Na edição de hoje:
🌿 Tongxinluo reduziu desfechos no pós IAM com Supra em grande ECR;
🛰️ Resultados de segurança do implante percutâneo da Prótese Evoque em posição tricúspide;
🧈 Colesterol não-HDL como importante marcador de risco cardiovascular.
Vai uma ervinha chinesa aí?
Ensaio clínico randomizado (JAMA)
Parece que a cardiologia ampliou bastante seus horizontes dessa vez:
O estudo CTS-AMI, publicado essa semana no JAMA, avaliou o benefício do Tongxinluo (um composto chinês de ervas e extratos de plantas e insetos - que inclui restos de baratas, sanguessugas, cigarras e escorpiões) em pacientes pós IAMcSST.
🤔 Você deve estar se perguntando: de onde surgiu a ideia de testar esse peculiar composto no tratamento do infarto?
Primeiro, um fun fact: o seu nome vem do chinês: tong (abrir) + xin (coração) + lou (os caminhos) = abrir os caminhos do coração.
Diversos pequenos estudos já haviam demonstrado o poder do Tongxinluo na proteção cardiovascular pelos seus efeitos anti-inflamatórios e na redução do no reflow e do tamanho do infarto em pacientes submetidos a angioplastia primária.
Inclusive já é aprovado pelo órgão de saúde pública chinesa (tipo um FDA) para tratamento de angina e AVC isquêmico desde 1996.
Daí surge o CTS-AMI, um ensaio clínico randomizado e duplo-cego que comparou o uso do Tongxinluo vs placebo em 3797 pacientes dentro de 24 horas do início dos sintomas IAMcSST, em 124 centros chineses.
Observaram que a adição dessa erva à terapia padrão por um período de 12 meses levou a redução do desfecho primário composto por MACE, sem levar ao aumento do risco de sangramento.
Claro que ainda há certo ceticismo do resto do mundo quanto aos reais benefícios dessa droga, como qual a fisiopatologia por trás, a substância do composto que de fato leva a melhora dos desfechos e se é possível extrapolar a outras populações.
Ficamos no aguardo por mais estudos. Por enquanto, veja a figura central que resume o CTS-AMI:
Prótese de implante percutâneo na Tricúspide: Evoque
Ensaio Clínico
Não é o carro, mas podemos dizer sim que é uma “baita máquina”.
Evoque System da Edwards Lifesciences vem aí com indícios de bons resultados para tratamento da insuficiência tricúspide (IT)!
O estudo, prospectivo, “single-arm” e multicêntrico avaliou a segurança e o desempenho hemodinâmico da Evoque.
Contou com 176 pacientes com IT de moderada a importante, sendo que 75,4% apresentavam NYHA III ou IV.
Resultados:
97,6% apresentaram redução da IT para grau leve.
Houve também:
Aumento do stroke volume e do débito cardíaco
Melhora dos sintomas e da distância percorrida no teste de 6 minutos.
Baixa mortalidade (9,1%) e pouca necessidade de hospitalizações (10,2%).
A melhora hemodinâmica e segurança do tratamento por cateter da IT estão sendo comprovados.
Ainda não temos estudos para apontar melhora na sobrevida mas definitivamente a Evoque está na pista.
Quer aprender mais sobre Insuficiência Tricúspide? Clique aqui para visualizar essa belíssima edição da Prime feita pelo Marcos Meniconi.
O papel do colesterol não-HDL na avaliação do risco cardiovascular
Coorte (The Lancet)
Você sabia que o principal fator de risco pra ter um infarto é já ter apresentado um episódio antes?
Pois é. Por isso é de extrema relevância saber se nossos pacientes que já apresentam doença cardíaca isquêmica (DCI) apresentam risco residual de doença aterosclerótica cardiovascular (ASCVD) elevado, mesmo sob tratamento com estatinas.
Nesse contexto, na última semana foi publicado na revista The Lancet um estudo com o objetivo de verificar se o colesterol não-HDL pode indicar risco residual de ASCVD e óbito em pacientes tratados com estatinas, portadores de doença isquêmica do coração e com níveis de colesterol LDL ≤ 70 mg/dL.
E os resultados?
Os HRs ajustados para ASCVD (infarto miocárdico ou AVC isquêmico) foram de 1,1 (não-HDL-C < p25), 1,4 (p25–p74), e 1,8 (≥p95); para morte por todas as causas foram 1,0, 1,2 e 1,4, respectivamente.
Sendo assim, a mensagem final do estudo é que em pacientes com DCI e LDL-C bem controlado, o não-HDL se destaca como um marcador acessível para detectar pacientes com alto risco residual de ASCVD e morte!
Nossos leitores fieis da DozeNews certamente irão incorporar essa abordagem na prática clínica e otimizar desfechos na DCI!
Mais uma rejeição ao xenotransplante cardíaco de porco
Caiu na Mídia
O segundo paciente a receber o transplante cardíaco de porco geneticamente modificado, Lawrence Faucette, veio a óbito no dia 30 de outubro.
Lawrence, de 58 anos, foi listado para receber o xenotransplante após múltiplas contraindicações para o transplante habitual.
A cirurgia ocorreu no dia 20 de setembro de 2023 no Centro Médico da Universidade de Maryland (UCCM), cujos relatos indicavam uma boa evolução no primeiro mês após o transplante. No entanto, logo foram identificados sinais de rejeição, que culminaram com o seu óbito no fim de outubro.
Vale lembrar, que o primeiro xenotransplante com coração de porco geneticamente modificado, também ocorreu nessa mesma universidade em janeiro de 2022. Na ocasião, o receptor sobreviveu por apenas 60 dias.
O seguimento do primeiro caso e os achados em biópsias foram publicados em artigo no The Lancet.
Parece que, apesar do sucesso inicial no controle da rejeição imediata ao coração porcino, ainda não foram encontradas alternativas para os demais tipos de rejeição. Será que ainda haverão outros casos em estudo?
Imagem da Semana

Paciente de 70 anos, com cirurgia cardíaca prévia, prótese aórtica mecânica e tubo protético em aorta ascendente. Admitido no PS com deiscência da prótese e pseudoaneurisma com expansão sistólica entre a aorta e o tubo protético (reparem o rechaço do tubo na aorta ascendente durante a sístole). Também podem ser observadas imagens sugestivas de vegetações.
Fique por dentro
🔥 Não houve diferença na pressão sistólica média em 24h em novo estudo de pacientes hipertensos submetidos a desnervação renal.
⚡ A ablação por campo pulsado demonstrou-se não-inferior à ablação convencional no tratamento da fibrilação atrial paroxística.
🚴🏼 Teste ergométrico no seguimento clínico não apresentou melhora de prognóstico após angioplastias em diabéticos: POST-PCI trial.
🪻 Cateterismo facilitado: angioTC confere menor tempo de exame, uso de contraste e maior satisfação dos pacientes em pacientes revascularizados submetidos a cateterismo cardíaco.
🥖 Aos amantes da eletrofisiologia: interessante revisão do JACC sobre a ablação epicárdica de taquicardias ventriculares.
🔗 Resultados iniciais após implementação de TAVI em um centro vietnamita.