Ué, outra diretriz?
AHA/ACC publicam nova diretriz de CMH, e ainda apresentam os riscos cardiovasculares em ex-atletas da NFL
Ué, outra?!
Diretriz AHA/ACC
Não dá para piscar que a cardiologia já traz novidades!
Se, há poucas semanas, a sociedade brasileira de cardiologia publicou uma belíssima diretriz sobre a cardiomiopatia hipertrófica (CMH) (e, claro, discutida na DozeNews), os americanos (ACC e AHA) não ficaram para trás e lançaram o seu documento acerca do manejo da Cardiomiopatia Hipertrófica.
Eles selecionaram, ainda, 10 principais pontos dessa atualização que são essenciais para a prática clínica. Confira!
Tomada de Decisão Compartilhada: Essencial no cuidado clínico, a decisão compartilhada envolve diálogos profundos entre pacientes, famílias e equipes médicas, considerando todas as opções de tratamento e testes disponíveis.
Centros Especializados em CMH: Para otimizar o tratamento, especialmente em decisões complexas, o encaminhamento para centros multidisciplinares de CMH com expertise específica é crucial (será que temos suficientes centros especializados no nosso país?).
Genética e Histórico Familiar: O rastreamento em familiares de primeiro grau pode começar em qualquer idade, com reavaliações de variantes patogênicas a cada 2 a 3 anos (semelhante ao orientado na diretriz nacional).
Risco de Morte Súbita Cardíaca: É vital avaliar o risco de morte súbita, integrando marcadores de risco e ferramentas de pontuação individual para orientar a decisão sobre o uso de desfibriladores implantáveis.
Manejo em Crianças: Os fatores de risco para morte súbita em crianças são diferentes dos adultos, com estratégias específicas necessárias para a colocação de desfibriladores em pacientes jovens.
Inibidores de Miosina Cardíaca: Para pacientes com CMH obstrutiva sintomática, os inibidores de miosina, como o Mavacamten, aprovado pela FDA, oferecem um novo meio de tratamento, reduzindo a obstrução do fluxo ventricular esquerdo.
Terapias de Redução Septal Invasivas: Em centros especializados, a miectomia septal cirúrgica e a ablação septal alcoólica são eficazes para pacientes com obstrução severa refratária a medicamentos.
Fibrilação Atrial: Pacientes com CMH e fibrilação atrial devem considerar a anticoagulação oral como tratamento padrão, independentemente do escore CHA2DS2-VASc, devido ao alto risco de AVC.
Teste de Estresse Físico: Útil para avaliar a tolerância ao exercício e obstruções provocadas pelo exercício, sendo especialmente importante em pacientes jovens que podem não relatar sintomas facilmente.
Exercício e HCM: O exercício saudável é benéfico e seguro para pacientes com CMH, e aqueles que treinam intensamente devem ter planos de treinamento individualizados discutidos com especialistas em HCM.
Saúde cardiovascular de ex-atletas da NFL em foco!
Coorte (JACC)
As doenças cardiovasculares (DCV) são reconhecidas como a principal causa de morte global, entretanto, há uma carência de dados sobre a prevalência dessas condições entre ex-atletas profissionais.
O estudo HUDDLE (Heart Health: Understanding and Diagnosing Disease by Leveraging Echocardiograms) surge com o objetivo de preencher essa lacuna, focando em aumentar a conscientização e avaliar a prevalência de DCV e fatores de risco relacionados entre os membros da Associação de Ex-Alunos da NFL e suas famílias.
O HUDDLE abrangeu uma série de eventos de triagem e educação em várias cidades, direcionados a ex-alunos da NFL e membros da família com idade superior a 50 anos. Os participantes forneceram informações sobre seu histórico de saúde e se submeteram a exames de pressão arterial, eletrocardiograma e ecocardiograma transtorácico (ETT).
Uma etapa crucial do estudo foi o acompanhamento telefônico realizado 30 dias após a triagem para discussão dos resultados e orientações futuras.
Os resultados foram o impactantes!
57,2% dos 498 participantes avaliados eram ex-jogadores da NFL, majoritariamente afro-americanos. A prevalência de hipertensão estimada entre os ex-atletas foi alarmante, alcançando 89,8%, com apenas 37,5% desses indivíduos cientes de sua condição!
Além disso, 61,8% dos ex-atletas avaliados apresentaram anormalidades cardíacas estruturais detectadas pelo ETT, com a hipertensão sendo um indicador significativo dessas alterações.
O estudo HUDDLE destacou uma discrepância preocupante entre a autoconsciência dos ex-atletas e a real prevalência de DCV e fatores de risco, sinalizando uma necessidade urgente de intervenções de saúde pública direcionadas.
E para os fãs da imagem cardiovascular, o papel do ETT como uma ferramenta de triagem eficaz foi reafirmado, especialmente para a população com mais de 50 anos, enfatizando a importância de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce.
É isso aí, queridos Dozers… O HUDDLE veio pra mostrar a importância de programas de educação e triagem continuada, particularmente em populações que podem não estar plenamente conscientes dos riscos de saúde que enfrentam.
Um novo parâmetro na monitorização
Coorte (EHJ)
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Pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de O2…. e pressão arterial pulmonar??
Quem já acompanhou um cateterismo direito com prova de vasodilatação consegue imaginar a importância do controle da pressão arterial pulmonar em pacientes com insuficiência cardíaca para a melhoria dos sintomas destes pacientes (é de brilhar o olho até de um ginecologista rs).
O estudo MONITOR HF, publicado esta semana no EHJ, mostra como foi a monitorização ambulatorial da pressão arterial pulmonar destes pacientes.
O estudo analisou a melhoria da qualidade de vida (escore KCCQ), o valor da pressão arterial média e a ocorrência de desfechos clínicos (hospitalização por IC e morte).
Os resultados demonstraram que o grupo com monitorização invasiva apresentou melhor qualidade de vida, menor pressão da artéria pulmonar e menor ocorrência de morte e hospitalização. A exploração multivariada ajustada não demonstrou diferença entre as diversas características da população estudada.
O MONITOR HF anda em linha com os outros do mesmo tema CHAMPION e GUIDE HF.
O tratamento da IC guiado pela pressão na artéria pulmonar melhora resultados clínicos, o controle da pressão arterial pulmonar e, principalmente, a qualidade de vida dos nossos pacientes.
Dinheiro ainda é um problema... Não temos, ainda, no Brasil um dispositivo acessível para uso regular.
Tafamidis no SUS
Caiu na Mídia
Finalmente teremos uma opção adequada para o tratamento da amiloidose cardíaca no SUS!
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) incorporou o Tafamidis 61 mg para o tratamento de pacientes com cardiopatia amiloide associada à transtirretina (selvagem ou hereditária), em classe funcional NYHA II e III acima de 60 anos.
🔍Vamos entender:
O tafamidis é a principal medicação disponível para o tratamento da amiloidose cardíaca na forma TTR, com nível de recomendação I B no último posicionamento da SBC.
No entanto, a dose utilizada no estudo ATTRACT e recomendada nos principais consensos é de 80 mg/dia, quando, no SUS, tínhamos disponível apenas de 20 mg/dia (dose padronizada para o tratamento da polineuropatia).
O tafamidis de ácido livre (em dose única de 61 mg/dia) é bioequivalente aos 4 comprimidos do tafamidis meglumina (4 x 20 mg/dia), sendo assim opção viável para o tratamento de amiloidose cardíaca.
Sem dúvidas um importante avanço ao ampliar o acesso ao tratamento adequado dessa condição.
🎙 Que tal aproveitar a oportunidade para ouvir o episódio dessa semana do DozeCast sobre Amiloidose Cardíaca e suas clinicagens?
Imagem da Semana
Ventriculografia apresentando ventrículo esquerdo com aumento do volume diastólico final e discinesia inferior (médio-basal), sugestiva de aneurisma.
🧐 Vamos de desafio a ser respondido na próxima semana?
Fique por dentro
📝 Seguimos nas revisões do JACC sobre complicações pós-IAM:
🖼️ Angiografia coronária quantitativa vs ultrassonografia intravascular: qual a melhor técnica para guiar a angioplastia?
⛰️ Os riscos da altitude: estudo publicado no JAMA demonstrou que 1 em cada 3 indivíduos saudáveis apresentaram arritmias cardíacas durante a escalada ao Everest.
🪵 Avaliação das cardiomiopatias dilatada e não-dilatada do VE pela ressonância magnética: quais os achados que podem auxiliar no diagnóstico e avaliação prognóstica?