Guia prático de alergia à aspirina na sua telinha
Artigo de revisão (EHJ)
Um dos pilares no tratamento da síndrome coronariana aguda e na prevenção de eventos trombóticos, o ácido acetilsalicílico (AAS) é provavelmente uma das medicações historicamente mais importantes na cardiologia.
Com uma prevalência de até 2% da população e uma apresentação clínica variável, a hipersensibilidade ao AAS pode ser um obstáculo no tratamento dos nossos pacientes.
Quem nunca mandou em algum grupo do WhatsApp: “Alguém tem o protocolo de dessensibilização do AAS do hospital?”
Pois então, na tentativa de ajudar os perdidos (todos nós rs) e reunir as reais evidências, o Jornal Europeu de Cardiologia nos presenteou com uma revisão sobre a alergia ao AAS, com um guia sobre como manejá-la.
O primeiro passo desse guia é CONFIRMAR a alergia ao AAS: será que o relato do paciente realmente bate com uma possível hipersensibilidade à aspirina?
Se sim, estamos autorizados a realizar o protocolo de dessensibilização, a depender de cada situação.
Os autores recomendam 2 protocolos, um rápido (dessensibilização em 2-3 horas) e um mais prolongado (1-3 dias).
Podemos considerar resumir esse artigo para você, junto com outras evidências sobre o tema, em alguma próxima edição da Prime. O que acha disso? ⬇️
Intervenção na Insuficiência Tricúspide
Artigo de Revisão (Circulation)
👵🏼Sua avó tem insuficiência tricúspide (IT)?
Ela não está sozinha, cerca de 4% das mulheres com mais de 75 anos apresentam essa valvopatia na forma moderada ou grave.
Diagnosticar é fácil… O problema são todas as questões e dificuldades técnicas que envolvem o seu tratamento.
Se interessou? Então o artigo de revisão do Circulation Journal dessa semana foi feito para você!
Alguns estudos indicam mortalidade em 1 ano de cerca de 12% (!!).
Portanto, atenção às possibilidades terapêuticas desta patologia:
Apesar de a cirurgia com plastia ou troca valvar ser uma das opções de tratamento, não costumamos solicitar um procedimento cirúrgico para abordagem da tricúspide isoladamente.
Esse contexto justifica-se pela evolução desfavorável que esses pacientes apresentam no médio prazo.
Em compensação, as opções percutâneas estão crescendo: implante de prótese valvar tricúspide por cateter, clipes para plicatura borda a borda e anuloplastia.
Déjà-vu?
Os Dozers mais antigos já sabem: temos episódio do DozeCast e ainda uma DozeNews Prime muito didática sobre o tema.
Não deixe de conferir!
Ablação da FA no tratamento da IC
Metanálise (JAMA)
O benefício da ablação da fibrilação atrial (FA) em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) já não é grande novidade.
⚡Desde os estudos CASTLE-AF e AATAC, que demonstraram benefício em mortalidade e hospitalizações com a ablação da FA em pacientes com IC FER, que essa opção terapêutica vem sendo aventada nas principais diretrizes.
Tanto que a diretriz americana de IC de 2022 já coloca essa opção terapêutica com um nível de recomendação IIa.
No entanto, resta ainda a dúvida: será que esse benefício inclui todos os fenótipos de IC?
Para responder essa pergunta, foi publicada no JAMA Cardiology uma metanálise que incluiu ensaios clínicos randomizados que compararam o benefício da ablação vs terapias convencionais de controle de FC e ritmo da FA em pacientes sintomáticos com IC, e diversos corte de fração de ejeção.
Os resultados:
Para pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (HFrEF), a ablação por cateter reduziu significativamente o risco de eventos relacionados à insuficiência cardíaca e morte cardiovascular quando comparada às terapias convencionais.
No entanto, para pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (HFpEF), esse benefício não foi observado.
Além disso, não houve diferenças significativas na mortalidade por todas as causas entre os grupos de IC.
Assim, ratifica o que já sabíamos quanto a ablação da FA e IC FER: pode ser benéfica.
São necessários, ainda, mais estudos para esclarecer o seu papel no cenário da IC FEP.
Qual o melhor horário para atividade física?
Caiu na Mídia
“Qual o melhor horário para malhar?”
Tenho certeza que algum paciente já fez essa pergunta para você.
O MedScape divulgou uma matéria sobre um estudo publicado no Diabetes Care que pode nos ajudar a responder esse questionamento.
O estudo incluiu 29.386 pacientes com obesidade e DM2 do UK Biobank, divididos em grupos baseados no período do dia em que realizavam a maioria das suas atividades aeróbicas (manhã, tarde ou noite).
Após um seguimento médio de 7,9 anos, a resposta:
Realizar atividades físicas aeróbicas moderadas a vigorosas no período da noite foi associado ao menor risco de mortalidade (razão de risco [HR] 0,39), e doenças cardiovasculares e microvasculares.
Calma lá! Nada de levar esse estudo como uma verdade absoluta.
Lembre-se de todos os possível fatores confundidores presentes em estudos observacionais (será que quem malha à noite é mais jovem e saudável?), além do uso de uma população específica.
O importante do estudo é a mensagem que todos já conhecemos: dia ou noite, aqueles que faziam atividade física regular apresentaram melhores desfechos cardiovasculares que os sedentários.
Imagem da Semana
Vai um trombo na coronária direita (CD) aí?
Infarto com supra de ST evoluído, com lesão suboclusiva em terço proximal da CD, seguido de trombo organizado.
Fique por dentro
🚨 Hipertensão arterial maligna: que tal entender um pouco mais sobre esse tema nesse interessante estado da arte publicado no JACC?
💉 Toxina botulínica para prevenir FA pós-operatória? Um estudo randomizado publicado no JACC não demonstrou benefício da sua injeção no território epicárdico.
⚡ Controle precoce de ritmo + mudanças no estilo de vida para ser a combinação ideal na prevenção de eventos isquêmicos em pacientes com FA.
💣 Elucidando a temida injúria miocárdica pós-reperfusão: artigo do EHJ propõe alvo terapêutico.
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