vai prestar o TEC (aka, futuro aluno DozeTEC) temos certeza que, apesar de essa diretriz em específico não cair na prova (somente aquelas publicadas até 10/07/2024), o tema saúde da mulher vem forte. Fique de olho!
Oclusão do apêndice atrial esquerdo
Artigo de Revisão (EHJ)
Difícil dizer o que veio antes: o ovo ou a galinha, não é mesmo? 🐣
Vejam o tema do artigo de revisão do European Heart Journal (EHJ) publicado nesta semana: oclusão do apêndice atrial esquerdo (OAAE)!
Não é difícil chegar a conclusão de que o corpo editorial do DozeCast está servindo de base para os artigos do EHJ!
Calma, pessoal… O jurídico da 12x8 já está se encarregando disso, rs.
Sem uma bola de cristal 🔮, até lançamos uma enquete na edição passada e ficamos muito orgulhosos com a resposta da grande maioria:
Para responder essa questão e trazendo TUDO sobre a indicação e o procedimento de oclusão do apêndice atrial esquerdo (que agora está no Rol da ANS), lançamos, na semana passada, esse lindo videocast 🎙️.
Ele foi realizado em parceria com a Boston Scientific com o dispositivo Watchman Flex™, que levou ao nosso episódio duas referências nacionais: Dr. José Mariani Jr. e Dr. Tarso Accorsi.
Para os leitores, resta associar a leitura desta revisão com o DozeCast da semana passada e entender tudo sobre a oclusão do AEE (falando do cenário brasileiro: há pontos importantes abordados no episódio não abordados no artigo!).
Agora vamos para o geral da revisão dessa última semana:
O objetivo da OAAE é prevenir eventos embólicos (principalmente o AVCi) em pacientes com fibrilação atrial não valvar.
O cenário: pacientes com fibrilação atrial e idade avançada costumam apresentar risco de sangramento elevado ou contraindicação à anticoagulação e, portanto, devemos pesar o risco da anticoagulação oral. Este é o cenário que propõe-se haver o maior benefício para a OAAE.
No entanto, depois de mais de 20 anos de estudos neste tema, ainda estamos aprendendo.
O que sabemos é: a OAAE pode proporcionar proteção ao AVC sem aumentar o risco de longo prazo associado à anticoagulação oral.
A Boston Scientific convida a todos a se inscreverem gratuitamente no seu núcleo de prevenção ao AVC, com atividades científicas periódicas. Clica aqui para conhecer mais e se inscrever.
DOAC ou Varfarina para trombo no VE?
Metanálise (Arq Brasileiros de Cardiologia)
Mais uma publicação no capítulo de como anticoagular o trombo de VE.
Dessa vez, uma metanálise brasileira chegou para reforçar a possibilidade - e quem sabe o benefício - do uso de anticoagulantes diretos, como a rivaroxabana, para o tratamento do trombo no ventrículo esquerdo.
Pesquisadores brasileiros reuniram diversos estudos randomizados e coortes (totalizando 33 estudos e 4.450 pacientes) para investigar o combinado de desfechos tromboembólicos e de sangramento.
O resultado veio como esperávamos: não houve diferença significativa nos desfechos tromboembólicos, incluindo AVC, entre os dois grupos de medicamentos (RR 0,84; IC 95% 0,65 a 1,07; p = 0,157).
Além disso, também não houve diferença na resolução do trombo (RR 1,05; IC 95% 0,99 a 1,11; p = 0,077) e no desfecho de sangramento (RR 0,78; IC 95% 0,60 a 1,00; p = 0,054).
Observem no gráfico acima a tendência de benefício dos DOACS em relação aos antagonistas da vitamina K (AVK). Quando avaliado isoladamente a rivaroxabana em comparação com os AVKs, a rivaroxabana conseguiu reduzir o desfecho tromboembólico (RR 0,35; IC 95% 0,16 a 0,91; p = 0,029).
🔵 Sim, Dozer de carteirinha, não vamos passar batido.
Você, que acompanha a gente há algum tempo, sabe que gostamos muito desse tema, com um episódio do DozeCast de muito sucesso sobre o tema e, claro, uma belíssima edição da Prime redigida pelo Rapha Rossi.
A angiotomografia no check up cardiovascular
Caiu Mídia
Não é de hoje que discutimos o benefício do rastreio de doença cardiovascular em pacientes assintomáticos.
Essa semana, tivemos um novo capítulo dessa discussão: foi publicada, no jornal O Globo, uma matéria escrita pela drª Ludhmila Hajjar, na qual defende a inclusão da angiotomografia de coronárias (angioTC) no “check up cardiológico”.
Sabemos que, apesar de não existir recomendação dentro das principais diretrizes, o rastreio de DAC é realizado amplamente por meio do teste ergométrico, na maior parte do nosso país.
O fato é que o teste ergométrico é capaz de detectar apenas doença coronária que leve a isquemia, ou seja, já obstrutiva e com repercussão hemodinâmica.
Perde, assim, a possibilidade do diagnóstico da DAC não obstrutiva que já tem impacto sobre o tratamento medicamentoso e na prevenção de eventos.
O texto argumenta que o uso da angioTC é capaz de melhorar a sensibilidade e especificidade na detecção da doença coronária, além de caracterizar as placas e identificar a sua localização, possibilitando a otimização terapêutica precoce.
Não temos como discordar dos argumentos expostas quanto ao benefício da angioTC no rastreio cardiovascular.
O problema é: nenhum estudo demonstrou benefício dessa investigação em assintomáticos.
Aguardamos as respostas do estudo SCOT-HEART 2, em andamento, que promete responder as dúvidas quanto à angioTC em assintomáticos.
#SpoilerAlert: A DozeNews Prime dessa semana trará uma bela discussão acerca da investigação de DAC em assintomáticos. Que tal se inscrever e acompanhar a continuação dessa polêmica?
Imagem da Semana
Passagem de microbolhas do átrio direito para o átrio esquerdo em ecocardiograma de paciente com forame oval patente. Mais ilustrativo impossível!
O seu giro preferido pelas principais publicações
🔪 Próteses valvares sem sutura? Essa é uma alternativa que vem crescendo no campo cirúrgico para reduzir o tempo do intraoperatório.
💊 Estudo com strain ecocardiográfico demonstrou benefício do uso da dapagliflozina na melhora desse parâmetro em pacientes com IC não-diabéticos.
🧪 Associação entre valores elevados da lipoproteína (a) e a progressão da estenose aórtica.
🇨🇳 Chineses testaram: realizar prevenção primária de acordo com o risco cardiovascular do paciente ou de maneira similar em todos os pacientes? Parece que a estratificação de risco é benéfica!
🔊 Ecocardiograma 3D intracárdiaco? Interessante opção para auxiliar nas intervenções estruturais.
🦀 PRECISE-DAPT câncer score. Como é? Sim, calculadora vem como possibilidade para aprimorarmos a identificação do risco de sangramento em pacientes com câncer.
🧈 Estudo provocativo avaliou a relação entre o tecido adiposo e a função e morfologia cardíaca.








