Infarto ao longo das Copas • HCTZ + furosemida • Dispositivos de oclusão do apêndice atrial
Nervoso(a) para o jogo? Abra uma cerveja e leia a DozeNews para distrair!
O infarto ao longo das Copas
Coorte
Sofrer um IAM na Copa de 2002 ou no jogo do Brasil de hoje: o que é pior?
Estudo dinamarquês avaliou o registro nacional de IAM e comparou o prognóstico de pacientes que sofreram evento isquêmico entre 2000 e 2017.
Objetivo: avaliar se a implementação das condutas das diretrizes melhorou o prognóstico de pacientes estáveis após 1 ano do IAM.
Resultados:
Redução de mortalidade: de 18.6% de 2000–2002 para 12.5% de 2015–2017
Redução de IAM após 1 ano: 7.5% em 2000-2002 para 5.5% em 2015–2017
Redução de MACE em 5 anos: de 27.2% em 2000–2002 para 19.9% em 2015–2017
Isso tudo, sob uma maior prescrição de DAPT, estatinas e inibidores do SRAA!
Essa redução de desfechos fatais e não fatais nos últimos 20 anos demonstra os benefícios das condutas dirigidas pelas diretrizes amplamente utilizadas no país.
Ufa, tanto esforço parece não ter sido em vão…
Hidroclorotiazida + Furosemida - dupla eficiente?
Estudo Randomizado
Sim, já estamos 100% iludidos rsrs
E por falar em duplas, será que hidroclorotiazida (HCTZ) + furosemida na IC descompensada funciona?
Foi isso que o CLOROTIC Trial, publicado no EHJ, procurou saber.
Como funcionou:
Randomizaram 230 pacientes com IC descompensada para receber furosemida EV + HCTZ vs furosemida EV + placebo.
O desfecho primário foi composto por redução de peso e melhora da dispneia.
Resultados:
Após 72h e 96h, pacientes que receberam a HCTZ perderam
incríveis2,3 kg vs 1,5 kg do grupo placebo (p = 0,002). Sem diferença quanto a melhora da dispneia.Pacientes do grupo dos tiazídicos ainda tiveram mais disfunção renal, sem diferenças quanto a distúrbios hidroeletrolíticos.
Então, apesar de ser um estudo positivo para o desfecho de perda ponderal, 0,8 kg não é lá muita coisa, né.
Demonstrou que a combinação pode ser mais efetiva, mas longe de virar uma dupla padrão no tratamento da IC descompensada.
Dispositivos de oclusão do apêndice atrial esquerdo: os “Ochoas” da cardiologia
Artigo de Revisão
Memo Ochoa: goleiro mexicano que surge a cada 4 anos para assombrar os atacantes na Copa do Mundo - Lewandowski que o diga.
Mas, contra a Argentina, mostrou que nem tudo é perfeito: permitiu o gol de Lionel Messi (e frustrou milhões de brasileiros).
Os dispositivos de oclusão do apêndice atrial esquerdo (DOAAE) são assim na cardiologia: prometem muito, entregam muito, mas às vezes nos frustram.
Nessa semana trazemos os highlights de uma bela revisão dos DOAAE, publicada no JACC.
Os DOAAE surgiram como uma alternativa promissora à anticoagulação oral em pacientes selecionados com FA não valvar.
Apesar de estudos que demonstraram sua não-inferioridade em comparação com os anticoagulantes, ainda são indicação IIb para aqueles que não podem anticoagular.
E esses são os principais obstáculos para a consolidação dessa técnica:
Necessidade de mais dados de estudos randomizados avaliando a eficácia da técnica;
Melhorias que permitam a redução da formação de trombo relacionado ao dispositivo; e
Redução dos casos de leak paraprotético.
O artigo traz, ainda, como os pesquisadores estão desenvolvendo as soluções para esses problemas.
Ninguém disse que seria fácil
Caiu na Mídia
Você já deve ter ouvido falar (ou lido sobre, há algumas edições da nossa News) que 10.000 é o número mágico de passos para a prevenção cardiovascular.
Só que não é tão simples assim.
O pesquisador espanhol Borja del Poso Cruz esclareceu melhor essa história em matéria publicada na BBC:
10.000 passos ajudam sim, mas o ritmo também é essencial.
Ou seja, dentro desses 10.000 passos, incluir períodos de 30min de caminhada em maior velocidade (a ponto de cansar ao falar) auxiliam na redução do risco cardiovascular.
A lição é: adianta pouco querer bater os 10.000 passos passeando no shopping. Deixa de preguiça, põe o tênis e aperta o passo!
Imagem da Semana
Olha esse achado de aneurisma em coronária anômala identificado em cateterismo de paciente com IAM!
Agradecimento especial ao nosso leitor Marcos Esteves, que nos enviou essa bela imagem!
E você? Também tem imagens legais para compartilhar? Só enviar para o nosso e-mail - [email protected]
Fique por dentro
🫀 Você sabe o que fazer ao identificar uma lesão no tronco da coronária esquerda (TCE)? Bela revisão publicada no JACC sobre o tema.
✊🏿 HDL sem relação com eventos cardiovasculares em negros? Estudo publicado no JACC trouxe diferenças na análise do perfil lipídico entre diferentes etnias.
💪🏼 Vitamina D, mil e uma utilidades? Parece que não rs. Estudo publicado no JAMA falhou em demonstrar benefício na suplementação da vitamina D em pacientes com queixa de mialgia secundária a estatinas.
🫠 Nosso AAS afundando… Metanálise publicada no JACC: Cardiovascular Interventions demonstrou benefício da monoterapia com inibidor da P2Y12 em comparação com a estatina, após período de DAPT pós-angioplasta.
🗣️ Fatores de risco psicossociais como importantes componentes nos desfechos cardiovasculares após procedimento de troca valvar aórtica.
🧠 Estavam com saudade de falarmos de Fibrilação Atrial? Estudo publicado no JACC demonstrou benefício da ablação de FA em relação a aumento do fluxo cerebral, o que pode explicar a associação entre essa arritmia e o declínio cognitivo.
⏳ Qual a sobrevida de pacientes com defeito do septo interventricular? Avaliação de 40 anos do registro Danish ajuda a responder.
👶🏼 Já que você se interessou, veja o editorial da EHR que comenta os 50 anos de experiência no tratamento de doenças congênitas.
🔪 Em apenas duas páginas o editorial da EHR discute algumas controvérsias da cirurgia cardíaca: TCE, revascularização e próteses biológicas em dialíticos!