Testes funcionais após ATC • Investigação de isquemia na IC • Nova era da dislipidemia • God save the queen
Não, não existe "revisão" de stent
Devemos solicitar testes funcionais após angioplastia?
Ensaio Clínico Randomizado
Velha dúvida dos ambulatórios: o que fazer no acompanhamento de um paciente de alto risco após angioplastia (ATC)?
Conduta pinguins de Madagascar: sorri e acena, está tudo bem, e vai seguindo os sintomas.
É isso que debate o novo estudo: POST-PCI publicado no NEJM.
O estudo (coreano, multicêntrico e aberto), realizado de 2017 a 2019, randomizou 1.706 pacientes de alto risco isquêmico entre:
Solicitação de provas funcionais de maneira rotineira após 12 meses da angioplastia;
Solicitação de prova funcional guiado por sintomatologia.
E os resultados seguiram o esperado. Não houve diferença no desfecho primário (morte, IAM, hospitalização por angina): 5,5% x 6,0% (0,61-1,35; p=0,62). Ou seja, a solicitação rotineira dos exames não reduziu eventos clínicos relevantes.
Quanto aos desfechos secundários, o resultado foi interessante.
O grupo submetido aos exames rotineiros tiveram maior hospitalização por causa cardíaca (9,3% x 6,2%), maior indicação de novo cateterismo (8,2% x 3,3%) e maior indicação de nova revascularização (5,8% x 2,4%).
É… Sorri e acena (rsrs). Nada melhor que uma boa conversa e adesão ao tratamento clínico para garantir um bom prognóstico para seu paciente no médio prazo.
Parece óbvio, mas não é
Coorte
Raciocine com a gente:
Qual a principal causa de Insuficiência Cardíaca (IC)?
R.: miocardiopatia isquêmica.
Então se você tem um caso novo de IC o que você investiga?
R.: presença de isquemia.
Essa é a recomendação das principais diretrizes. Mas será que é assim na vida real?
Foi isso que uma grande coorte dinamarquesa procurou saber: qual a taxa de pesquisa de isquemia e revascularização até 90 dias após diagnóstico de IC?
Dos mais de 60.000 pacientes, apenas 20% dos pacientes foram para uma investigação de doença coronária (!!). Desses, 84% foram direto para CATE e somente 16% para investigação inicial não-invasiva (aqui predominando a Angio-TC - 93%).
Ou seja, parece que eles optaram por investigar somente aqueles com clínica bem sugestiva, já que a grande maioria foi direto para estudo invasivo.
Na prática, precisamos entender se essa “falta de investigação” é padrão no mundo, e se resulta em diferentes desfechos clínicos.
Negacionistas do colesterol: essa é pra vocês!
State of the Art
O mestre da aterosclerose, Dr. Peter Libby, resolveu acabar com o sono dos "terraplanistas do colesterol" e trouxe um belo State of the Art no EHJ sobre a nova era no combate à dislipidemia!
Já na introdução, o paladino da prevenção já lança: "sem LDL elevado, a aterosclerose provavelmente seria uma doença órfã"!
Além de deixar clara a importância do controle do LDL, parece que a vida do cardiologista será um pouco mais difícil que só prescrever estatina. Agora, a palavra de ordem mudou de "terapia com estatina de alta potência" para "terapia hipolipemiante de alta intensidade".
Assim, a guerra passa a ser contra o LDL, lipoproteina A e lipoproteínas ricas em triglicérides. Inclusive, cantamos essa bola no episódio #41 do DozeCast!
A figura central do artigo resume bem as armas que teremos para o combate:
Um “Linked in” só para os amantes da cardiologia
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Essa semana a cardiologia brasileira dá um importante passo rumo ao digital.
Imagine uma plataforma gratuita onde você pode trocar experiências, pedir segundas opiniões e até mesmo agendar discussões com importantes nomes da cardiologia nacional. 🫠
Pois é, essa semana a SD Conecta lançará a sua plataforma Cardiogram, que promete isso tudo, e muito mais.
Para começar, nesta quinta teremos o Meetup CardioGram: o evento de lançamento da plataforma, presencial no Cubo Itaú em São Paulo (com transmissão ao vivo). A Doze terá o prazer de fazer parte e contamos com vocês também!
Se inscreva para o evento presencial aqui!
God save the queen
Caiu na Mídia
Maior pandemia dos últimos 100 anos, guerra na Ucrânia. Estamos cansados de viver momentos históricos.
E presenciamos mais um: o falecimento da mais longeva soberana da Grã-Bretanha, a rainha Elizabeth II.
Independente de você ser do time que discorda da existência de monarquias, ou que simpatizava com Betinha porque ela é hardcore em The Crown, uma coisa não pode negar: 70 anos de reinado é pra lá de tempo.
Para você compreender o que queremos dizer, vamos explicar como era a Cardiologia na época que a vó Beth tomou posse, ou seja, em 1952.
Por exemplo, o ECG de 12 derivações como conhecemos hoje só foi estabelecido pela AHA em 1954. Ou seja, Betinha, no auge dos seus 25 anos quando assumiu a coroa, não podia nem fazer um ECG no PS para descartar infarto após uma dorzinha no peito.
E por falar em infarto, sabe como era tratado na época? É, não era tratado rsrs. Terapia para dor era morfina, digoxina se IC, quinidina se arritmias.
Cirurgia de revascularização? Essa aí só nos anos 60.
E se PCR? Bom, se não optassem por simplesmente atestar óbito e fim, a RCP era com peito aberto e desfibrilação direto no coração.
70 anos. O mundo se transformou e a cardiologia decolou. E esse foi o período que a rainha Elizabeth II reinou. Que ela possa descansar em paz.
God save the queen.
Imagem da Semana
Hoje a imagem da semana é no estilo Back to Basics. Paciente de 64 anos em tratamento irregular para TVP com história de dispneia súbita (sim, as vezes descobrimos que esses casos clássicos não existem só nos livros). Ecocardiograma demonstrou repercussão hemodinâmica de VD secundário ao TEP bilateral demonstrado na imagem.
Fique por dentro
🌐 “CDI por Wi-Fi ?" Parece que é para lá que os modernistas da eletrofisiologia querem chegar. Mas calma, o dispositivo testado no estudo ICD PIVOTAL comprovou a segurança e eficácia em abortar TV induzida, após implante de um CDI subesternal extravascular.
🧈 Para você que no ambulatório de lípides suspende as estatinas por qualquer dorzinha na perna do paciente, cheque a real incidência de intolerância as estatinas nesta metanálise do EHR.
🫀 O JAMA Cardiology publicou um escore bem simples com apenas 6 variáveis que indicam maior chance de Amiloidose Transtirretina.
💊 Grande coorte norte-americana demonstrou o benefício da profilaxia antibiótica antes de procedimentos dentários em pacientes de alto risco (reforçando aquilo que as diretrizes orientam).
🩸 Em meio a todo o falatório do INVICTUS sobre o Marevan, estudo brasileiro demonstrou que controle de INR em hospital terciário nacional no mesmo nível dos centros de 1º mundo (parabéns aos colegas de Botucatu!).
💊 Acorda, meu povo! Estudo publicado no JACC: Heart Failure, demonstrou uma "lentidão" na prescrição da terapia medicamentosa otimizada para IC.
🇧🇷 Se o hexa vem, nós não sabemos. Mas tem pesquisador vencendo batalhas. Estudo brasileiro multicêntrico avaliou os fatores de relacionados a mortalidade hospitalar em todos os estados do Brasil, totalizando quase 27.000 pacientes.