TAVI na insuficiência aórtica?
E mais: surge um tratamento para a Lp(a); uso da RMC na avaliação pré-TAVI
Abordagem percutânea da insuficiência aórtica
Registro (JACC: Cardiovascular Interventions)
Alguns cardiologistas nunca se perguntaram, mas a TAVI (implante transcateter de válvula aórtica) não solucionava o problema da insuficiência aórtica (IAo), apenas da estenose (EAo).
Até o momento.
Existem questões ainda não totalmente resolvidas quanto à estabilidade da prótese, ancoragem e risco de embolização que estão em discussão.
A J-VALVE é uma prótese desenvolvida para implante no cenário da insuficiência aórtica.
Realizaram 27 implantes da J-VALVE em pacientes idosos (81 anos em média) de alto risco cirúrgico com resultados de segurança satisfatórios.
Complicações ocorreram principalmente nos primeiros 15 casos, sendo realizadas mudanças do dispositivos para os últimos casos.
O resultados:
Sucesso do procedimento: 81% (22/27) / 100% nos últimos 15 casos;
Desfechos em 30 dias:
Morte: 1 paciente;
AVC: 1 paciente;
Marca-passo: 3 (13%) pacientes;
88% dos pacientes mantiveram-se em NYHA I-II.
Ainda é muito cedo, mas já fica um pequena esperança de uma alternativa segura para pacientes com IAo de alto risco cirúrgico.
Nasce um herói para derrotar a lipoproteína(a)?
Estudo fase 1 (JAMA)
No filme da dislipidemia, a vilã da vez é a Lipoproteína(a) (Lp(a)).
Quem está ligado no nosso DozeCast já conferiu a sua importância no episódio 41: "Lp(a) - presente e futuro da dislipidemia".
Caso você ainda esteja por fora, saiba que essa molécula de colesterol tem sido associada a maior risco de aterosclerose, estenose aórtica e fibrilação atrial e que está elevada em aproximadamente 20% da população mundial.
Surge um “mocinho” para tentar derrotar essa terrível antagonista: o muvalaplin, uma molécula de administração oral que reduz a formação de Lp(a).
Essa droga foi apresentada em um estudo fase 1 publicado no JAMA, cujos objetivos principais foram: determinar a dose adequada do muvalaplin para estudos posteriores, identificar possíveis efeitos colaterais e entender como o corpo humano processa a substância.
Foram incluídos 114 participantes (muvalaplin = 89; placebo = 25) que receberam doses únicas orais suficientes para levar a aumento de concentração plasmática dependentes da dose, sem alertas de segurança ou tolerabilidade.
A redução nos níveis de Lp(a) foi proporcional à dose da medicação, alcançando uma redução de até 65%!
Agora é comemorar a primeira vitória e seguir adiante para a fase 2!
Nova opção na avaliação pré-TAVI?
Estudo TAVR-CMR (Circulation)
A avaliação com angiotomografia é essencial antes da realização da troca valvar aórtica percutânea (TAVI), tanto para estudo do anel valvar como dos sítios de acesso para o procedimento (principalmente as artérias femorais).
Até aqui, pouca novidades (especialmente para quem leu a DozeNews Prime de estenose aórtica (EAo) e TAVI).
Em algumas situações, principalmente nos pacientes com disfunção renal, precisamos encontrar opções à angioTC.
Foi publicado no Circulation um ensaio clínico que avaliou a não-inferioridade da avaliação pré-TAVI com a ressonância magnética cardíaca (RMC).
Foram 380 pacientes randomizados para avaliação pré-procedimento com angioTC vs RMC. O grupo da ressonância fez a avaliação morfológica do anel aórtico com sequências em cine, e avaliação dos sítios de acesso a partir de angioRM da aorta (com injeção do gadolíneo).
Assim, pela contraindicação ao gadolíneo e ao iodo, pacientes com ClCr < 30 ml/min foram excluídos do estudo.
Ao final, o uso da RMC no planejamento foi não-inferior à angioTC para o desfecho primário composto por sucesso no procedimento, posicionamento adequado e bom status da prótese.
Apesar de cientes da maior agilidade e facilidade de acesso com o uso da angioTC no planejamento da TAVI, fica a comprovação de segurança do uso da RMC para casos selecionados.
Inimigo nº 1: ultraprocessados
Caiu na Mídia
Deliciosos porém fatais. Os alimentos ultraprocessados, ou seja, aqueles altamente industrializados, com poucos ingredientes e ricos em gorduras e açúcares, são uma realidade no nosso dia a dia.
No entanto, são grandes inimigos da nossa saúde cardiovascular.
Uma matéria publicada no jornal O Globo reforça os malefícios desses alimentos, baseada em 2 grandes estudos apresentados no último ESC: uma metanálise chinesa e uma coorte australiana, que demonstraram aumento do risco de eventos cardíacos com esse tipo de alimentação.
A metanálise, que inclui mais de 325.000 participantes, demonstrou um aumento em 24% do risco de desfechos cardiovasculares. Já o estudo australiano com 10.000 mulheres observou uma associação com aumento da pressão arterial.
Vamos nos unir no combate desse inimigo comum nas prateleiras e fast foods, e pensar duas vezes antes de consumirmos esses alimentos.
Imagem da Semana
Para quem estava com saudades da Imagem da Semana, voltamos com tudo!
Paciente com DAC triarterial, disfunção ventricular importante e um belo aneurisma da parede inferior do VE com 62x41 mm nos maiores eixos!
Fique por dentro
🩸 Trocar varfarina por DOAC em pacientes frágeis com FA parece aumentar sangramento.
⚡ Quem foi melhor no controle de arritmias atriais e choques inapropriados pelo CDI em pacientes com IC: carvedilol ou metoprolol?
🧯 Prevalência e incidência de disfunção diastólica em pacientes com FA.
🧪 Um novo GRACE? Coorte publicada no JAMA Cardiology propõe uma atualização do escore para síndrome coronariana aguda com a aplicação de valores contínuos de troponina ultrassensível.
👵🏻 Idosas em risco tromboembólico! Estudo do EHJ avalia incidência de AVC em mulheres idosas com FA.
✂️ O tempo passa… Já estamos na 3ª geração de inibidores de PCSK9. E a bola da vez é o: Lerodalcibep.
🙆🏽 Revisão publicada no JACC avalia as diferenças no remodelamento cardíaco associado ao exercício em homens e mulheres.
🗡️ Três interessantes abordagens intervencionistas na insuficiência cardíaca em 3 grandes revisões do JACC Heart Failures: