Rastreio cardiovascular com TC de Tórax
E mais: uma revisão de ANOCA; vamos colocar os idosos para se movimentar!
Uma estratégia inesperada no rastreio cardiovascular
Coorte (JACC)
Pense quantos dos seus pacientes já precisaram realizar uma tomografia computadorizada (TC) de tórax por qualquer motivo.
Imagine se nessas TCs fosse possível calcular o escore de cálcio (EC) no território coronariano. Não seria uma boa opção para rastreamento de doença cardiovascular?
Foi nessa ideia que se baseou um grupo de Stanford: eles avaliaram se o EC identificado de forma “incidental” em TCs de tórax traria benefício na estratificação do risco cardiovascular.
❗Um detalhe:
O EC “clássico” é calculado por meio da realização de uma TC de tórax sem contraste com gated, ou seja, sincronizada com o batimento cardíaco.
Para calcular o EC nas TCs de tórax os pesquisadores se utilizaram de uma ferramenta de deep learning.
Foram 5678 pacientes sem história de doença cardiovascular incluídos.
Após um seguimento médio de 4,8 anos observou-se que os pacientes com EC ≥ 100 apresentaram um risco em torno de 1,5x maior para morte e demais eventos cardiovasculares que aqueles com EC = 0 (mesmo após ajustado para os demais fatores de risco).
Apesar de ainda necessitar ser validado em outros grupos populacionais, soa como uma ótima ideia: por que não utilizar uma ferramenta presente em um exame já feito por outro motivo e que não vai expor o paciente a mais radiação nem a custo adicional?
Uma coisa é certa: reforça a importância do EC no cenário do rastreamento para o risco cardiovascular.
Entendendo de vez a ANOCA
State-of-the-art (JACC)
ANOCA, INOCA, angina com artérias coronárias não obstrutivas, isquemia microvascular…
Temos certeza que você já se deparou com alguns desses termos.
E agora tem a chance de se familiarizar ainda mais: o JACC publicou uma bela revisão sobre a angina com coronárias não obstrutivas (ANOCA).
Primeiro, saiba que a ANOCA é muito mais comum do que você imagina! Quase metade dos pacientes com angina submetidos a angiografia coronária invasiva não tem lesões obstrutivas.
Infelizmente, apesar da elevada carga de sintomas, o diagnóstico frequentemente é tardio, visto que a investigação é desafiadora, devendo abranger:
• disfunção microvascular coronária;
• espasmo microvascular e epicárdico;
• ponte miocárdica;
• e outras anormalidades coronárias ocultas.
Sendo assim, a revisão apresentada sugere uma abordagem rotineira da ANOCA de forma não invasiva e no laboratório de hemodinâmica, sobretudo para evitar a invalidação dos sintomas referidos pelos pacientes e consequente recidiva clínica, que podem levar a quadros de ansiedade e depressão.
Confira na figura resumo do artigo a abordagem inicial proposta, desde a seleção do paciente com suspeita de ANOCA até a realização de testes provocativos ou estudos de imagem e fisiologia coronária no laboratório de hemodinâmica!
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Caminhar é a solução
Coorte (JAMA)
O presente ideal de um cardiologista ou neurologista para o seu paciente idoso: acelerômetro de pulso!
Uma grande coorte publicada no JAMA avaliou, por meio desse instrumento, a relação entre a carga de sedentarismo e e o risco de evolução com síndromes demenciais nos idosos.
Foram quase 50 mil pacientes com mais de 60 anos do Reino Unido incluídos no UK Biobank.
Após um seguimento de pouco mais de 6 anos, observaram um maior risco a evolução com síndrome demenciais naquele que apresentavam maior tempo médio atividades sedentárias:
10 horas/dia: 1,08 (95% CI, 1.04-1.12, P < .001)
12 horas/dia 1,63 (95% CI, 1.35-1.97, P < .001)
15 horas/dia: 3,21 (95% CI, 2.05-5.04, P < .001)
Não podemos ainda concluir que há uma relação causal direta entre o sedentarismo e a ocorrência de demência.
O fato é: combate ao sedentarismo desde já!
Uma nova opção no tratamento da amiloidose TTR
Caiu na Mídia
Quando falamos de tratamento da amiloidose trantirretina (ATTR), o nome tafamidis vem imediatamente às nossas cabeças.
O uso do tafamidis já tem nível de recomendação IB na última diretriz da AHA de insuficiência cardíaca para o tratamento dessa condição.
Uma nova medicação, o patisiran, está próximo de ser aprovado pela FDA para o tratamento da ATTR.
Essa semana, o patisiran recebeu o primeiro “ok” do comitê do FDA para a aprovação do seu uso no tratamento da cardiomiopatia amiloidótica (essa droga já é aprovada no tratamento dos quadros de neuropatia).
O grande questionamento ainda recai no fato de que o benefícios do patisiran foram demonstrados no estudo APOLLO-B, mas apenas para melhora da capacidade funcional.
Ainda há poucas informações quanto ao benefício em sobrevida a médio e longo prazo.
Nos próximos meses devemos ter a resposta definitiva do FDA, mas a tendência é que ganhemos uma alternativa no tratamento da ATTR.
Imagem da Semana
1 litro de ventrículo esquerdo? Ressonância magnética cardíaca apresentando uma importante cardiomiopatia dilatada com um VE de 977 ml.
E se esse fosse o seu paciente, você saberia como investigar essa cardiomiopatia? Na edição da DozeNews Prime da semana passada estruturamos um passo a passo de investigação desses casos, baseado na última diretriz do ESC. É só clicar aqui e conferir!
Fique por dentro
🏃🏻 Em meio ao hype de combate ao sedentarismo da semana, estudo publicado no JACC demonstrou que caminhar pelo menos 2600 passos por dia tem associação com redução de eventos cardiovasculares, e quanto mais passos melhor!
🐴 Foco no estudo da prevenção cardiovascular pode ser a solução para equidade da assistência em saúde, conforme statment da AHA.
🤯 Estudo no JACC identificou boa correlação entre os achados de vulnerabilidade de placa aterosclerótica na angiotomografia de coronárias e no OCT.
🛶 Para os amantes da hemodinâmica: consenso da sociedade europeia acerca do tratamento de oclusão coronária associada a bifurcações.
❤️🩹 Na pegada da última DozeNews Prime sobre cardiomiopatias: estudo inglês avaliou os desfechos de pacientes com cardiomiopatias identificados com genes de pior prognóstico.