A batalha épica pela longevidade
Coorte (JAMA)

Se a história é boa, ela precisa ser contada vária e várias vezes (por mais que pareça mais do mesmo rs).
Essa premissa vale para o reforço à atividade física e o seu potencial de salvar vidas — e mais ainda conforme os anos passam.
Acabamos de desbravar um estudo de peso (literalmente, com mais de 2 milhões de participantes!) publicado no JAMA que reforça esse mantra.
Os pesquisadores analisaram dados de quatro grandes coortes internacionais (EUA, Reino Unido, China e Taiwan) para entender como a atividade física (AF) impacta a mortalidade por todas as causas.
❗Spoiler alert: o impacto é maior do que você imagina, especialmente na turma acima dos 60 anos.
Aqui estão os highlights para você:
AF reduz o risco de mortalidade em todas as idades, mas os benefícios aumentam conforme o número de velinhas no bolo.
Seguir as recomendações globais de 7,5 MET-h/semana (150 min/sem de atividade moderada) já diminui o risco de mortalidade em 22%.
Mais é melhor (até um ponto!): 30 MET-h/semana potencializam os ganhos, mas o efeito satura acima disso.
⚖ AF versus outros fatores modificáveis:
Você já sabe que hábitos saudáveis como não fumar e manter um peso adequado são fundamentais, né? Mas, olha só: a relação entre esses fatores e a longevidade diminui com a idade.
Por outro lado, a atividade física permanece um porto seguro em todas as fases da vida, e os benefícios aumentam conforme ficamos mais velhos. Movimento, meu caro Dozer, é a chave do envelhecimento ativo e saudável!
🏃🏽♂️ Ajude-nos na batalha contra o sedentarismo!
Nossa proposta é simples: seja um exemplo. Que tal começar a semana com 30 minutos de caminhada, bike ou musculação? Poste nos stories e marque a gente (@dozeporoitocardiologia) para criar uma corrente do bem.
Bora movimentar esse Brasil!
O lado sombrio da TAVI
Coorte (Eurointervention)

Toda história tem os seus lados mais sombrios que não devem ser esquecidos.
Em meio à linda trajetória do implante por cateter da válvula aórtica (TAVI), os distúrbios de condução são importante calcanhar de Aquiles, capazes de comprometer o resultado e até acarretar a morte do paciente.
Ocasionalmente, um bloqueio atrioventricular (BAV) pós-TAVI nos dispara um “ainda estou aqui!” e ameaça a estabilidade do paciente, demandando tratamento com implante do marca-passo definitivo.
Para diminuir o susto de um bloqueio inesperado, síncope ou parada cardíaca em pacientes submetidos ao TAVI, foi proposto o escore D-PACE que prediz a ocorrência de BAV avançado entre 24h a 30 dias após o TAVI.
O estudo, publicado na Eurointervention, reforçou o que a literatura já reconhecia como pacientes de alto risco de ocorrência de BAVs e indicação de marca-passo, validando alguns fatores para ocorrência tardia dos bloqueios.
Vale destacar os fatores associados a BAV avançados de 24h a 30 dias após o TAVI:
Próteses autoexpansíveis;
Altura do implante;
Intervalo PR antes de base;
Alargamento do PR após o procedimento;
BRD antes do procedimento;
Ocorrência de BRD ou BRE com persistência por mais de 24h.
Didaticamente, os autores propõem a classificação dos pacientes em 3 estratos quanto ao risco de bloqueios avançados de acordo com a altura da prótese, PR prévio e PR 24h após:
Baixo: 0 a 3 pontos;
Moderado: 4 ou 5 pontos;
Alto: ≥ 6 pontos.
A partir daí, um artifício interessante para auxiliar os resultados finais do procedimento é a prudência quanto à alta hospitalar: evitar o famoso (e tão ambicionado) next-day discharge, mantendo o paciente em vigilância intra-hospitalar um pouco mais prolongada.
A figura a seguir resume a avaliação do risco de BAV na TAVI:
Há espaço para o novo: a RMC na avaliação das valvopatias
Artigo de revisão (EHJ)
Um clássico é sempre um clássico. Mas por que não abrir espaço para o novo?
Se no universo das princesas da Disney presenciamos importantes mudanças, com protagonistas independentes e que não precisam mais ser salvas pelo príncipe encantado (o sucesso de Moana, às vésperas do lançamento da sequência do primeiro filme, é um ótimo exemplo da aceitação dessas novidades), na imagem cardiovascular também vemos importantes evoluções.
Se o ecocardiograma é e sempre será a base para o estudo das valvopatias pela sua alta resolução temporal e disponibilidade na prática clínica, a ressonância magnética (RMC) tem assumido um relevante espaço na sua avaliação complementar.
Essa semana, o European Heart Journal publicou um interessante artigo de revisão destacando a importância da RMC no estudo da valva mitral.
Vamos destacar algumas da principais vantagens do uso dessa metodologia complementar:
A quantificação da insuficiência mitral na RMC independe das características do jato: enquanto os ecocardiografistas “sofrem” buscando o número de jatos, sua direção e posicionamento para o adequado cálculo do PISA e vena contracta, a RMC tem como base a precisa quantificação dos volumes das cavidades e avaliação dos fluxos 2D (phase contrast) e 4D.
Detalhamento anatomofuncional: A RMC oferece uma avaliação detalhada da anatomia da valva mitral, incluindo a morfologia das cúspides e dos músculos papilares. Isso é crucial para entender a etiologia da regurgitação mitral, como o prolapso mitral ou ruptura de cordoalhas.
Avaliação do impacto cardíaco: A RMC pode avaliar o impacto da IM no remodelamento dos átrios e ventrículos esquerdos, ajudando a determinar o momento ideal para intervenção da valva mitral. Isso inclui a análise da função ventricular, volumes atriais e ventriculares, e a presença de fibrose miocárdica.
Fibrose miocárdica: A RMC pode detectar fibrose miocárdica através da técnica de realce tardio com gadolínio (LGE) e mapeamento de T1, que são importantes para estratificar o risco arrítmico, especialmente em pacientes com prolapso da valva mitral com disjunção do anel mitral (temos Prime sobre o tema!).
4D Flow: Ainda pouco disponível no nosso dia a dia, a tecnologia 4D Flow oferece uma avaliação tridimensional e temporal do fluxo sanguíneo através da valva mitral, permitindo uma análise mais complexa e detalhada da dinâmica do fluxo, incluindo a visualização de múltiplos jatos de regurgitação e a sua orientação espacial, o que pode ser crucial para planejamento terapêutico.
Em resumo, o artigo sugere um fluxograma com condições para a avaliação complementar pela RMC que incluem: limitações no estudo pelo ECO ou sintomas não alinhados com seus achados, quantificação precisa do volume regurgitante, regurgitação mitral secundária com investigação de cardiomiopatia e história de arritmias ventriculares.
O hype do verde
Caiu na Mídia
Já que o verde está em alta em meio ao lançamento do filme Wicked, por que não aproveitar a oportunidade para discutir sua outra importância: na saúde cardiovascular.
O jornal Folha de São Paulo publicou, essa semana, uma matéria na qual destaca a importância de residir próximo a áreas verdes na prevenção cardiovascular.
Resultados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) demonstraram que participantes que residiam em locais com a maior quantidade de áreas verdes, quando comparados àqueles que moravam em locais com a menor quantidade, tinham menor chance de apresentarem obesidade geral e abdominal e níveis baixos de HDL-colesterol.
Propõe-se que essas áreas possam servir de ambiente para a prática de atividade física, e assim auxiliar no controle desses fatores de risco.
Além disso, relatórios da OMS ainda sugere que as áreas verdes urbanas podem afetar a saúde na forma de redução da exposição à poluição tanto atmosférica como sonora, diminuição da temperatura local e até servir como um escape ao estresse diário.
Já pode ficar de olho naquele terreno pertinho parque, hein?! rs
Fique por dentro das principais publicações da semana 🌎
👶🏼 AHA Statement aborda estratégias para manejo a longo prazo da disfunção do trato de saída do ventrículo direito em pacientes com tetralogia de Fallot corrigida, destacando a troca valvar e prevenção de arritmias.
🫀 Metanálise do EHJ demonstra que inibidores de SGLT2 reduzem em até 33% o risco de diabetes em pacientes com insuficiência cardíaca, doença cardiovascular ou renal, destacando benefício adicional na prevenção da diabetes.
🦠 Endocardite trombótica não bacteriana: revisão do EHJ da semana destaca sua associação com malignidades, doenças autoimunes e COVID-19, com anticoagulação como pilar do tratamento e diagnóstico desafiador
🔹 Na linha editorial da Doze: revisão do The Heart (BMJ) destaca os desafios no manejo do choque cardiogênico e obstrução do trato de saída do ventrículo esquerdo em pacientes com síndrome de Takotsubo, complicações graves que impactam a hemodinâmica e necessitam de abordagem individualizada.
💊 Revisão State-of-the-Art do JACC para pregar na parede do consultório: destaca os riscos da interrupção de medicamentos na IC FER, evidenciando piora clínica em semanas e reforçando a importância da continuidade terapêutica.
🧈 Subestudo do SUMMIT demonstra que tirzepatida reduz a massa ventricular esquerda e tecido adiposo paracardíaco em HFpEF associada à obesidade, com mudanças correlacionadas à perda de peso e potencial benefício clínico.
🧠 Estudo E-start demonstra que iniciar ácido acetilsalicílico no terceiro dia após cirurgia por hemorragia intracerebral espontânea reduz eventos isquêmicos maiores sem aumentar o risco de sangramento intracraniano.