Na edição de hoje:
🧪 Lp(a) se associou a maiores desfechos independentemente de fatores de risco ou DAC prévia;
🙆 Artigo de revisão de reabilitação cardíaca no NEJM;
🦾 AHA Statment sobre Inteligência Artificial
Um novo vilão na mira
JACC (Coorte)
Não é de hoje que a lipoproteína(a) (Lp(a)) entrou no hall dos fatores de risco para desenvolvimento de doença aterosclerótica.
🎙 Tanto não é novidade que já discutimos esse tema no DozeCast #41!
Valores de Lp(a) > 125 nmol/L (50 mg/dL) são constantemente associados a maior risco de eventos cardiovasculares.
No entanto, ainda não está claro quem é a população que pode se beneficiar de um tratamento mais direcionado (por exemplo, com inibidores da PCSK9, que já demostraram reduzir em torno de 20% os valores do Lp(a)).
Dessa forma, foi publicado no JACC uma coorte retrospectiva que objetivou avaliar a associação entre a Lp(a) e MACE em indivíduos com e sem doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) prévia.
Foram incluídos 16.419 pacientes, acompanhados em 2 grandes centros da cidade de Boston (EUA) por uma média de 11,9 anos. Eles foram divididos 2 grupos a depender do histórico de doenças aterosclerótica:
62% deles tinham histórico de doença aterosclerótica, sendo que aqueles com valores de Lp(a) nos percentis mais elevados (p71 a p90 e p91 a p100) apresentaram em torno de 21% maior risco de MACE;
Já naqueles sem história de ASCVD, quanto maior o percentil de Lp(a), maior o risco de eventos cardiovasculares.
Assim, o estudo demonstra que valores elevados de Lp(a) associam-se a maior risco de eventos cardiovasculares, independentemente dos demais fatores de risco e do histórico de doença.
Seu mais relevante achado é sugerir que o ponto de corte para considerar o tratamento direcionado da Lp(a) muda a depender do risco do paciente.
🎯 Esse é um importante detalhe a observarmos nos futuros trials que serão publicados com drogas para redução desse lípide.
Vamos à Rehab
Artigo de Revisão (NEJM)
“They tried to make me go to Rehab, but I said no, no, no”
Amy Winehouse, 2006
Calma, a Doze não vai falar sobre “rehab” de álcool e drogas… Desculpem-nos aos mais aficionados por Amy ou pela Psiquiatria pelas falsas expectativas criadas rs.
Nos referimos ao artigo de revisão publicado no NEJM que aborda a “rehab” cardíaca, junto às dificuldades para sua implementação e seguimento dos pacientes.
Este artigo é de altíssimo nível. Não ache que vai ser só chover no molhado, papinho mole de 150 minutos semanais de atividade moderada e é isso.
Para os amantes da história, o artigo relembra os primeiros relatos de melhora dos pacientes que fazem atividade física nos primórdios de 1776 por Heberden.
Revisa e apresenta todos os guidelines da AHA de reabilitação para cardiopatas, com recomendações específicas para cada cenário: insuficiência cardíaca, angina, transplante cardíaco e revascularização cirúrgica do miocárdio.
Tudo isso regado com um toque de filosofia.
Além disso, ainda traz algumas orientações acerca da estruturação de programas de reabilitação cardíaca, além das suas principais dificuldades.
A figura abaixo resume algumas soluções para suplantar as barreiras da implementação da reabilitação cardiológica:
A melhor maneira de começar a residência
E de se preparar para o plantão…
Vem aí o primeiro curso da Doze por Oito.
Um curso desenhado para nivelar os conhecimentos em emergências cardiovasculares, garantir tratamento adequado do paciente e destaque na residência.
Serão 10 módulos focados no assunto, que incluirão SCA, IC, AVC, Cardites, TEP e diversos outros temas relevantes para o pronto-socorro.
Ainda esse mês, aguardem….
A IA é pauta mais uma vez
Statement AHA (Circulation)
Na vanguarda da medicina moderna, o desenvolvimento e aplicação de ferramentas analíticas avançadas, especialmente a inteligência artificial (IA), prometem transformar radicalmente nossa abordagem no cuidado de saúde cardiovascular.
A constância na qual vem sendo publicados artigos sobre esse tema só reforça a sua importância para o nosso dia a dia hoje e em um futuro bem próximo.
A American Heart Association (AHA) é mais uma sociedade que está antenada na transformação vigente e publicou um statement no qual apoia a criação de ferramentas e serviços que aprimorem a ciência e prática da medicina de precisão.
Estas inovações visam facilitar abordagens mais precisas na pesquisa, prevenção e cuidado de doenças cardiovasculares e AVC, tanto em níveis individuais quanto populacionais.
O documento destaca que, embora o potencial da IA seja vasto, enfrentamos desafios significativos em sua implementação.
Até o momento, poucas ferramentas de IA demonstraram eficácia suficiente em melhorar os cuidados com DCV e AVC para serem amplamente adotadas.
O uso atual de algoritmos de IA e ciência de dados no diagnóstico, classificação e tratamento de doenças cardiovasculares é adequadamente explorado, com o objetivo não apenas de informar, mas também inspirar ação e inovação contínuas no campo da cardiologia.
São destacadas as melhores práticas, lacunas e desafios, instigando as partes interessadas a colaborar e avançar na aplicação da IA na cardiologia.
A figura resumo a seguir apresenta de forma objetiva os cenários em que a IA possui aplicabilidade clínica, bem como lacunas e desafios a serem superados!
Lugar de mulher é onde ela quiser
Caiu na Mídia
Até mesmo na sala de hemodinâmica!
O Medscape publicou, essa semana, uma matéria na qual destaca as barreiras enfrentadas pelas mulheres que tentam adentrar no mundo da cardiologia intervencionista.
Utilizou como base um statement publicado pela AHA no mês de fevereiro, na Circulation.
Primeiramente, destaca que, dentre os cardiologistas intervencionistas estadunidenses, apenas 5% são do sexo feminino.
Alguns pontos são considerados para justificar esse fato:
poucas oportunidades em estágios e mentorias;
longa duração do treinamento;
considerações de estilo de vida;
fatores culturais;
ambiente pouco receptivo;
receios acerca da exposição à radiação.
São todos aspectos que sabemos ter, muitas vezes, um peso maior para as mulheres no momento de decidir a subespecialidade.
Dessa forma, o artigo traz uma série de propostas para minimizar essas barreiras e melhorar o acesso à cardiologia intervencionista.
E mais, propõe que a manutenção de mulheres em cargos de liderança dentro das salas de hemodinâmica, o que pode auxiliar a encorajar jovens aprendizes e diversificar esse ambiente.
O papel dos cuidados paliativos na insuficiência cardíaca
E nas outras cardiopatias - DozeCast 🎙️
O DozeCast dessa semana contou com Dr. Antonio Tapias, cardiologista especialista em cuidados paliativso, para introduzir o tema e debater pontos práticos do dia-a-dia.
Se você também sente necessidade de um conteúdo mais denso de cuidados paliativos na nossa área, vota aqui no Spotify para convencermos o Antonio a produzir algo maior com a gente 😎.
Imagem da Semana
Comunicação interventricular (CIV) traumática observada à angiotomografia em paciente com trauma torácico por arma branca.
Fique por dentro
🇽🇸 Escoceses em diálise: insights sobre incidência e sobrevida após IAM e AVC nessa população.
🎙️ Intervenções na válvula tricúspide para quem não ouviu o DozeCast sobre o tema.
🙆♂️ QUALIREHAB: importância da reabilitação em portadores de cardiopatia congênita.
🤰 Artrite reumatoide confere maior risco para gestantes! Fique atento!
🫁 Metanálise afirma: medicações para hipertensão arterial pulmonar melhoram prognóstico dos pacientes! Mas estudos ainda randomizados são necessários.